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Namoro a distância

Uma história exclusiva para o site da Revista

postado em 15/07/2010 17:14

Marlene e Geraldo: namoro a distância depois de 56 anos separados

Marlene Moura Bezerra tinha 17 anos quando se mudou de Petrópolis (RJ) para Manaus (AM), em 1951. O pai, militar, trabalharia na capital por alguns meses e levou a jovem com o objetivo de afastá-la de um pretendente. ;Eu namorava, em Petrópolis, um rapaz vários anos mais velho e queria me casar. Meu pai era contra nossa união e eu, por ser menor de idade, fui obrigada a viajar com ele;, conta Marlene, hoje com 75 anos. Entretanto, a solidão da não durou muito tempo. Cerca de seis meses após sua chegada, a jovem Marlene conheceu Geraldo Dantas de Araújo, 14 anos mais velho. ;Estávamos apaixonados e queríamos nos casar. Mas meu pai não concordou novamente, afinal Geraldo tinha 31 anos. Logo que possível, ele fez questão de retornar ao Rio de Janeiro, em menos de um ano após nossa chegada. Fiquei arrasada com a nova separação;, relembra.

De volta ao Rio de Janeiro, Marlene teve dois casamentos e uma filha, hoje com 32 anos. Ficou viúva e depois se divorciou. Dos dois casamentos ficaram as lembranças. ;Não posso dizer que não fui feliz, mas meus dois relacionamentos foram marcados por problemas constantes. Nesse tempo, sempre pensei em voltar à Amazônia, lugar que me encantou desde a juventude;, lembra Marlene.

Logo após a morte do primeiro marido, nos anos 70, Marlene soube de boatos que afirmavam que seu amor distante havia falecido também. ;Fiquei muito triste ao saber que Geraldo poderia estar morto. Levei anos para saber que tudo não passava de um engano. Na verdade, levei um susto de ver meu ex-noivo na televisão!”, conta.

Em 2007, ao assistir um programa sobre literatura no canal Amazonsat, ela reconheceu de imediato a voz e o jeito de um dos entrevistados. ;Fiquei torcendo para aparecer o nome daquele homem só para ter certeza. Mas eu sabia. Mesmo depois de 56 anos, pude reconhecer em Geraldo o mesmo jeito de falar e se expressar. Fiquei tão feliz que no dia seguinte assisti à reprise do programa e escrevi para a emissora amazonense.;

No e-mail enviado ao canal local, Marlene contou que quase havia se casado com aquele senhor e que estava feliz em ter notícias dele, mesmo que pela televisão e a quilômetros de distância.Geraldo recebeu o recado e, dias depois, veio a resposta: Marlene, você foi a mulher da minha vida. ;O que uma frase dessas faz com o coração de uma mulher? Toda a emoção da juventude voltou e eu não conseguia mais lembrar de todos os anos que vivi longe dele;, afirma, apaixonada.

O reencontro ocorreu semanas depois. ;Me senti uma menina ao encontrá-lo no aeroporto. Tantos anos depois e eu ali, toda emocionada.; Namorados distantes, Geraldo e Marlene se falam com frequência por telefone e email, mas não cogitam a ideia de viverem na mesma cidade. ;Não é possível, temos nossas vidas, ele precisa estar em Manaus e eu, em Petrópolis.; Frequentemente, eles se encontram em Brasília, onde vive a filha mais velha de Geraldo, Heliana. ;Heliana nos deu muito apoio e está sempre muito presente em nosso namoro;, conta Marlene.

O casal, que está sem se ver há seis meses, vai matar a saudade em breve. Marlene embarca para o Amazonas neste fim de semana para encontrar Geraldo e Heliana. ;Estaremos lá para a festa de 90 anos de uma grande amiga. Depois, partimos para Brasília.; Quando questionada se a distância atrapalha o relacionamento do casal, Marlene não pensa duas vezes: ;Nosso relacionamento é especial.Geraldo é um homem muito especial. Tem valido a pena estar ao lado dele, mesmo que em curtos períodos como esses;. Apaixonada, ela fala do namorado sempre com muito orgulho. ;Estou muito feliz.;

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