Revista

Hijab é fashion

A peça de vestimenta tradicionalmente usada pelas muçulmanas para cobrir a cabeça aparece em novos contextos e com muito estilo. Duas jovens blogueiras, adptas do Islã, explicam a tendência

postado em 23/07/2010 18:29

Croqui assinado por Hana Tajima, do blog Style CoveredA moda, como outros códigos culturais, ainda não transita livremente em todos os países, apesar das facilidades da globalização. Vestimentas de uso religioso são barradas em muitos países. Atualmente, tramita na França tramita um projeto de lei que estipula multas para mulheres de burca. Indispensável nos grupos talibãs afegãos, a peça cobre a mulher dos pés à cabeça.

Ao contrário do que muitos pensam, esse véu não faz parte do guarda-roupa de todas as muçulmanas. Muito mais frequente é o hijab, lenço que cobre cabeça, pescoço e, às vezes, ombros. Na Inglaterra, por exemplo, o hijab é visto a toda hora, sem nenhuma reprimenda.

A liberdade experimentada no país anglo-saxão parece estar gerando uma espécie de cultura fashionista entre as jovens muçulmanas. Acostumadas a ver o estilo que circula nas ruas, em revistas e na internet, duas delas, nascidas na Inglaterra, resolveram introduzir algumas peças ocidentais ao closet. As blogueiras londrinas Hana Tajima Simpson, 23 anos, e Jana Kossiabati, 21, acreditam que, assim como elas, um número crescente de muçulmanas também quer se vestir conforme a moda.

Hana assina coleções como fashion designer para a marca própria, Maysaa, e escreve no blog Style Covered. Filha de mãe inglesa e pai japonês, a jovem estilista se converteu ao Islã há cinco anos. No começo, ela estranhou as limitações do vestuário, mas, por ser filha de artistas, logo contornou o problema com criatividade. No blog, ela mostra looks que mesclam camisetas de manga comprida, colares de caveira, pulseiras, casacos de pele e até ankle boots.

;Agora que jovens muçulmanas estão sendo criadas ou nasceram em países ocidentais, vemos essa influência externa. É natural que alguém nascido e criado na Inglaterra tenha um gosto diferente para a moda;, explica Hana.

Editora do Hijab Style, Jana busca tendências das passarelas, novas cores e estilos para lançá-los no blog que alimenta há três anos. Também publica entrevistas interessantes com modelos, estilistas e outros agentes deste novo cenário que integra Oriente e Ocidente no mesmo backstage.

;Comunidades muçulmanas em todo o mundo encontraram uma maneira de expressar cultura, tradição e tendências pelo vestuário. As mulheres muçulmanas sempre assimilaram uma vestimenta modesta às tradições do país onde moram. Seria, então, natural que elas fizessem o mesmo em países ocidentais;, analisa.

Por causa da ausência de uma indústria fashion diversificada e voltada para as muçulmanas, Hana e Jana acreditam que a interferência ocidental seja inevitável. A antropóloga Karina Canêdo, especialista em cultura de moda, concorda. ;Mundo ocidental e oriental estão preparados para dialogar por meio da moda. Muitos estilistas europeus e americanos desenham para mulheres árabes. No caso dessas blogueiras, vemos que é possível expandir esse código do vestuário.;


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação