Revista

Um lar para dois

Manter o consenso quando o assunto é decoração nem sempre é tarefa fácil para o casal, mas é possível, depois de muita conversa, chegar a um acordo

postado em 14/04/2013 08:00

O período da apaixonite aguda entre os recém-casados parece expirar nos primeiros dias em que se mudam para a casa nova. Nesse momento, algumas divergências de estilo tendem a falar mais alto. Pelo bem do casamento, porém, um deles acaba cedendo de um lado, enquanto o outro consegue convencer o parceiro a aceitar uma porta amarela, uma sala minimalista ou mesmo uma cozinha rosa-shocking. ;Trabalhamos um pouco como psicólogos;, conta a arquiteta Tatiana Pandolfi, que já perdeu as contas de quantas mediações entre casais teve que fazer até concluir um projeto. Ao final, feitas as devidas negociações, profissionais afinam os gostos e as expectativas dos clientes para que a nova casa ou apartamento tenha a cara dos dois. ;Agora, quando não dá para conciliar, um decide a sala, por exemplo, e o outro, a cozinha. Não tem jeito: é preciso abrir mão de alguma coisa;, avisa o arquiteto Apoena Parente.

Ela cedeu de lá;

O casal de economistas Danielle, 41 anos, e Marcelo Torres, 43, também trouxe para a decoração do novo apartamento na Asa Norte objetos que compraram em viagens pelo Brasil e continentes asiático e africano. Nesse aspecto, esculturas e tapeçarias étnicas ilustram um ponto de convergência entre os dois. No entanto, Danielle ;é do tipo que gosta de combinar cores;, diz o marido. Aspecto que nem sempre o agrada. Por isso, ele dá um jeito de quebrar o gosto da esposa. ;Tanto que a cozinha é bordeaux, uma cor de que gosto muito, mas tem alguns objetos que ele colocou para quebrar a tonalidade;, conta Danielle. Integrada à sala de estar, a cozinha também responde à organização de Marcelo, que se identifica com a sala e, por isso, pede à mulher a mesma organização do espaço onde recebem os amigos. O economista, admirador de design, também confessa que um xodó na decoração é uma poltrona Sérgio Rodrigues que está na sala. ;Mas essa é só para olhar;, brinca Danielle.
Manter o consenso quando o assunto é decoração nem sempre é tarefa fácil para o casal, mas é possível, depois de muita conversa, chegar a um acordo
O bordeaux foi a opção dela, mas ele deu pitaco na monocromia do ambiente

Entre a sala e a cozinha, Danielle e Marcelo sentam-se na poltrona assinada por Sérgio Rodrigues: design contemporâneo somado ao estilo rústico

Esculturas étnicas entram nas prateleiras da sala de estar


No quarto, a cômoda azul turquesa agrada os dois, mas não a combinação de mesma cor da manta na cama. ;Só a cômoda deveria ser um ponto de cor. Os demais itens, neutros;, diz Marcelo


Ele cedeu daqui;

O engenheiro José Carlos Gomes Costa, 63 anos, gosta mesmo é de arte. Compra esculturas, artesanatos, quadros e o que lhe encanta os olhos sem levar em conta o prestígio do artista ou o valor da peça no mercado.

Por isso, quando se mudou para o novo apartamento no Sudoeste com a mulher, Simoni Santana Lara, 48 anos, imaginava fazer de cada vão do novo lar uma intervenção artística. ;Claro que ela vetou algumas ideias, mas tudo bem. No final, conseguimos conciliar cores e formas de distribuir os espaços;, conta. A advogada Simoni assina embaixo. Ela também teve de abandonar a ideia de uma parede rosa-shocking da cozinha por cores sóbrias, ao estilo do marido. Mas a advogada não abriu mão de um closet espaçoso. ;Se tivemos alguma briga, foi antes de entrar na casa nova. As arquitetas também tiveram papel importante quando discutíamos sobre algum espaço;, diz Simoni. José Carlos sorri, apaixonado pela mulher, com quem está casado há 15 anos, e fala: ;Podemos viajar para qualquer lugar do mundo, mas esse apartamento sempre será o nosso castelo;.


Manter o consenso quando o assunto é decoração nem sempre é tarefa fácil para o casal, mas é possível, depois de muita conversa, chegar a um acordo

A opção dela era por uma parede rosa-shocking na cozinha, mas, nesse ambiente, o gosto do marido prevaleceu: a cor ficou por conta de algumas portas roxas no armário de vidro

O aparador espelhado e a escultura de borboletas (presente de José Carlos) definem bem um cantinho de Simoni na entrada da casa

O ;poleiro; de galinhas em porcelana, barro e tecido ; coleção de José Carlos ; ganhou espaço na varanda integrada à sala. ;Só não deixo ele comprar mais nenhuma;, brinca Simoni

Apreciadores de arte, José Carlos e Simoni tiveram o auxílio das arquitetas Tatiana Pandolfi e Carolina Magalhães, com direito à cláusula no contrato: mediadoras oficiais

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