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Reconstruindo sua história

Metodologia que busca estreitar as relações entre espiritualidade e ciência, a antroposofia ajuda o indivíduo a resgatar o passado para entender o presente e o futuro. Para os estudiosos, as mudanças em nossas vidas ocorrem a cada 7 anos

postado em 14/05/2010 16:01
Imagine ter em mãos o livro com a história de sua vida. O primeiro dia de escola, a cena do assalto no centro da cidade que nunca se apagou na mente, o beijo que motivou o casamento; Lembranças, memórias e reflexões, quando ordenadas, podem ter uma função que vai além da nostalgia: transformam-se em um instrumento terapêutico, que aprofunda o conhecimento sobre si próprio, além de clarear os horizontes para novas metas. Assim defendem os seguidores da terapia biográfica.

A metodologia foi criada em 1975, pelo casal de médicos Daniel e Gudrun Buckhard. Seguidores da antroposofia, eles perceberam que questões referentes ao desenvolvimento pessoal costumam se desenvolver em períodos de sete anos ; chamados setênios. E que indivíduos de uma mesma cultura compartilham pontos em comum entre os setênios que vivem. Mas, de acordo com Gudrun, não podemos confundir isso com uma visão generalista: apesar de se desenvolverem sobre temáticas parecidas, cada pessoa tem uma história incomparável. ;E todas são igualmente interessantes. Digo com a experiência de já ter acompanhado cerca de 2 mil biografias;, garante.

Entender o encadeamento lógico que rege a vida seria uma boa estratégia para aproveitar melhor o presente, em busca de passos mais seguros para o futuro. Dessa forma, Gudrun crê que o indivíduo passa a se beneficiar, inclusive evitando antecipar situações para as quais não está preparado. E o passado? Qual a importância de analisá-lo? ;No passado, buscamos potencialidades esquecidas ou reprimidas. E nelas encontramos bons indícios para o que queremos deixar de herança ao planeta.;

Um dos aspectos mais importantes do trabalho é, segundo ela, a valorização dos pontos favoráveis da vida, bastante negligenciados pela maioria das pessoas pelo pessimismo. ;Antes de tudo, devemos ter o enfoque no positivo para perceber que até os momentos de dificuldade são, na verdade, os que nos deixam mais fortes para os desafios do futuro;, ensina.

Na prática
A terapia biográfica pode ser desenvolvida em grupo ou individualmente. Quem explica é Eva Elizabete, terapeuta e facilitadora do método. Segundo ela, ambas são igualmente ricas em resultados. ;Em grupo, sobressai o sentimento de pertinência dado a partir dos relatos dos demais. Individualmente, o trabalho se destaca por conseguir explorar questões com mais profundidade;, diferencia.

A abordagem é feita a partir de cada setênio. O cliente é convidado não somente a refletir sobre o período, mas também a descrevê-los como capítulos da biografia. Em geral, prefere-se o uso de papel e caneta em vez do computador. Inclusive porque a dinâmica da escrita se transforma em elemento de análise. Para quem se preocupa em não ter assuntos a escrever, ou a não ter um texto primoroso a apresentar, a terapeuta salienta: o objetivo não é medir a qualidade das histórias. E sim observar a trajetória percorrida.

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