Livros de capa dura, de arte, grandes, pequenos, velhos, muito velhos, raros, de muitos donos, de muitas cores, de muitos amores e de muitos, muitos cheiros. Todos juntos, amontoados, espalhados, enfileirados e arrumados. O que é isso? Um sebo. Dizem que o termo vem do tempo em que as pessoas liam à luz de velas, feitas de sebo, que sujavam e engorduravam os livros.
Nesse nosso tempo, em que reciclar é preciso, os sebos estão super na moda. Na cidade que tem rua de quase tudo, a deles também tem sua vez. Fica perto da Unb, na comercial das 406/407 Norte. O mais antigo, o Sebinho, que deixou de ser ;inho; há muito tempo, tomou quase todo solo e subsolo do bloco C. Nos seus 26 anos, foi se transformando num supermercado cultural: tem CDs, vinis, DVDs, revistas, botons e camisetas que tornam escritores em ícones pops. Também virou um promotor cultural, com saraus literários , concertos musicais, exposições e cursos.
Na ponta da loja, uma estante de livros hoje é o balcão do café. A decoração tem peças históricas, como a velha máquina de escrever do poderosíssimo general Golbery do Couto e Silva, que tinha uma grande biblioteca, boa parte vendida para o Sebinho. O cardápio do Café traz uma lista de personalidades culturais. O poeta candango Cassiano Nunes virou uma saborosa sopa de cebola; o caldo verde, Chico Mendes. Glauber Rocha lá é um apetitoso omelete de queijo de cabra, tomate e manjericão. O café é ponto de encontro para namoro, comemoração de mestrados e doutorados e até para uma consultinha psicológica. Nas mesas que se espalham pelas calçadas, os leitores devoram livros junto com saladinhas e os pratos do dia. Tudo reunido, tudo espalhado no mesmo lugar. Velho e novo. Ontem e hoje. Quer saber mais? Passa lá...
