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Drinque bom é drinque bom

A crença popular decretou: bebida boa é bebida forte. Esqueça e aposte na dose certa

postado em 30/10/2011 08:00

A crença popular decretou: bebida boa é bebida forte. Esqueça e aposte na dose certaNo Brasil, a cena é comum. A pessoa chega ao bartender e pede um drinque. Ele prepara a bebida, faz algum malabarismo com as garrafas, bate tudo na coqueteleira e serve. Para muitos, o consenso é o seguinte: se está forte, o drinque é bom; se está fraco, ruim. Sem sentir o sabor forte do álcool, o cliente logo reclama. ;Tá fraco, põe mais uma dose aqui, vai?; Na contramão dessa cultura de bar, muitos brasileiros começam a conhecer os prazeres da bebida, e aprendem que o importante ali é exatamente o contrário: a harmonia entre os sabores, sem que o gosto do álcool se sobressaia demais.
Para o coqueteleiro e proprietário do Genaro Jazz Café, Genaro Macedo, a confusão é comum e tem uma explicação.

Primeiro, se o drinque não for forte, o cliente sente-se lesado, em desvantagem financeira ; algo como: ;não paguei para beber suco;. Segundo, muitos bares serviam, de fato, porções diminutas dos destilados, exagerando nos sucos e xaropes como forma de poupar uns trocados. O resultado é essa desconfiança. ;O drinque bom é o drinque gostoso. Quando é benfeito, ele tem a dose certa, e ela se equilibra com os demais ingredientes. Claro que existem drinques com sabores mais fortes, como o dry martini, por exemplo. Mas não é porque uma caipirinha ou um cosmopolitan estão suaves que não estão corretos. Fica essa história de que o drinque que desce rasgando é o benfeito. As coisas funcionam mais ou menos ao contrário;, ensina.

Aos poucos, o coqueteleiro introduz a ideia para os clientes. Alguns reclamam que não estão percebendo o gosto forte do álcool e só entendem o recado quando levantam para ir ao banheiro. ;Sentem a perna fraca;, brinca. Genaro aprendeu a beber sorvendo drinques, e não cerveja, como os brasileiros. ;É uma cultura britânica, e eu cresci lá;, explica. Em 1998, começou a trabalhar como bartender no famoso Bluebird de Londres. Desde então, profissionalizou-se. Abriu seu próprio negócio e, eventualmente, ainda faz o flair atrás do balcão. Neste ano, por exemplo, representou o Distrito Federal no Campeonato Brasileiro de Coquetelaria.

Genaro conta que, tanto no Brasil como em todo o mundo, o drinque de maior sucesso no seu bar é o murrito, receita cubana com rum, limão, gelo, açúcar, hortelã, soda ou água gaseificada. Seguido por alguns drinques da casa (dos 40 drinques da carta, 23 foram criados por ele) e clássicos que ganharam fama, como o cinematográfico dry martini (cuja base é o gim, vermute, gelo e azeitonas ou um twist de casca de limão), o cosmopolitan, eterno drinque das novaiorquinas do Sex and the City e hit absoluto do hemisfério norte nos anos 1990 (suco de cramberry com licor de laranja, limão e vodca cítrica), entre outros.

Não existe mistério e a preparação de um drinque pode ser muito simples e fácil, se seguida à risca. ;Para ser um drinque, é preciso que existam pelo menos três ingredientes: um destilado, um líquido complementar (suco, soda, água de coco) e algo amargo, doce ou cítrico;, explica. A vodca é sem dúvida o destilado mais usado, por ser neutro e ir bem com praticamente tudo. O rum e a cachaça, por exemplo, que derivam da cana, vão bem com elementos doces, como as frutas ; que, quando servidas em pedaços, devem ser degustadas. Não são meros enfeites, e sim complementos da bebida. Daí surgem outros dois tipos de drinques: os montados, cujos elementos são adicionados no próprio copo, e os batidos, geralmente misturados com vigor na coqueteleira e depois despejados no copo.

Outro ponto chave do drinque é a temperatura. ;O uso correto do gelo é imprescindível para um bom drinque. Só não é mais importante que a qualidade dos ingredientes;, lembra Genaro. Em sua experiência na Inglaterra, aprendeu a usar o gelo triturado. E percebeu como o resultado pode ser muito mais eficaz do que o obtido com o gelo em cubos. ;Eu, pessoalmente, prefiro a caipirinha feita pelos ingleses, exatamente por causa desse uso do gelo triturado;, arrisca. ;Ele gela com mais eficácia;, justifica. Para a coluna, Genaro ensina dois drinques perfeitos para os dias de verão. Maneire na dose e delicie-se.


A crença popular decretou: bebida boa é bebida forte. Esqueça e aposte na dose certa

Ingrediente
10ml de creme de cassis
70ml de vinho tinto
10ml de rum
10ml de licor de pêssego
2 fatias de pepino
2 fatias de maça verde
2 fatias de laranja
2 fatias de limão
2 fatias de kiwi

Como fazer
Misture os líquidos em uma jarra pequena e depois acrescente as frutas. Mexa com ajuda de uma colher comprida.

Rendimento: 2 a 4 pessoas
Tempo de preparo: 5 minutos


A crença popular decretou: bebida boa é bebida forte. Esqueça e aposte na dose certa

Ingredientes
50ml de vodca sabor baunilha
25ml de polpa de amora
10ml de xarope de amora
40ml de suco de maçã
1 colher de chá rasa de canela em pó

Para o farelo de biscoito
200g de farinha de trigo
250g de açúcar
200ml de manteiga derretida

Como fazer
Bata os ingredientes do biscoito no liquidificador, espalhe em uma fôrma e leve ao forno até que endureça (em média 20 minutos). Esfarele a massa pronta.
Misture os ingredientes na coqueteleira, sacuda com vigor, sirva na taça e acrescente no topo duas colheres de sopa de farelo de biscoito.

Genaro Jazz Café
SQN 114, bloco A, loja 60
3273-1525

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