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Cozinha trilegal

Nem só de carne vive a gastronomia gaúcha. Longe disso. Com a influência dos imigrantes europeus, a culinária da região é rica e variada

postado em 10/06/2012 08:00
Nem só de carne vive a gastronomia gaúcha. Longe disso. Com a influência dos imigrantes europeus, a culinária da região é rica e variada
Não se come só churrasco no Rio Grande do Sul. Eu sei, isso é óbvio. Mas qual é a imagem que vem à cabeça quando se pensa na culinária de lá? Só que essa visão é limitada e, com um pouco de esforço, pode se expandir em tantos sabores que só de escrever dá água na boca.

A simplicidade da cozinha gaúcha é o que torna esses gostos mais marcantes. Os diversos povos europeus que lá fizeram sua morada sempre buscaram comer bem, mesmo nas situações mais adversas. É o caso do arroz de carreteiro, prato que tem versões em várias partes do país, mas, como bons bairristas, os gaúchos defendem como invenção deles.
O prato surgiu entre esses primeiros habitantes: vaqueiros que tinham de desbravar a terra nova e, na aventura, precisavam comer algo rápido e simples. ;Ele é a base da culinária gaúcha. O churrasco surgiu depois. Os tropeiros levavam apenas arroz e charque, temperando a comida só com o sal da carne;, explica Maria das Graças Amaro da Silveira. Ela é membro da Federação Tradicionalista Gaúcha do Planalto Central e, apesar de não se identificar como chef, deu cursos de arroz carreteiro durante a última edição da Expotchê, na semana passada. ;Nós o comemos no almoço e no jantar. É um prato que todos os gaúchos gostam.;

E, claro, após tudo isso, tem que vir uma sobremesa. A cuca é uma massa doce, parecida com o pão, só que mais sovada e com bem mais recheios. A mais famosa é a que leva banana, mas o que vai dentro dela fica a gosto do chef. ;O gaúcho serve cuca com sopa, durante o churrasco, quando chegam visitas em casa. É um prato muito tradicional, tendo inclusive festas só para ela no estado;, conta a chef Regina Schneider.
De Presidente Lucena, cidade de 2 mil habitantes a 58 quilômetros de Porto Alegre, a chef conta que começou a pôr seus pratos na janela de casa, chamando a atenção dos turistas. Quando viu, o talento que vinha sendo passado entre gerações se tornou seu ganha-pão. ;A diferença da minha cuca é que ela é 100% natural. E, claro, se estiver de regime, esqueça. Não tem essa de light no interior.;

Tudo bem, o carro-chefe pode ser um corte bovino, mas muitos outros quitutes forram a mesa. Por isso, bom apetite!

Arroz de carreteiro
Ingredientes

Nem só de carne vive a gastronomia gaúcha. Longe disso. Com a influência dos imigrantes europeus, a culinária da região é rica e variada1/2kg de charque
1/2kg de arroz
1 cebola
4 dentes de alho
1/2 xícara de chá de óleo
Salsa e cebolinha (1 maço de cada)

Modo de preparar
Afervente o charque, trocando uma vez a água. Se ele for caseiro, basta deixar de molho por aproximadamente cinco horas. Pique a carne em guisado (cubos) médio, colocando-a na panela (preferencialmente de ferro ou alumínio grosso) para fritar. Se o charque for gordo, coloque menos gordura. Quando os cubos estiverem bem dourados, junte o alho amassado e a cebola picada. Acrescente o arroz (não lavado), deixando-o fritar um pouco. Adicione água fervendo até dois dedos acima do arroz (se for do tipo parboilizado, três dedos). Prove o sal e cozinhe em fogo baixo.

Obs.: Costuma-se usar proporções iguais de charque e arroz. Mas, para que o prato fique mais farto e saboroso, aconselha-se aumentar a quantidade do charque em até 2 medidas de charque para cada de arroz. Fica a gosto.

Rendimento: 5 porções
Tempo de preparo: 20 minutos (arroz comum) ou 30 minutos (arroz parboilizado).

Na edição n; 369 da Revista do Correio você encontra a receita da cuca de uva de Regina Schneider

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