Politica

Aliados preparam voo eleitoral de Michel Temer em 2018

Com a perspectiva de melhora da economia e redução do desemprego, grupo político próximo ao presidente acredita que o peemedebista poderá sair candidato à reeleição em 2018

Paulo de Tarso Lyra
postado em 19/11/2017 08:00
Temer: a aposta de interlocutores é que o presidente vai virar o ano em um outro patamar na corrida eleitoral

Opresidente Michel Temer e seus estrategistas políticos trabalham para que o peemedebista não seja um mero figurante na corrida presidencial de 2018. Todas as apostas são de que a economia seguirá em um ritmo de crescimento constante ; as previsões são de que o país vai avançar próximo de 1% este ano e algo em torno de 3% no ano que vem. A equipe econômica espera baixar para um dígito a taxa de desemprego no país, hoje situada em 13 milhões de pessoas. A inflação está abaixo dos 3% e os juros, em queda. ;O Natal será o melhor dos últimos anos e o próximo ano vai reforçar essa percepção;, acredita um aliado próximo de Temer.

Por tudo isso, aliados do presidente apostam que o peemedebista vira o ano e entrará na corrida eleitoral em um outro patamar. ;Se formos analisar com clareza, a aprovação pessoal do presidente é de 3%, mas a avaliação positiva do governo está um pouco maior. As pessoas começam a perceber as diferenças e a tendência é de que, lá na frente, consigamos associar a imagem do presidente aos êxitos da economia;, disse um interlocutor palaciano.

[SAIBAMAIS]Esse mesmo aliado, contudo, é cuidadoso e freia os ímpetos de alguns mais entusiasmados, que acham, inclusive, ser possível que o próprio Temer venha a concorrer à reeleição. Antes da delação da JBS, ministros do círculo próximo do presidente, como o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o titular da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, defendiam que o presidente buscasse conquistar nas urnas o cargo que lhe havia sido dado pelo Congresso após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

;Esse cenário, hoje, é pouco provável. A imagem do presidente ainda está muito desgastada após as duas denúncias que tivemos de reverter no Congresso. Elas estão muito vivas no imaginário do eleitorado e da população;, reconheceu um estrategista palaciano. ;Pode ser que, ao longo de 2018, isso se dilua. Mas não há como prever ainda;, completou.

Avaliação


Para especialistas, uma presença marcante de Temer nas eleições ainda é algo utópico. ;O Brasil não tem tradição de os presidentes elegerem seus sucessores;, lembrou o professor de história contemporânea da Universidade de Brasília (UnB) Antônio José Barbosa. Ele declarou que Juscelino Kubitschek, José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique não conseguiram eleger aliados para sucedê-los. ;A única exceção foi a experiência lulo-petista;, pontuou ele.

O professor emérito de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Saboia lembra também o processo de distanciamento do PSDB, que tende a ter candidato próprio, como um dos elementos que poderiam enfraquecer um voo próprio do PMDB e até mesmo do presidente Temer. ;É bem verdade que dizem que, quando um presidente concorre à reeleição, ele naturalmente leva consigo um índice de intenção de votos de 15%, em média. Mas tudo, neste momento, não passa de especulação;, declarou Saboia.

Temer, no momento, está mais preocupado com duas coisas que poderão impactar o cenário eleitoral do ano que vem. A aprovação da Reforma da Previdência, com a possibilidade de uma economia de R$ 400 bilhões em 10 anos e o redesenho dos espaços das legendas atuais na Esplanada. Esta última vai e vem a uma velocidade impressionante. No início da semana, com o pedido de demissão feito pelo tucano Bruno Araújo, titular do Ministério das Cidades, a expectativa era de que Temer antecipasse o desembarque dos 17 ministros ; Bruno seria o 18; ; que vão concorrer às eleições do ano que vem.

A semana, com um feriado encravada no meio, chegou ao fim com a quase certeza de que as mudanças serão pontuais, restritas às quatro pastas do PSDB: além de Cidades, o partido comanda Direitos Humanos, Relações Exteriores e Secretaria de Governo. ;Precisamos ter em mente que o que importa, no fundo, é a reforma da Previdência. Como o PSDB vai se comportar após 9 de dezembro (dia da Convenção)? O PSD, que teve deserções na segunda denúncia contra o presidente, vai se reagrupar em torno do ministro Gilberto Kassab e votará conosco na reforma da Previdência?;, questionou um assessor palaciano.

Os aliados ainda estão à espera de um posicionamento. ;Eu nunca disse que o governo deveria fazer uma reforma ministerial. O que eu sempre defendi é que o Planalto realinhasse a base. Foram eles que falaram em mudanças de ministros, eles que apresentem as propostas;, afirmou o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL).

"Eu nunca disse que o governo deveria fazer uma reforma ministerial. O que eu sempre defendi é que o Planalto realinhasse a base"
Arthur Lira (AL), líder do PP na Câmara



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