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Respeite seu pet de cabo a rabo

O Conselho Federal de Medicina Veterinária proibiu a cirurgia que "apara" o cauda de cães, procedimento "estético" muito comum em algumas raças

postado em 07/07/2013 08:00

O Conselho Federal de Medicina Veterinária proibiu a cirurgia que Quem não se derrete quando o pet vem correndo em sua direção, abanando o rabinho de alegria? Durante algum tempo, porém, esse momento ficou incompleto para alguns cães e donos por causa da caudectomia ; procedimento que consiste no corte do rabo cachorro, feito entre as articulações que unem os pequenos ossos, explica a veterinária Fernanda Oliveira Ramos, diretora de saúde do Kennel Club de Brasília. O consenso negativo em torno da operação se deve ao fato de que era feita, sobretudo, para fins estéticos.

Em 18 de junho passado, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) publicou uma norma na qual proíbe a realização da caudectomia. O veterinário e presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda, explica que, em se tratando de intervenções cirúrgicas em animais, a questão estética não pode ser a prioridade. "Devemos sempre prezar pela vida e bem-estar do animal, assim entendemos que não podemos ser coniventes com essa prática", completa Arruda. A cirurgia já era oficialmente desaconselhada pelo CFMV desde 2008.

Embora a polêmica seja antiga, o número de cães mutilados é alto. Em algumas raças, nas quais o rabo curto e ereto é considerado mais bonito, o corte é feito antes que o filhote complete três dias de vida, o que dificulta a compra de animais com o rabo intacto. O hábito é tão disseminado entre algumas raças que a visão do rabo inteiro causa estranhamento na maioria das pessoas.

Fernanda Ramos explica que a decisão de fazer o corte antes dos três dias de vida está relacionada à sensibilidade do cão. Logo ao nascer, o rabo ainda não apresenta muita consistência, o que faz com que o corte seja mais fácil e menos dolorido. No entanto, Arruda explica que, mesmo com a anestesia geral, o processo pós-operatório é muito sofrido para o animal. Além de sentir dor, o cão fica exposto a situações de risco ; o incômodo com os pontos, por exemplo, pode fazer com que ele morda o que sobrou do rabo, causando edemas e infecções. "Há o risco de contaminações que causam a paralisação dos membros traseiros", completa o veterinário. Em canis, existe o perigo adicional de o cão operado ser atacado pelos outros, que passam a não reconhecê-lo.

Os yorkshires são os mais visados e é raro encontrá-los com o rabo inteiro. Pingo, de 1 ano, e Marie, de 1 mês e meio, são exceções. Quem intercedeu em favor deles foi a dona, Giuliana Alcântara Vasconcelos, 17. A jovem conta que comprou Pingo com o rabo inteiro e que um tio, sócio de petshop, incentivava o corte. Giuliana discordava. Pingo chegou a ser preparado para o cirurgia, mas a vontade da dona acabou prevalecendo. A postura se manteve com a chegada de Marie. "Sou contra essas cirurgias. Além de toda a dor, eles já são muito bonitos do jeito que nasceram", completa Giuliana.

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