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Inveja nas redes sociais?

O sentimento bíblico (vide Caim e Abel) está vivinho na tela do seu computador. O melhor é se precaver e pensar bem antes de postar a melhor fatia da vida

postado em 16/06/2013 08:00
Férias no Caribe, aniversário de casamento, promoção na empresa. Troféus que poderiam ser compartilhados com um restrito grupo de amigos e parentes vão parar na mesma zona de convergência de informações da atualidade: as redes sociais. Fatos e fotos publicados logo serão "curtidos" e comentados por um grupo de "amigos" pra lá de extenso. Nesse cenário, o que poucos se dão conta é que um olho gordo está à espreita. Pelo menos é o que foi constatado por pesquisadores alemães no estudo Envy on Facebook: a hidden threat to user;s life satisfaction? (Inveja no Facebook: uma ameaça velada à satisfação pessoal?, em tradução livre). Acredite, há mais invejosos nas redes sociais do que se imagina.

Seguidores nem sempre muy amigos no mundo analógico, quando migram para o ambiente virtual, tendem a desenvolver frustrações relacionadas a tudo o que você posta. Eis a semente da inveja. Para chegar a essa conclusão, os acadêmicos das universidades de Humboldt e Darmstadt, na Alemanha, entrevistaram um total de 600 pessoas, entre homens e mulheres, por volta dos 24 anos de idade, todas residentes no país europeu. Resultado? Um em cada três participantes assumiu se sentir pior após acessar a rede social mais famosa do mundo. A insatisfação gerada nos entrevistados estava diretamente relacionada à comparação com a vida dos outros.

O sentimento bíblico (vide Caim e Abel) está vivinho na tela do seu computador. O melhor é se precaver e pensar bem antes de postar a melhor fatia da vida
De olho no meu jardim
Ressabiado com a perspectiva de ser alvo de algum invejoso, Carlos Eduardo Soares Basílio, 21 anos, estudante de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB), adota métodos para se proteger na rede da qual faz parte desde 2009. Na última semana, por exemplo, aconselhou amigos mais próximos a fazerem o mesmo: "Gente, não comemora nada no Facebook. Cuidado com o olho gordo. Na verdade, não faz mais nada no Facebook. Não finge que é intelectual, não fala mal de ninguém (;) Fica só de boa aí;" (sic).

A dica imperativa publicada pelo jovem estudante veio logo após tomar conhecimento que um amigo havia sido assaltado um dia depois de comemorar boas-novas na página. "Pode ter sido uma grande coincidência, mas acredito que a inveja possa realmente fazer as coisas darem errado. Daí resolvi postar isso", conta. Membro de outras plataformas sociais, como o Twitter, o Instagram, o Google%2b e o LinkedIn, Carlos Eduardo optou por restringir seus posts para os mais íntimos. Toda e qualquer atualização passa por seu crivo. Mesmo um membro da família ; se não for dos mais chegados ; não terá acesso às fotografias e às novidades compartilhadas pelo estudante.

"Apesar de serem consideradas um mundo à parte, as redes sociais são habitadas por pessoas, e pessoas podem sentir inveja. Às vezes, é mais fácil ser falso pelas redes sociais, nas quais ninguém está vendo sua cara quando você comenta: ;Nossa; Que foto bonita; ou ;Parabéns! Você merece;", atesta. Ele mesmo confessa já ter sentido uma "invejinha" por querer estar no lugar do outro. Nada grave. "Já senti algo do tipo: ;Queria um presente assim, como o dele;. E não: ;Quero que esta viagem dê errado;", esclarece.

Leia a reportagem completa na edição n; 422 da Revista do Correio.

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