postado em 08/06/2010 07:00
Jantares à luz de velas, conversas ao pé do ouvido, troca de presentes e um clima romântico no ar. Essa é a atmosfera esperada para o próximo sábado, Dia dos Namorados. A data, que pode ser sinônimo de paixão para alguns, é um verdadeiro martírio para aqueles que ainda não encontraram sua cara-metade. O dia, porém, não precisa ser de sofrimento para quem está solteiro.
A estudante Maria Letícia Barbosa de Aguiar, 21 anos, faz parte do grupo de pessoas que deve passar o dia sem estar em um relacionamento. Para ela, passar a data em casa, assistindo à tevê, é dar margem à tristeza. ;Nos outros 364 dias do ano, estar solteira não é um problema, eu fico feliz assim. Mas nesse dia, ficar em casa é sinônimo de depressão;, conta. ;Eu acho que é um dia importante, tanto que, quando eu estava namorando, não deixava de aproveitá-lo com meu namorado. Agora que estou solteira, tento não pensar muito no assunto;, afirma.
A estratégia encontrada por ela é reunir todas as amigas que estão na mesma situação. ;Eu até pensei em dar uma festa aqui em casa e chamar todo mundo, mas acabamos decidindo passar a tarde em um churrasco e à noite ir para algum lugar para dançar;, conta. Para a estudante, o programa será uma grande farra com as amigas. ;O meu dia dos namorados vai acabar virando um dia das amigas.;
Segundo a psicóloga Alessandra Arrais, é importante não deixar que a pressão pela chegada da data influencie a escolha do relacionamento. ;O perigoso é deixar que a chegada do Dia dos Namorados diminua a seletividade. Ficar com qualquer um só por pressão social é a pior opção possível. Escolhas duvidosas podem trazer uma dor de cabeça muito maior do que a de ter que passar o sábado sozinho;, alerta.
Para a especialista, a chave para passar o 12 de junho solteiro é minimizar as situações de solidão. ;Para quem se importa com a data e fica depressivo por passá-la sozinho, uma boa saída pode ser reunir-se com os amigos, ou ir a uma festa só para solteiros;, aponta. ;Independentemente da estratégia, cada um deve encontrar sua própria forma de lidar com essa comemoração, que é meramente comercial;, acrescenta.
Cláudio Gandelman, diretor do site de encontros virtuais Par Perfeito, garante que nessa época a audiência da página aumenta. ;Nesse período, além de haver um acréscimo na quantidade de novas contas, os usuários permanecem em média um tempo 40% maior conectados;, diz. Segundo ele, até a última hora tem gente que procura a sua cara-metade. O espaço virtual é responsável pela iniciativa do Movimento dos Sem-Namorados, que promoveu passeatas de solteiros em São Paulo e no Rio de Janeiro no mês passado. ;É uma grande brincadeira. É apenas uma forma de mostrar que existem pessoas sozinhas à procura de alguém;, explica Gandelman.
Sem obrigação
A consultora de comportamento Cláudia Matarazzo, autora do livro Amante elegante ; Um guia de etiqueta a dois (Melhoramentos), não vê motivos para tanto alarde no Dia dos Namorados. ;Cada um deve fazer como acha melhor, mas eu não vejo a necessidade de ter uma tremenda mão de obra para organizar uma festa, unicamente pela pressão de uma data que é na verdade meramente comercial;, opina.
Para Cláudia, quem está solteiro deve ter em mente que não há obrigação nenhuma de estar apaixonado nesse dia. ;As pessoas criam uma ideia de que em todo réveillon é obrigatório estar com os amigos festejando, quando, na verdade, pode ser muito bom passar sozinho, repensando a vida. Com o Dia dos Namorados é a mesma coisa. O que faz muita gente se sentir deprimido é essa obrigação de estar feliz e apaixonado.;
Ela lembra, no entanto, que as pessoas que se sentem mal nesse período podem aproveitar para fazer atividades que no dia a dia são deixadas de lado. ;Para quem não quer ficar sozinho, pode ser uma boa oportunidade ir a uma exposição de arte que há tempos gostaria de visitar, ou comer naquele restaurante que você nunca tem tempo de ir;, aconselha. ;Outra possibilidade que pode ser bem divertida é ver o outro lado da data. Que tal ir com os amigos em um local bem romântico para ver as pessoas sendo forçadamente românticas?;, brinca.
O universitário João Paulo Vicente, 23 anos, conta que já aprendeu a aproveitar os dois lados da data. Quando estava namorando, comemorava. ;Sempre ia jantar fora e trocava presentes;, lembra. Hoje, solteiro, ele encara a data como um dia qualquer. ;Nem lembrava que o dia estava chegando. Acho que, se a data tivesse caído durante a semana, eu teria passado batido;, afirma.
Por outro lado, ele aproveita a data na hora da conquista. ;Na república onde eu moro, metade das pessoas estão namorando e a outra metade, não. No sábado, os comprometidos vão ficar com as suas namoradas, enquanto nós, solteiros, vamos sair juntos;, planeja o estudante de publicidade. ;O dia abre até uma possibilidade de cantada com as meninas;, conclui.
Foi de olho nesse público que produtores da cidade organizaram festas especiais. As sócias Samya Barrón e Andrea Araújo realizam há três anos a Fica Comigo. ;A gente percebeu que muita gente fica sem ter aonde ir nesse dia. Pensando nisso, criamos um evento que pudesse juntar os solteiros em um só lugar;, conta Samya. ;A ideia é conhecer pessoas e se divertir sem compromisso;, completa.
Entrevista com a especialista em comportamento Cláudia Matarazzo