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Caninos em dia

A saúde bucal dos animais depende do empenho do dono em, sempre que possível, fazer a escovação e levá-los ao veterinário

postado em 02/12/2012 08:00

A saúde bucal dos animais depende do empenho do dono em, sempre que possível, fazer a escovação e levá-los ao veterinário

Ter um bichinho envolve responsabilidade e muitos cuidados. Além de comida, banho, tosa, visitas ao veterinário, é necessário dar atenção à saúde bucal deles. A escovação deve ser um hábito diário para prevenir doenças periodontais ; e até cardíacas e renais.

Por falta de costume ou informação do próprio veterinário, muitos proprietários desconhecem a necessidade dos cuidados orais. E o alerta é comprovado por dados da Associação Americana de Odontologia Veterinária, que indicam que 85% dos cães com idade superior a três anos são acometidos por doença periodontal. É a doença de maior incidência entre animais domésticos.

A escovação tem que ser um hábito. Basta executá-la uma vez, mas todos os dias. O material usado (escova e pasta) deve ser especial para os mascotes. As pastas para uso humano têm flúor e sabão ; dois itens não indicados para bichos, já que acabam sendo engolidos, irritando o organismo deles. Com relação à escova, a diferença da versão pet é a angulação das cerdas, voltadas para o lado contrário ao da humana.

Para acostumar o cãozinho desde cedo, é indicado colocar um pouco da pasta no dedo e permitir que o pet lamba e, assim, começar a introduzir o dedo na boca e massagear, sempre em um ambiente calmo e com muito carinho como forma de recompensa. O próximo passo é evoluir para a escova e fazer movimentos circulares. Alguns animais adultos podem ter um processo mais difícil, mas é uma questão de condicioná-los a isso, afirma o médico veterinário Marcello Roza, presidente da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária. "Quanto mais cedo, mais fácil será a adaptação. Aqueles que, em função do temperamento ou de falta de tempo, o dono não conseguir escovar, a gente recomenda visitas mais frequentes ao veterinário", reforça.

É justamente o tempo escasso que impede a diplomata Maria Martins, 61 anos, de cuidar mais intensivamente da saúde bucal de seus cães ; 10, ao todo. O alerta de que algo não ia bem partiu da cocker spaniel Nanique, 12, que começou a apresentar um hálito forte. A mascote acabou tendo dois caninos e outros seis dentes extraídos. Até então, a diplomata acreditava bastar proporcionar aos pets a limpeza ocasional do tártaro.

Na verdade, a escovação benfeita tende a dispensar a remoção do tártaro, lembrando que, nos bichos, isso é feito sempre com anestesia. Outra coisa extremamente importante é jamais fazer procedimentos odontológicos e cirúrgicos ao mesmo tempo. "O risco de as bactérias da boca contaminarem um foco cirúrgico é muito grande", alerta Marcello Roza.

Gob e Bingo, dois yorkshires, de 9 e 6 anos, tinham os dentes escovados, mas de maneira muito esporádica. O problema bucal desenvolvido trouxe, além do mau hálito, perda de peso. O incômodo causado nos dentes fez com que comessem menos e ficassem indispostos. Bingo teve que fazer apenas a limpeza, mas Gob perdeu alguns dentes. Edmundo Fontoura, geólogo de 50 anos, admite que foi desatento com os cãezinhos. "É importante ficar de olho", alerta ele, agora que leva seus animais para uma revisão bucal a cada 4 meses. "Acaba sendo muito mais em conta e melhor para todos."

Por fim, é bom lembrar que infecções na boca são uma porta de entrada para males muito mais severos, já que as bactérias podem se espalhar pela corrente sanguínea e comprometer diversos órgãos, como rins e coração.

Se a missão de escovar os dentes for impossível, o mercado pet oferece alguma ajuda. Mas nada que substitua a escovação, lembra o veterinário Alexandre Lima. Ele informa que para auxiliar esses casos é recomendado o uso de brinquedos e ossos especiais para o cuidado dontológico, pois criam atrito e diminuem a reincidência do tártaro. Algumas tiras de couro para mastigação contêm enzimas com o objetivo de prevenção da doença periodontal, mas não retiram o tártaro se já houver. Independentemente do uso desses materiais, Alexandre recomenda que, no máximo a cada 6 meses, seja feita uma avaliação odontológica.

"Quanto mais cedo, mais fácil será a adaptação. Aqueles que, em função do temperamento ou de falta de tempo, o dono não conseguir escovar, a gente recomenda visitas mais frequentes ao veterinário"

Marcello Roza, médico veterinário e presidente da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária

Ortodontia

Os animais também podem usar aparelho, mas não é uma questão de estética. O que precisa ser levado em conta é se o bichinho tem realmente uma alteração dentária, já que os aparelhos não corrigem imperfeições na mandíbula, por exemplo. Tipicamente, o aparelho serve para consertar dentes desalinhados que acabam ferindo a boca durante a mastigação.

Se for o caso, já existem tratamentos de canal e próteses dentárias para pets. "Hoje, é possível aplicar nos bichos praticamente tudo do tratamento em humanos. Cabe ao médico veterinário apresentar as opções ao proprietário", ressalta Marcello Roza.

Passo a passo da escovação

Escolha um lugar tranquilo

Coloque pasta no dedo e deixe ele brincar com o gosto e o cheiro

Com o dedo, comece a fazer movimentos circulares na gengiva do animal, para que ele se habitue

Mude para a escova e continue com os movimentos circulares

A parte do dente voltada para língua dá mais trabalho, mas é possível ser escovada

Proporcione uma alimentação seca, de boa qualidade, dada sem nenhum tipo de aditivo, como água ou leite

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