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Pequenos valentes

Como proceder quando a mãe rejeita os filhotes? Conheça algumas histórias de bichinhos que superaram a falta da genitora

postado em 26/11/2010 18:04

Recém-nascido, Cosmo estava abandonado em uma tubulação. A sorte do bichano é que pôde contar com o empenho e proteção de JacksonO gatinho Cosmo foi encontrado, no dia do seu nascimento, abandonado no subsolo da Universidade de Brasília. Seu corpo ainda estava coberto pela placenta quando uma aluna o resgatou. ;Eu estava ouvindo uns barulhos, mas não conseguia identificar o que era. Ele estava dentro de um cano, pedi ajuda a um funcionário e conseguimos resgatá-lo;, relata a estudante Jackeline Lima, 20 anos. Ao ser retirado da tubulação, Cosmo acabou caindo de uma altura de dois metros, mas, apesar da fragilidade, conseguiu sobreviver. Para isso, contou com a dedicação do biólogo Jackson, 23, amigo de Jackeline que adotou o bichano.

Para crescerem fortes e saudáveis, os filhotes precisam dos cuidados da mãe. É ela quem fornece o insubstituível leite materno, com todas as substâncias necessárias para a formação do sistema imunológico. Além disso, segundo a diretora do Hospital Veterinário da UnB, Dra. Christine Martins, nos primeiros 21 dias de vida, eles precisam de uma fonte de calor ativo, porque ainda não têm controle de temperatura. ;A mãe também é responsável por estimular a micção e a defecação da ninhada, lambendo a barriguinha deles,; ensina.

E quando a mãe rejeita os filhotes, o que fazer? Segundo a veterinária, quanto mais jovem o animal, mais cuidados inspira. Jackson sentiu na pele essa dificuldade. ;Eu tinha que alimentá-lo de hora em hora. Acordava durante a madrugada. A cada barulhinho dele, despertava com um pulo,; lembra. Hoje, aos 10 meses, o gato está saudável. ;Nós o resgatamos antes do carnaval. Durante o feriado, eu o levei comigo para um acampamento e, na volta, conversei com o meu chefe, que me deixou sair do trabalho sempre que eu precisava dar comida, trocar a água da bolsa térmica e passar o algodão na barriguinha dele.;

As duas primeiras semanas foram de sufoco. ;Após esse período, dava para esperar umas três horas entre cada mamada.; O biólogo revela que o plano inicial era cuidar de Cosmo só até que Jackeline conseguisse uma família para ele, mas acabou se apegando ao animal. ;Não tive coragem de entregar para outra família. Como eu poderia me certificar de que ele seria bem cuidado?;
Segundo Christine Martins, ambientes muito estressantes favorecem a rejeição por parte da mãe. ;Entre gatas e cadelas, esse tipo de comportamento normalmente acontece quando o parto foi cesariana ou quando o ambiente é agressivo;, detalha. Ela explica que, nesses casos, é importante levar a fêmea ao veterinário ; que prescreverá um remédio para secar o leite. ;Se você tentou aproximar a mãe dos filhotes e viu que não tem jeito, além dos cuidados com a ninhada, tem que dar atenção à mãe,; explica.

Os filhotes que não tiveram a chance de se alimentar com leite materno, precisam de dieta reforçada. A veterinária Bárbara Lopes explica que o leite de vaca sozinho não garante os nutrientes necessários. ;Muita gente se engana e acha que leite puro é suficiente. Os filhotes acabam ficando desnutridos. Hoje, existem produtos específicos para esses casos,; ensina. Para aqueles que não têm condições de comprar o leite em pó, ela dá uma receita que mistura leite integral, creme de leite, gema de ovo e complexo vitamínico para suprir a falta de nutrientes. ;Mas é importante manter esse leite na geladeira e fazer uma nova mistura a cada 24h, porque os ingredientes estragam com muita facilidade.;
O cãozinho Jatobá foi o único renegado de uma ninhada de cinco filhotes. A dona de casa Elsa Silva explica que a vira-lata Catita não dava a mesma atenção a ele. ;Ele sempre ficava mais afastado. Quando um dos outros filhotes ficava para trás, Catita o abocanhava e trazia para junto da ninhada. Com Jatobá, ela não tinha esse cuidado,; recorda.

Elsa percebeu que ele era o que menos mamava, tinha a respiração ofegante e ainda estava com os olhinhos fechados. ;Os cães viviam na chácara, então decidi trazer o Jatobá para casa. Ele era mais fraquinho, tive medo que pudesse morrer.; Ao levar o cão ao veterinário, Elsa descobriu que ele era cego. ;Ele recomendou o sacrifício e deu, no máximo, três meses de vida,; relembra.

Jatobá viveu por um ano, e apesar de não enxergar, segundo D. Elsa, reconhecia todo mundo pelo cheiro e parecia um cãozinho feliz.

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