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Comida não é remédio

postado em 29/05/2011 18:14

O educador físico Rogério Damasceno explica que o corpo precisa de um tempo para entender a nova dinâmica, após o emagrecimento. Só que, para ele, o processo de adaptação deveria ser mais simples. Afinal, o corpo já está acostumado aos treinos e, apesar de lutar para manter maior reserva de energia, tende a aceitá-lo quando a saúde não se altera. ;Esse momento não era para ser tão difícil. Só que entra o lado psicológico: cheguei onde quero. Terei de continuar abrindo mão de comer?;

Rogério explica que o choque de metas, ou seja, chegar ao peso ideal mas não ser liberado para comer o que quiser, cria grandes dificuldades para a manutenção da forma alcançada. ;As pessoas acham que podem exagerar no fim de semana, beber além da conta. Mas o corpo não está preparado.; O educador físico alerta: não dar tempo suficiente para que o metabolismo crie uma memória muscular da sua nova realidade é a forma mais fácil de conseguir recuperar todo o peso perdido.

;A mudança tem que ser comportamental. Os resultados elevam muito a autoestima, mas não devem ser perdidos por conta dela;, avalia Sílvia Pegas, gerente do Vigilantes do Peso em Brasília. Ela explica que os participantes do grupo, mesmo depois do emagrecimento, continuam indo às reuniões por, pelo menos, seis semanas. ;Esse é o período da manutenção, quando você aprende a conviver com seu novo peso e, mais do que isso, aprende que comida não resolve nenhum problema;, explica Sílvia.

A nutricionista Marta Evangelista alerta para o consumo de alimentos como válvula de escape, especialmente entre aqueles que elegem os mais calóricos como única forma de obter prazer à mesa, caso estejam passando por uma fase ruim. ;É preciso desmistificar essa ideia de que o saudável não é gostoso. Principalmente para quem perdeu peso, já que, caso haja a recuperação, emagrecer novamente é muito difícil.; Para a especialista, um dos grandes problemas é que os pacientes consideram perder gordura como um tratamento médico, quando o que está em questão é uma mudança de estilo de vida. ;Quando ele entende que está fazendo algo para melhorar sua saúde, não só pela estética, consegue fazer disso um hábito;, conclui Marta.

Rogério Damasceno explica que as mudanças na carga de exercícios são mínimas, apenas em intensidade, para que não se queime a massa magra obtida durante o treino direcionado à perda de peso. ;Para manutenção, sempre me valho de metade do tempo que foi preciso para chegar à medida buscada, ou seja, se foram quatro meses para emagrecer, serão mais dois para que o corpo se adapte.;

Claro que não existe fórmula para impedir que os quilos voltem. Entretanto, ao se garantir um espaço para que o corpo entenda sua nova dinâmica, ele começa a trabalhar a seu favor, dificultando o ganho de gordura. ;O treino não vai regredir: o que pode acontecer é você aumentar o tempo daquela mesma metodologia. Um treino de quatro semanas pode ser esticado em seis, já que você chegou ao seu objetivo;, completa Rogério.

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