Politica

Intervenção no Rio pode provocar efeito cascata em outros estados

Assim como o Rio, Roraima conta com tropas federais para manter a ordem. No ano passado, as Forças Armadas também foram empregadas no Rio Grande do Norte e no Espírito Santo

Renato Souza
postado em 17/02/2018 08:00

Em 2017, a Força Nacional atuou no Rio Grande do Norte diante da paralisação das polícias Civil e Militar


A crise de segurança está longe de ser exclusividade do Rio de Janeiro. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 61 mil assassinatos por arma de fogo em 2016. Grande parte desses crimes é fruto do investimento precário e da incapacidade dos estados em gerir o setor. Diante desse quadro, o emprego das Forças Armadas para garantir a ordem pública e social também é uma reivindicação de outras unidades da Federação.

Especialistas avaliam que o ato da Presidência da República em determinar, por decreto, uma intervenção federal no Rio de Janeiro pode resultar num efeito cascata e fazer com que outros governadores solicitem apoio federal para combater a violência.

Assim como o Rio, Roraima conta com tropas federais para manter a ordem. Cem militares foram deslocados para a região por determinação do ministro da Defesa, Raul Jungmann, com o objetivo de ajudar na crise de imigração, que teve início com a entrada em massa de venezuelanos fugindo do regime ditatorial do presidente Nicolás Maduro. No começo da semana, Jungmann e o presidente Michel Temer visitaram a capital, Boa Vista, para acompanhar a situação. Após o encontro, que contou com a participação da governadora Suely Campos (PP), o ministro anunciou que mais 100 homens serão deslocados para auxiliar no controle da fronteira com a Venezuela.

Reforço

No ano passado, as Forças Armadas também foram empregadas no Rio Grande do Norte e no Espírito Santo. A atuação dos militares no estado potiguar teve início em dezembro, depois de um pedido do governador Robinson Faria (PSD), em meio à paralisação das atividades das polícias Civil e Militar. Na ocasião, foi enviada uma tropa com 2 mil homens.

O professor José Ricardo Bandeira ; especialista em gestão de segurança pública pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina ; destaca que a violência é um problema nacional, e, em ano eleitoral, a vontade de reduzir os índices de criminalidade também tem motivações políticas. ;Essa decisão do governo federal de intervir no Rio de Janeiro pode causar um efeito cascata. Diversos governadores devem fazer o mesmo pedido, pois, assim, eles tiram das próprias costas os problemas de segurança e ainda ganham mais aceitação da população. A crise não é só no Rio de Janeiro, mas nacional;, ressalta.

Em fevereiro do ano passado, a escalada da violência no Espírito Santo, com o aquartelamento de policiais militares, levou o caos e a desordem para as ruas. Em apenas três dias, o estado registrou 62 mortes. Quando a situação estava insustentável, o Ministério da Defesa, a pedido do governo local, autorizou o deslocamento das Forças Armadas para Vitória. De acordo com a pasta, a operação custou R$ 37 milhões e contou com 3.169 homens: 2.637 do Exército, 382 da Marinha e 150 da Aeronáutica. Também participaram das ações 287 homens da Força Nacional.

61 mil
Número de assassinatos por arma de fogo no Brasil em 2016

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação