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Preocupação entre os homens maduros

A hiperplasia benigna da próstata é problema que se manifesta com o avanço da idade. Felizmente, a medicina dispõe de métodos eficientes de diagnóstico e tratamentos paliativos

Flávia Duarte
postado em 19/05/2013 08:00
A hiperplasia benigna da próstata é problema que se manifesta com o avanço da idade. Felizmente, a medicina dispõe de métodos eficientes de diagnóstico e tratamentos paliativosViver muitos anos é desejo de boa parte da humanidade. Mas há um preço a se pagar pela almejada longevidade. O corpo é uma máquina que sofre desgastes com o tempo e o que se pode fazer para amenizar o ônus é tratar dos progressivos sinais da idade. Alguns problemas estão "programados" para ocorrer. Assim é com a hiperplasia benigna da próstata (HBP). Trata-se do crescimento exagerado dessa glândula, o que pode comprometer a qualidade de vida de homens maduros.

"O crescimento prostático é um evento que pode ser considerado natural. Não existe explicação de por que isso acontece. Aliás, todo mundo quer descobrir a resposta para vivermos mais", define o médico Antônio Carlos Pompeo, responsável pelo Departamento de Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Faculdade de Medicina do ABC.

Uma análise feita pelo Ambulatório de Urologia do Centro de Referência da Saúde do Homem, de São Paulo, por exemplo, apontou que, ao completarem 50 anos, 25% dos homens são diagnosticados com a hiperplasia benigna da próstata. O envelhecimento aumenta o número de casos e, com 65 anos, a incidência aumenta para 30%. Aos 80 anos, é praticamente inevitável ; pelo menos 90% deles terão a doença.

Tais números são referentes aos casos diagnosticados, mas a realidade é que eles podem dobrar quando se completa cinco décadas de vida. "Se você for analisar, cerca da metade dos homens com 50 anos têm o problema, mas muitos não sabem", afirma o urologistra Rodolfo Reis, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, regional São Paulo. Ou seja, a partir de uma certa idade, conviver com a HBP é quase inevitável. Nesse caso, é preciso fazer exames periódicos para identificar o quadro e, no caso de confirmação, monitorar o crescimento da próstata para prevenir complicações.

Para compreender o que significa a doença, no entanto, é preciso entender primeiro o que é a próstata. Trata-se de uma glândula do tamanho de uma castanha que fica abaixo da bexiga. "Ela produz o líquido espermático, responsável pela nutrição e o transporte dos espermatozoides até o óvulo", explica o especialista Rodolfo Reis. Na medida em que o corpo envelhece, ela cresce, assim como acontece com outras partes do corpo, como a orelha e o nariz.

Até aí, trata-se de uma programação natural, mas mesmo que seja esperada, essa alteração merece ser acompanhada. Uma parte dos homens com a próstata aumentada não sente qualquer sintoma. Não há regras. Por vezes, a próstata cresce demais, mas é assintomática. Há casos em que ela nem está tão grande assim, mas provoca grande incômodo.

O desconforto surge justamente quando a glândula ; que também tem componentes musculares, para ajudar a expelir o esperma no momento da ejaculação ; cresce a ponto de comprimir a uretra e a bexiga, comprometendo o sistema urinário. "O problema não é a próstata em si, mas o estrago que ela pode causar na bexiga. Os homens que não tratam a próstata entre os 40, 50, 60 anos vão ser os idosos que ficam molhados, cheirando a xixi, geralmente, alijados da própria família", comenta Aguinaldo Nardi, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.

Canal condutor da urina, a uretra passa no meio da próstata. Se a glândula incha, a passagem fica estreita. Não há dor, mas as consequências são desagradáveis. O primeiro sinal de alerta é o aumento da vontade de urinar em um curto espaço de tempo. Outros indícios podem ser a dificuldade de urinar, a diminuição do volume de xixi e o aumento da quantidade de jatos interrompidos. Nos casos de complicação, o paciente não consegue esvaziar a bexiga e precisa ser internado para que o processo seja feito no hospital. Outros riscos são os de desenvolver infecção urinária, cálculo na bexiga ou até mesmo insuficiência renal e hidronefrose (dilatação do rim resultante do acúmulo de urina).

Esses, em geral, são os motivos que levam os homens ao médico. Muitos nem sequer desconfiam que o problema esteja na próstata. A melhor maneira de detectar se a glândula está ou não em seu tamanho normal é por meio do exame digital retal, mais conhecido como toque retal. É com ele que o médico avalia se a próstata está inchada, irregular, com a textura endurecida. O diagnóstico pode ser confirmado com uma ultrassonografia.

Por falta de informação, muitos não procuram ajuda de forma preventiva. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia, 77% dos homens têm preconceito com o exame e 54% dizem ter medo de se submeter ao toque retal. Tamanha resistência impede o diagnóstico precoce. "O indivíduo com HPB que não se tratar pode ter problemas urinários severos lá na frente, como necessidade de sondagem para conseguir esvaziar a bexiga ou precisar de uma intervenção cirúrgica", alerta o urologista Antônio Carlos Pompeo.

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