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Vilã na pele

Incômoda e geralmente contagiosa, inclusive para os humanos, a sarna é um problema que pode afetar cães e gatos. Com o tratamento adequado, não deixa sequelas

postado em 05/05/2011 18:56

Xerife teve escamação na região dos olhos: depois de ir ao veterinário e receber os cuidados de Marly, ficou bemA sarna é uma doença de pele causada por pequenos ácaros e, dependendo do tipo, pode ser transmitida ao homem. Coceira, escamação da pele e perda de pelo na região afetada são alguns sintomas desse mal, que se prolifera rapidamente caso não seja combatido. O tratamento é simples: além de remédios e alguns cuidados básicos de higiene, o isolamento é recomendado na maioria das espécies.

O vira-lata Xerife apresentou um quadro de escamação na região dos olhos dois meses depois do fim do tratamento da doença do carrapato. A dona do cão, Marly Del Nero Rocha, dermatologista, 44 anos, procurou imediatamente um veterinário para tratar. ;Começou com uma pequena escamação, mas logo em seguida a parte ao redor das pálpebras foi atingida e os pelos da região começaram a cair;, relata.
O tratamento durou 90 dias, com medicação oral, a mesma usada em humanos, só que em doses diferentes. O acompanhamento do proprietário é muito importante, ressalta Marly. ;A cada 30 dias, levava Xerife para fazer exames de controle. Depois de curado, não teve mais nada. Tudo é questão de cuidado.;

O tipo mais temido para os donos de animais é a chamada sarna sarcóptica ou escabiose. Os mais propensos à escabiose são os cães ainda filhotes. O veterinário Gustavo Seixas explica que, normalmente, os animais com acesso constante às ruas a adquirem com mais facilidade. Outra forma de contaminação é o contato com outros cães infectados.

Os sintomas da escabiose são coceira exagerada e lesões com pequenos caroços. Concentram-se na região da barriga, cotovelos e bordas das orelhas. O veterinário aconselha o isolamento do animal tão logo o problema seja diagnosticado. O gato também está suscetível a ser afetado pela sarna. A escabiose felina causa os mesmo sintomas da doença em cães. O isolamento faz parte das recomendações do veterinário.

Outra muito conhecida é a sarna negra, rara nos gatos, que também ocorre em filhotes. A doença manifesta-se principalmente nas regiões em volta dos olhos, focinho e patas, conforme explica o veterinário. Causa vermelhidão inicial, que pode progredir para o escurecimento da pele. ;A coceira é rara e, quando presente, muitas vezes, é associada a infecções por bactérias, que aparecem secundariamente ao problema.; Alguns casos de lesões localizadas e pequenas podem ser vistos e o diagnóstico é bem mais fácil do que o da escabiose.

No caso da sarna negra, o animal não precisa ser mantido em isolamento, pois a doença não é transmissível entre cães ou de cães para seres humanos. Porém, avisa Gustavo, o tratamento é bastante demorado e necessita de grande atenção do dono. Recomenda-se, ainda, a castração dos animais doentes, devido ao caráter genético da doença.

Existem ácaros que parasitam as orelhas de cães e gatos, causando a sarna otodécica, às vezes chamada de otoacaríase. Essa doença manifesta-se por otite (inflamação dos condutos auditivos), que forma secreção com cera escura, como borra de café, explica Gustavo Seixas. Eventualmente, esses ácaros podem ser observados a olho nu, mas isso requer prática e paciência. A sarna otodécica tem tratamento simples e os infectados devem ser isolados, pois a doença é contagiosa entre os animais.

Outra forma de sarna, com incidência na região Centro-Oeste, é a queiletielose. Essa doença causa coceira moderada e formação de caspas por todo dorso. ;Às vezes, é denominada de ;caspa ambulante; porque o ácaro pode ser observado a olho nu, andando sobre a pelagem do animal;, observa. A doença é infecciosa entre os animais e também é aconselhável o isolamento.

Cuidados no tratamento
Observe alterações na pele do seu pet.
Procure um veterinário, de preferência, um dermatologista veterinário, assim que perceber as alterações.
Siga à risca o tratamento prescrito pelo veterinário.
Previna-se contra os ácaros.
Lave a cama do seu animal de estimação ao menos uma vez por semana.
Evite contato dos pets com outros animais que pareçam ter sintomas da doença.
Agende consultas regulares com o veterinário para examinar seu animal.

Fonte: Gustavo Seixas, dermatologista veterinário e diretor científico da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária

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