Politica

Deputado que 'se lixa' para opinião pública pode virar ministro do Trabalho

Sérgio Moraes é um dos nomes indicados pelo PTB para ocupar a vaga deixada por Ronaldo Nogueira em dezembro

Paulo de Tarso Lyra, Rosana Hessel
postado em 03/01/2018 09:29
Sérgio Moraes ficou conhecido por dizer que estava se lixando ao relatar caso de colega
O governo desistiu de nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) como novo ministro do Trabalho. O nome havia sido indicado pela cúpula do PTB no fim do ano passado para substituir Ronaldo Nogueira, ligado ao líder da bancada petebista na Câmara, Jovair Arantes (GO). Pesou contra o deputado o fato de o filho dele ser titular da Agência Metropolitana do governo de Flávio Dino, no Maranhão, cargo com status de secretário. O ex-senador José Sarney, contudo, negou qualquer tipo de veto. Segundo interlocutores do peemedebista, ele ;não se envolve em cada nomeação ministerial do presidente Temer pois seria, inclusive, uma indelicadeza;, afirmou ao Correio uma pessoa próxima a Sarney.

Especificamente, aliados do ex-presidente do Congresso afirmam que Sarney jamais foi consultado sobre a substituição no Ministério do Trabalho e que, por isso, não haveria razão para acreditarem que ele impôs qualquer veto. Presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson disse que é o momento de decantar as coisas. ;Vamos esperar até o fim do mês para ver como as coisas se acomodam. Sugeri ao presidente que deixasse até o fim deste mês o secretário executivo na pasta para que pudéssemos escolher um novo nome;, disse Jefferson ao Correio.

Quem não gostou nada do adiamento da definição foi o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). ;Por uma questão ética, eu nunca vetei indicações feitas por outros partidos para ministérios. Não entendo porque outras legendas querem vetar o nome do PTB;, reclamou Jovair. Ele e Jefferson negaram que a saída de Ronaldo Nogueira tenha a ver com uma insatisfação do Planalto quanto à proximidade entre o ex-ministro e o líder da bancada. ;Se havia isso, não sei. Jovair e Ronaldo foram comigo, pessoalmente, após o Natal, levar o nome do Pedro como nosso indicado para a pasta;, completou o presidente nacional do PTB.

A verdade é que o nome de Pedro Fernandes jamais foi consenso dentro do governo. O Correio antecipou, antes da virada do ano, que o presidente Temer e o núcleo palaciano mais próximo ao gabinete presidencial resistiam a apoiar o parlamentar maranhense. Interlocutores do Planalto afirmaram que era preciso aguardar o retorno do presidente aos trabalhos para confirmar qualquer indicação. O governador do Maranhão, Flávio Dino, não é apenas desafeto de Sarney. Ele foi um dos mais ativos governadores a trabalhar contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que o torna persona non grata entre os peemedebistas.

Por enquanto, o que há de garantido é que o Ministério do Trabalho continuará sob o comando do PTB. O Planalto não quer comprar uma briga com uma legenda fiel às vésperas da votação da reforma da Previdência. O nome que surge com mais força como alternativa a Pedro Fernandes é do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que, ao relatar o processo de cassação de um colega, afirmou estar pouco ;se lixando para a opinião pública;.

;Moraes era a nossa primeira opção, antes mesmo de escolhermos o Pedro. Ele disse que toparia, já que não pretende concorrer a um novo mandato de deputado federal. Mas nos avisou que, por problemas familiares, só poderia assumir o Ministério depois de abril. Por isso, ele tornou-se inviável;, lembrou Jovair. ;Mas o nome dele continua em alta;, completou o líder petebista.
Sérgio Moraes é um dos nomes indicados pelo PTB para ocupar a vaga deixada por Ronaldo Nogueira em dezembro

Foco no emprego em 2018

Em entrevista ontem à TV Brasil, o secretário-geral da Presidência, ministro Moreira Franco, reforçou o que já havia dito ao Correio: um dos principais focos do governo neste ano que entra será a geração de empregos. ;Novos empregos significam renda. Renda significa o restabelecimento da confiança, da autoestima. E as pessoas passam a olhar-se com muito mais respeito, com muito mais afeto a si próprias e a seus familiares, à sua comunidade do que no ambiente de crise, de desesperança, de incertezas;, disse o ministro.

Ele repetiu a necessidade de uma reformulação no processo de qualificação dos empregos. O governo tem sido bastante crítico ao modelo anterior, adotado pela gestão petista no Pronatec. ;A melhoria da produtividade mobiliza necessariamente a qualificação de mão de obra empregada, e a não mão de obra desempregada. A cultura brasileira dá a qualificação para a mão de obra desempregada. E muitas vezes a pessoa tem acesso a um tipo de conhecimento que nem vai usar, porque ela não está empregada e o emprego que encontra não é um emprego que esteja numa linha direta, decorrente do que foi aprendido no curso de qualificação;, justificou. ;Então, para aumentar a produtividade, é necessário que se mude a política de qualificação;, completou.

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