Revista

Décor verde

O carimbo de amigo da natureza tem seu charme, mas sustentável mesmo, em matéria de decoração, é reaproveitar móveis e objetos antigos em novas roupagens

postado em 27/11/2011 08:00

São duas faces de uma mesma moeda. Se por um lado o design e a arquitetura entraram de vez na dança frenética das tendências, lançando moda a cada estação e forçando a máquina do consumismo desenfreado, por outro, esse é um dos mercados que mais abraça a corrente da sustentabilidade. Hoje, o eco-friendly é um tendência, e suas maiores divulgadoras estão na web ; são as blogueiras independentes, que louvam as a criatividade ecologicamente correta na hora de deixar a casa mais bonita.

Para além da consciência ambiental, é bom destacar, há uma preocupação com a economia doméstica em si. Estamos falando de jovens que deixaram a casa dos pais para se aventurar sozinhas em suas novas moradas e que, sem grana, querem deixar o lar descolado e cheio de personalidade. A moçada se muniu de boas ideia e inventou uma verdadeira teoria da decoração barata e sustentável. Sem reformas estruturais, sem objetos caros, e com muito garimpo em feiras de antiguidades e reciclagem de materiais. Em vez de jogar aquele móvel velho fora, dá para transformá-lo em objeto de desejo.

A blogueira Ana Medeiros, 28 anos, administradora do estúdio Cereja, já é uma celebridade virtual. Em seu blog (www.acasaqueaminhavoqueria.com) ela dá aos leitores uma série de dicas sustentáveis. "Primeiro, acho que essa noção de se ter tudo novo já é ultrapassada ; nossa época pede uma maior consciência em relação ao meio ambiente. Sem contar que o prazer de transformar algo que talvez fosse para o lixo em uma peça bonita de decoração não tem preço. Realmente, virou tendência ter um móvel reformado ou um caixote de feira sendo usado para outras finalidades em sua decoração, até grandes arquitetos estão aderindo ao reaproveitamento. As pessoas estão mais atentas ao meio ambiente e sabem que a prática começa em casa", afirma Ana.
O carimbo de amigo da natureza tem seu charme, mas sustentável mesmo, em matéria de decoração, é reaproveitar móveis e objetos antigos em novas roupagens
Na casa da moça, a atitude é percebida em todos os cômodos: aproveitou alguns móveis da moradora antiga e os transformou; usou caixotes de feira para fazer banquinhos e aparadores estilosos; fez luminárias de pregadores de roupa, entre outros projetos ; todos reproduzidos por suas seguidoras virtuais.

Carolina Fonseca, 25, designer de interiores, também usa seu blog (casadenos2.blogspot.com) para disseminar a sustentabilidade na decoração. Seu site encanta por mostrar projetos de execução simples, mas sempre bonitos. Ela garante que os leitores não só se arriscam nas transformações, como pensam duas vezes antes de jogar um móvel fora. Vale até consultoria via e-mail. "Hoje tem muita coisa bacana rolando na decoração: tecidos reciclados, bambu usado no lugar da madeira, madeira de demolição e de reflorestamento, arquitetura beneficiando a luz solar e a ventilação. E tem também o reaproveitamento de móveis...Tem sustentabilidade para qualquer bolso", explica.

Carolina admite que é moda ser sustentável e que esse, talvez, seja um apelo maior do que a própria ecologia em si. "Mas, no fim das contas, quem ganha com isso é o meio ambiente. Eu acho que, depois desse boom movido a marketing, as pessoas aos poucos estão aprendendo um novo jeito de viver e de morar. E se conscientizando disso, o que é mais importante", finaliza.

Tudo novo de novo

Em Brasília, a blogueira porta-voz da sustentabilidade na decoração atende pelo pseudônimo de Rebeca Baum. Ela, que é artista plástica e decoradora, se mantém no anonimato e ensina as fiéis seguidoras a transformar a casa sem mexer no orçamento. "A decoração, na verdade, sempre foi um hobby para mim e não um trabalho, mas depois da minha licença-maternidade, decidi que dividiria minhas invenções decorativas com quem se interessasse pelo tema", conta. Em sua casa, tem cadeiras velhas que foram renovadas com uma boa mão de tinta amarela; baú que virou banco; luminárias revitalizadas com tinta spray e fitas; garrafas de vinho revestidas de lantejoulas; cristaleira coberta por papel de parede; mesa revestida em corino; painel de retalhos de papel de parede. "A ideia é reciclar. Já salvei muito móvel e objeto do lixo e dei vida nova a eles. Basta uma tinta, um papel estampado ou um tecido para transformar", diz. Para a Revista, ela reformou duas mesinhas de centro que encontrou em um garage sale permanente do Lago Sul. As mesinhas custaram R$ 120. Para a transformação, ele gastou R$ 15 em renda plastificada e aproveitou um rolo de papel de presente que estava guardado no armário. Além disso, foi necessário um grampeador, cola, estilete, pincel e muita paciência. "Essa coisa da renda no móvel é uma tendência bacana que chegou na reforma de móveis antigos. É fácil de fazer e, quando você cansar da cara do móvel, tira a renda e inventa um novo projeto em segundos", incentiva.

O carimbo de amigo da natureza tem seu charme, mas sustentável mesmo, em matéria de decoração, é reaproveitar móveis e objetos antigos em novas roupagens

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