Revista

A dor da separação

Lidar com a morte de um animal de estimação não é fácil, principalmente para as crianças. Especialistas acreditam que essa seja uma boa oportunidade para se conversar com elas sobre perdas

postado em 08/01/2012 08:00

Lidar com a morte de um animal de estimação não é fácil, principalmente para as crianças. Especialistas acreditam que essa seja uma boa oportunidade para se conversar com elas sobre perdasTer um pet vai muito além das brincadeiras e diversões que eles proporcionam aos membros da família. Ao longo dos anos, a relação que os donos e os bichinhos de estimação desenvolvem são de companheirismo, amizade e muitos aprendizados. E, na hora da separação ; seja por doação, venda ou, simplesmente, morte ; o chamado luto é inevitável. Nesse momento, então, fazer com que as crianças entendam que os animaizinhos não estarão mais em casa se torna uma difícil tarefa para os pais.

Na maioria das vezes esse é o primeiro contato dos pequenos com a morte e fazê-los entender e superar esse momento deve ser feito com muita atenção para não causar problemas futuros. Segundo a psicóloga Patrícia Serejo, a perda de um animal de estimação geralmente antecede as perdas de parentes e amigos e, nesse sentido, pode facilitar ou dificultar o enfrentamento dessa situação posteriormente. ;Depende da forma como a criança aborda esse primeiro contato com a morte. Ela precisa entender que a vida é um ciclo ; desde o nascimento até o falecimento;, explica. Ao que a psicóloga infantil Ivanna Sarmet acrescenta: ;Também é importante explicar de acordo com os valores de cada família;.

É o que o empresário Marcelo Chagas, 40 anos, procura fazer. De família católica, ele perdeu, depois de sete anos de convívio, os companheiros Rodin e Raja ; cães da raça americana staff ;, vítimas de leishmaniose. Para que os filhos entendessem a perda de dois pets da casa, a solução foi dizer que os amigos agora estão morando com Papai do céu.
Com a explicação, os gêmeos Hugo e Bárbara, de apenas dois anos e meio, diminuíram as perguntas sobre o motivo de os antigos colegas de brincadeiras não estarem mais por perto. ;De vez em quando, eles acabam perguntando novamente. Mas, agora, começaram a pedir mais um cachorrinho para brincar e decidimos que seria uma boa ideia;, revela. O pedido foi a carta de aceitação para que Surya, a filha de 4 anos Rodin e Raja, ganhasse a amizade da pequena Shiva, cadela brincalhona de apenas 6 meses.

A veterinária Bárbara Lopes garante que ninguém é substituível, mas a companhia de um novo animal pode ajudar a superar algumas lacunas que o antigo amigo deixou. Ivanna Sarmet faz a ressalva de que a substituição deve ser feita com cuidado. ;Se comprar logo um animal, a criança pode rejeitá-lo. Para mim, uma boa estratégia é quando todos aproveitam a crise da perda para lidar com a morte de maneira mais real;, ensina. Já a veterinária Maria Luiza de Melo enfatiza que a dor é maior quando o pet ainda é novo e não há um acompanhamento do dono sobre a saúde do amiguinho. ;Quando o animal é mais velho, idoso, a perda geralmente é mais fácil, até mesmo se for necessário recorrer à eutanásia.;

O luto
Tradicionalmente, na psicologia, o luto pode ser dividido em cinco fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Dentro dessas várias fases, pode-se dividir o luto em dois blocos: o primeiro, negação, revolta, rejeição (entre três e seis meses), considerado saudável, e o segundo, aceitação, saudade, tristeza (após seis meses), quando não se consegue superar a perda e a questão vira algo patológico, que necessita de ajuda profissional. ;Cada indivíduo reage de uma forma e pode ter esses sentimentos misturados. Cada um vai vivenciar as fases com uma intensidade diferente, dependendo de sua história de vida;, diz a psicóloga Patrícia Serejo. No caso das crianças, Serejo afirma que a reação delas pode ser baseada na forma como os adultos agem diante da perda.

Agradecimentos
Dogs e Mitz
Doctor Vet

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação