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Militares se preparam para operação inédita com intervenção no Rio

O presidente Michel Temer decidiu decretar intervenção na segurança do Rio de Janeiro após onda de violência no Estado. Toda a segurança do Rio ficará à espera das ordens do general Walter Souza Braga Neto

Leonardo Cavalcanti
postado em 16/02/2018 08:56
Militares em ação no Rio de Janeiro: onda de violência

Os comandantes militares foram avisados no início da madrugada de uma ação inédita - pelo menos desde a Constituição de 1988 - para a caserna. Com o decreto de Michel Temer, na prática, o chefe do Rio de Janeiro agora é o general Walter Souza Braga Neto, do comando militar do Leste. O homem, responsável pela segurança da Olimpíada de 2016, terá ascendência sobre o próprio governador do estado, Luiz Fernando Pezão.

[SAIBAMAIS]Neste momento, a cúpula do Exército está reunida em Brasília e, em linha com Braga Neto, a partir de viva-voz, tentará traçar as primeiras ações efetivas para a segurança do Rio de Janeiro. Os detalhes do planejamento serão definidos portanto a partir de agora. Por mais que a situação calamitosa do Rio de Janeiro fosse evidente, mesmo os militares de alta patente foram surpreendidos com a intervenção nos moldes que se desenha.

;Mesmo no passado recente, em operações no Espírito Santo, o governador e o secretário de Segurança mantiveram o controle. Agora é diferente;, disse um militar da cúpula da Forças Armadas ao Correio. Ele se refere à transferência do controle da segurança no estado capixaba para as Forças Armadas ocorrida em fevereiro do ano passado. Mas, mesmo naquele momento, o governador em exercício César Colnago deixou claro que a ação militar seria coordenada em conjunto com a secretária de segurança.

Desta vez, no Rio de Janeiro, as circunstâncias são diferentes. O chefe da operação será um militar. Toda a segurança do Rio ficará à espera das ordens de Braga Neto. É algo tão inédito que ninguém ainda consegue prever a repercussão.

As imagens de violência durante o carnaval e a declaração de Pezão de que houve erro na estratégia de segurança para o período momesco levaram o ministro da Defesa, Raul Jungmann, a defender na reunião de madrugada uma ação mais efetiva dos militares no estado. E assim a intervenção federal começou a ser planejada.

Aos militares, restou a tarefa de planejar uma ação que não tem nem mesmo um prazo - as primeiras informações recebidas pela caserna são as de que a intervenção vai até dezembro. Mas o formato e as ações efetivas ainda estão sendo planejadas. Neste momento, o próprio desenho de um novo ministério, o de Segurança Pública, começa a ser esboçado. Para alguns acadêmicos debruçados no tema da violência, a nova pasta pode ser uma boa notícia. A dificuldade é que as ações parecem ser feitas no susto, com desconfianças sobre ingerência na Polícia Federal e simples balões de ensaio para a plateia. Neste momento, há um bate-cabeça entre policiais, militares e políticos.

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