Revista

Procura-se uma resposta

Cães de família são roubados para serem vendidos ou trocados por recompensas. Há quem se apegue aos animais e se recuse a devolvê-los. Donos contratam até detetives para descobrir o paradeiro deles

postado em 07/10/2012 08:00
[FOTO2]Cachorros bem cuidados e de coleiras não ficam perdidos na rua por muito tempo. Seja por pena, ou por ver no animal uma forma de ganhar dinheiro, não demora para que alguém o leve para casa. Há raças que chegam a custar R$ 3 mil. Além disso, é comum os donos oferecerem recompensas por bichos de estimação desaparecidos e isso atiça a cobiça de quem se depara com algum deles, aparentemente perdido na rua. O detetive especializado em procura de animais Edilmar Lima recebe por mês, em média, cinco casos de desaparecimento para solucionar e em poucos não é bem-sucedido. Já segundo a assessoria da Polícia Civil do Distrito Federal, os boletins de ocorrência a esse respeito são raros.

Para o detetive, a maior dificuldade em encontrar os pets é exatamente o fato de que, em alguns casos, eles são pegos para serem vendidos. A intensa divulgação da imagem do animal é uma das principais estratégias para coibir a ação quem está em posse do cachorro. "Fazemos um trabalho para pressionar as pessoas que estão com o bicho a devolvê-lo", explica Edilmar.

Mas nem sempre a pessoa tem planos de roubar o animal: "Às vezes, tinha boa intenção no início, mas se apega ao cachorro e não quer mais devolvê-lo", explica Edilmar. Hugo Okamura, 27 anos, estudante, já perdeu a bull terrier Kyara duas vezes. Na primeira vez, a irmã deixou o portão aberto e Kyara sumiu. Duas semanas depois, após anunciar o sumiço do animal em faixas espalhadas pelo Guará, onde mora, ele recebeu a ligação de uma mulher que dizia ter comprado a cadela de um carroceiro por R$ 700 e exigia o dinheiro de volta. Hugo foi até lá, mas não queria pagar a quantia. Um amigo policial que o acompanhava, porém, o aconselhou que pagasse: "A polícia estava em greve. Eu não poderia fazer muita coisa. Depois, eu abriria um processo por extorsão contra ela", conta. Por medo de represálias, no entanto, ele não a processou.

Acertadas as contas, a história ganhou outro enredo. Passados 15 dias, uma outra mulher foi atrás de Hugo e contou a verdade. Ela tinha passado de carro em frente à casa dele, no dia em que o portão estava aberto, e levou Kyara. Agora estava arrependida e queria pedir desculpas. "Ela ainda teve a cara de pau de pedir para ver a cachorra de vez em quando", indigna-se.

A segunda, e última vez, em que Kyara sumiu, ele recebeu uma denúncia anônima de que a cadela estava presa dentro de um buraco fundo. Dessa vez, não há provas concretas de que foi roubada. O dono acredita que sim e que quem a pegou ficou com medo do detetive que ele havia contratado e resolveu abandoná-la. "Ela é meio gordinha, não conseguiria andar tanto. Além disso, só perdeu 4kg em 12 dias. Se ela não estivesse com alguém, teria perdido mais", tenta justificar a tese do roubo.

Leia a matéria na íntegra, na edição impressa da Revista n; 386



Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação