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Formas sustentáveis de habitar o planeta

Professor de arquitura alerta para o perigo do chamado greenwash - venda de soluções insustentáveis disfarçadas de "verdes"

postado em 24/06/2010 12:16

A redução de impactos à natureza é uma preocupação latente na sociedade do século 21. Um dos reflexos é a demanda cada vez maior de projetos de arquitetura e urbanismo antenados a essa necessidade de preservar e não desperdiçar os recursos naturais. Nesta quinta-feira, esse assunto entra em pauta na Câmara dos Deputados no seminário Construções sustentáveis. Na roda para discutir o assunto, o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Jorge Khoury, da ministra de Estado do Meio Ambiente, Izabella Mônica Vieira Teixeira, Marcelo Vespoli Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Arquitetura Sustentável (CBCS), além de professores e especialistas que expõem a necessidade de políticas públicas e legislações. Convidado para participar do seminário, o professor do curso de arquitetura e urbanismo do UniCEUB Fabiano Sobreira tirou algumas dúvidas sobre o que será discutido no painel O desenvolvimento sustentável e a cidade.

Que pontos o senhor destacaria como os mais importantes deste seminário?
Um dos aspectos interessantes do seminário é a abordagem, em um mesmo evento, de questões de política pública ao lado de questões técnicas e projetuais. O que se espera é que essas duas agendas se cruzem, de maneira que as políticas públicas sejam alimentadas pelas inovações e reflexões técnicas e acadêmicas, e vice-versa. Espero contribuir nesse sentido em minha exposição, que deve tratar do papel e das estratégias da administração pública no fomento a construções e cidades sustentáveis, sempre atentos aos riscos e armadilhas da "onda verde". O foco, sob o meu ponto de vista, deve estar sempre na qualidade do projeto. Quanto maior a atenção e o investimento no projeto e no planejamento, maior a garantia de empreendimentos sustentáveis (no sentido amplo do termo, isto é, da adequação ambiental, social, econômica e cultural).

Como é o mercado hoje da arquitetura sustentável e qual o ideal a ser atingido nos próximos anos?
Acho que a discussão em torno de um "mercado brasileiro de construções sustentáveis" é um equívoco, pois alimenta a ideia de que a sustentabilidade é algo a ser comercializado e que construções sustentáveis são produtos. Essa perspectiva alimenta um vício crescente no Brasil do greenwash, isto é, a venda de soluções insustentáveis, disfarçadas de "soluções verdes". Vejo algumas certificações ambientais de edificações, como o selo LEED, como um exemplo de greenwash na arquitetura.

Para que haja crescimento das construções sustentáveis, o primeiro a mudar a postura é o arquiteto/engenheiro ou o cliente?
Trata-se de uma mudança de postura coletiva e mútua. Clientes (públicos e privados) conscientes e bem informados serão mais exigentes e vão exigir profissionais preparados a responder a essas demandas da sustentabilidade. Da mesma forma, os profissionais responsáveis pelos projetos têm um papel fundamental de formação e indução nas decisões dos empreendedores públicos e privados.


Dica de leitura

Longe de ser mais uma publicação "ecochata", O livro verde (Ed. Sextante) traz dicas de como ajudar o planeta sem recorrer às mesmas dicas de manuais. Pesquisadores na área ambiental, os autores Elizabeth Rogers e Thomas M. Kostigen tiveram apoio de um time de estrelas de Hollywood. Robert Redford, Cameron Diaz e Jennifer Aniston dão seus depoimentos. No vocabulário, reduzir, reutilizar e reciclar são três verbos fundamentais para uma mudança saudável de hábitos. Quer tentar?


>> Prefira notebooks a desktops. A produção do notebook requer menos matéria e energia e seu consumo anual é 220 kWh menor;
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