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Envio de tropas ao Ceará não intervirá em segurança pública, diz Torquato

O grupo terá o papel de auxiliar as polícias cearenses em operações conjuntas de inteligência e táticas, informou o ministro da Justiça

Hamilton Ferrari
postado em 18/02/2018 22:29
O grupo terá o papel de auxiliar as polícias cearenses em operações conjuntas de inteligência e táticas, informou o ministro da Justiça
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse, em coletiva de imprensa na noite deste domingo (18/2), na Base Aérea de Brasília, que a força-tarefa que irá para o Ceará não terá a função de intervir na segurança pública do estado. De acordo com ele, o grupo terá o papel de auxiliar as polícias cearenses em operações conjuntas de inteligência e táticas.

;A situação do Ceará não sugere intervenção de qualquer natureza. É bem diferente da situação do Rio de Janeiro;, apontou o ministro. ;Lá (no Rio), havia uma quebra da hierarquia do funcionamento das instituições, da autoridade instalada. Isso admitido pelas próprias autoridades instaladas. Isso está longe de ocorrer no Ceará;, completou.

Torquato alegou, porém, que o Ceará vive um momento difícil da segurança e que, cabe ao governo federal ;trazer a paz de volta;. ;Por razões de maiores explicações, lamentavelmente, o Ceará é, para o crime organizado, o centro geográfico. Quem conquistar o Ceará conquista o Nordeste. É, portanto, uma guerra de segurança pública. Por isso, estamos mandando uma força auxiliar tática e de inteligência de informação;, afirmou o ministro Torquato Jardim.

O líder do Ministério da Justiça declarou ainda que a medida já estava sendo estudada há algum tempo. O governador do estado, Camilo Santana (PT), solicitou a ajuda operacional do governo federal. A força-tarefa vai ficar pelo tempo que for necessário, segundo o ministro. O grupo saiu por volta de 22h20 da Brasília com destino à Fortaleza.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), que também estava presente na hora do embarque, destacou que a força tática será importante para ajudar nas investigações e prevenção do crime organizado. Torquato declarou que o senador é o canal de comunicação política do governo federal com o estado.

Crise na segurança pública


Perguntado se não ficaria preocupado com uma enxurrada de pedidos dos estados, Torquato disse que ;o que vier;, o governo federal assistirá e responderá na extensão de sua capacidade operacional e dentro dos limites orçamentários. ;O crime é nacional. Nenhum estado pode combatê-lo sozinho. É preciso apoio nacional;, disse. ;Nenhum estado sozinho vai ganhar essa luta. É preciso que as 27 unidades trabalhem juntos e a coordenação natural tem que ser do Ministério da Justiça;, afirmou o ministro.

Sobre a criação do novo Ministério da Segurança Pública, anunciada neste sábado (17/2) pelo governo, Torquato disse que o Executivo está concluindo os documentos e a divisão de tarefas necessários. ;Atualmente, o Ministério da Justiça e Segurança Pública tem 17 Secretarias que se reportam à pasta;, afirmou. ;Pela própria natureza dos dois ministérios, o trabalho será conjunto;, completou.

Torquato disse que ainda não há um nome para o novo ministro da Segurança Pública. Ele destacou que precisa ser alguém que tenha interlocução política e com os estados. ;Criar o Ministério da Segurança Pública não é colocar no colo da União o problema dos estados;, apontou.

Força-tarefa


O presidente Michel Temer determinou, neste domingo (18/2) o envio de uma força-tarefa policial ao estado do Ceará para dar apoio técnico às forças de segurança estaduais nas ações de combate ao crime organizado.

O grupo será composto por 36 homens, sendo 26 da Polícia Federal e 10 da Força Nacional de Segurança Pública. O secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Segurança Pública do estado, almirante Alexandre Mota, será o responsável pela chefia. Ele afirmou que vai ;ouvir o que o estado precisa e trabalhar em conjunto com eles;. ;Nós estamos nos reunindo amanhã. Nós já temos já alguma coisa (estratégia) que não posso falar para vocês agora;, contou.

Assim como no Rio de Janeiro, o Ceará passa por uma onda de violência. Os morados do estado tem preciado uma guerra entre facções criminosas, após uma chacina que deixou mais de uma dezena de mortos no fim de janeiro.

Rio de Janeiro


Em função da crise de segurança no Rio de Janeiro, na última sexta-feira, o governo emedebista também decretou uma intervenção federal no estado fluminense, com duração até o fim deste ano. É a primeira do tipo desde a promulgação da Constituição Federal, há 30 anos. O general Braga Netto ficará no comando das polícias Civil e Militar, no lugar do governador do Estado, Luiz Fernando Pezão.

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