Revista

Quadro vivo

O aquarismo, como qualquer hobby, exige dedicação. Mas a convivência com os peixes e demais organismos do aquário pode ser gratificante

postado em 30/10/2011 08:00

O aquarismo, como qualquer hobby, exige dedicação. Mas a convivência com os peixes e demais organismos do aquário pode ser gratificanteBem menos comum do que adotar um cão ou um gatinho é criar peixes. Ainda assim, o aquarismo, também chamado de aquariofilia, tem muitos adeptos ; apaixonados, principalmente, pelo paisagismo dos aquários. ;É como se eles fossem um quadro vivo, uma peça decorativa do ambiente. Trabalhamos com esse conceito;, explica o aquarista Yuri Frota. No ramo há pelo menos 15 anos, Frota transformou o hobby em trabalho e hoje comanda uma lojas especializada em Brasília.

Além dos peixes, é comum incrementar o ;quadro; com crustáceos, plantas e algas, por exemplo. Os aquariofilistas se preocupam em reproduzir o ecossistema o mais fielmente possível, de modo que os habitantes da caixa de vidro se sintam em casa. ;Buscamos a qualidade de vida do animal, fazendo as pessoas entenderem que ele não está ali porque quer, mas nem por isso é um objeto ; tem sentimentos, precisa curtir e descansar;, completa André Bicalho, há 18 anos no comércio da aquariofilia.

Com essa consciência, os aquaristas afirmam ser possível mudar a ideia de que criar peixes é chato. ;Além de ser um aprendizado de respeito ao ecossistema, pode trazer responsabilidade para a criança e prepara as pessoas psicologicamente para a perda;, argumenta Bicalho. O professor Fábio Luís Batista Gomes, 34, concorda. Dono de aquários desde os 16 anos, ele hoje mantém um de água doce, com 25 espécimes. ;Diferentemente do que ocorre com cachorros e gatos, a paixão do dono de aquário não é simplesmente pelo contato, mas sim pela contemplação do ambiente criado;, revela. Apreciação essa que despertou o interesse do autônomo Nataniel Rosa, 41. Encantado com a beleza e riqueza de vida em um aquário de água salgada, decidiu instalar um em seu ambiente de trabalho. ;Mantenho sete ou oito espécies diferentes. Uma das coisas que mais gosto é interagir com eles, preparando a ração eu mesmo, por exemplo;

Tipos de aquário
Os aquários podem ser divididos, basicamente, em dois grupos: os de água doce e os de salgada. Mas também são classificados por tipos de peixe e de ornamentação. Confira:

ÁGUA DOCE
Beteira
Como o nome diz, é usado, principalmente, para criar o peixe beta. O espaço mínimo para a sobrevivência dessa espécie é um aquário de 6L. Não é necessário muita ornamentação.
Comunitário
Não há preocupação quanto os tipos e as origens de cada indivíduo que viverá ali. Mas é essencial saber suas necessidades básicas e compatibilidade com os demais, para que uns não ataquem os outros.
Plantado
Com muitas plantas, funciona como uma jardinagem aquática. Nessas circunstâncias, os ciclídeos africanos se adaptam perfeitamente. ;Aqui já há uma maior preocupação estética e com a qualidade de vida dos bichos. Também se tem preocupação com o caráter de paisagismo do aquário;, explica Bicalho.
Amazônicos
Podem ter plantas, mas o principal é uma variedade maior de peixes. Os mais comuns são os acarás.

ÁGUA SALGADA
Only fish
Conta com peixes maiores, algumas vezes mais agressivos, como as moreias. São usadas pedras para compor o cenário.
De corais (reef)
Como o nome diz, é indispensável a presença de corais. ;O interessante é acompanhar o desenvolvimento dos seres do aquário, junto aos corais;, diz Frota. Para evitar o crescimento exagerado dos corais, a poda deve ser feita periodicamente.
Em aquários de água salgada, existe uma variedade de tipos de crustáceos, plantas, algas e corais que mudam frequentemente de formato. Esses seres ajudam a fazer as ;faxinas; do ambiente. Ainda há aqueles que filtram a areia, como os pepinos do mar. São aquários grandes, com capacidade entre 100L e 400L. Yuri Frota lembra que ;quanto maior o aquário, menor o trabalho, pois o ecossistema fica mais estável e fácil de manter;.
O especialista lembra que não é interessante ter aquários muito pequenos porque, na maioria das vezes, quanto menor, menos interesse a pessoa tem no animal e os cuidados acabam sendo deixados de lado.

Monte o seu
A pessoa interessada em montar um aquário deve, em primeiro lugar, verificar com um especialista se os peixes e plantas não estão doentes. A partir daí, deve-se estimular o desenvolvimento biológico do ambiente ; chamado período de maturação do aquário ;, para depois colocar os peixes. ;Esse é um hobby mais fácil de ter, porque o aquário é como se fosse um organismo vivo, que se limpa. Em todos esses anos, nunca vi problemas de doenças. Além disso, é um umidificador natural;, diz Frota.

A iluminação é outro fator de grande importância para quem quer ter peixes. Atualmente as opções são muitas. A maior novidade, no entanto, são as luzes led. Com programação específica, elas podem simular os ciclos naturais, tais como a intensidade dos raios solares, as fases da lua para reprodução, e até mesmo as condições climáticas.

Outro fator importante é a compra de um filtro. O equipamento ajuda a reter fezes, restos de ração e detritos, além de facilitar o ciclo de hidrogênio, de forma a cultivar os microorganismos e evitar a sobrecarga de nitratos do ecossistema, que são elementos prejudiciais. O chamado skimmer (desproteinador) também é muito importante, pois ajuda a eliminar substâncias indesejáveis, como fosfato e proteína. A água (tanto a doce como a salgada) deve estar sempre em uma temperatura entre 26;C e 28;C.

Já como substrato ; suporte onde as plantas fixarão suas raízes ;, geralmente é usado cascalho. Caso o dono precise viajar, já existem equipamentos programáveis que cuidam da alimentação. Para fazer a limpeza do aquário, recomenda-se a troca de 10% a 30% da água salgada e entre 30% e 50% da doce.

Agradecimentos:
Aqua House ; Aquarismo profissional
Bicalho Aquários

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação