Revista

Endereços fora da órbita

Conheça pessoas e lugares que deslocam o centro de gravidade da capital federal. Graças a eles, o brasiliense visita outras cidades do DF e expande seu universo de referências

Renata Rusky
postado em 24/11/2013 08:00
É corriqueiro morar nas cidades do Distrito Federal e trabalhar no Plano Piloto. Brasília, geralmente tão particular, imita outras capitais nesse quesito. Mas isso não impede a efervescência das regiões vizinhas. Atualmente, alguns empreendedores preferem montar seus negócios longe das Asas. Não faltam motivos. Seja por tradição (raízes familiares bem fincadas), seja por comodidade (o trânsito não ajuda), seja por economia (os aluguéis no Plano seguem em alta).

Não estamos falando de empreendimentos acanhados, limitados à vizinhança. Cada um deles busca um diferencial para atrair o público de outras regiões. Alguns já firmaram um filão e se converteram em referência. Em alguns meios, sair das asas Sul e Norte é considerado cool, uma lufada de ar fresco contra a mesmice.

A Revista do Correio, hoje, conta as histórias de lugares ;fora do eixo; que valem a visita. Eles têm aquele toque que os torna únicos e encorajam ;pegar a estrada; para conferir o que oferecem. Tudo isso com a vantagem dos preços mais em conta.

Conheça pessoas e lugares que deslocam o centro de gravidade da capital federal. Graças a eles, o brasiliense visita outras cidades do DF e expande seu universo de referências

Corte e simpatia

O transporte público na cidade não é de dar orgulho aos moradores. Mesmo com a dificuldade que ele impõe, Arthur Laven;re, 24 anos, estudante, desloca-se da Asa Sul ao Guará por um corte de cabelo. Ele não tinha muito gosto pela coisa, sempre achou que os cabeleireiros faziam tudo muito igual. Acabava com um modelo tradicional, reto, ;sem sal;, nas palavras dele. Até que testou um salão em São Paulo. Quando retornou, um amigo indicou que ele fosse ao Espaço Ferrugem, onde conseguiria um estilo de corte similar.

A casa que o Espaço ocupa foi toda decorada pela família Ferrugem e tem charme em cada canto. Lá, está à venda a coleção de roupas de Fernanda Ferrugem. Uma de suas irmãs, Isabella Ferrugem, corta cabelos e tem um grande brechó. Desde que conheceu a cabeleireira, Arthur adotou, por definitivo, um corte mais alternativo. O brechó é mais um ponto positivo para ele, cujas roupas são quase todas compradas em lojas do gênero.

Isabella Ferrugem já considerou mudar-se para a Asa Sul, mas a ideia ficou para trás. É só ver o tamanho e a localização da casa em que trabalha. ;Aqui, eu tenho o conforto de estar perto de casa, tenho bastante espaço, estacionamento fácil e ainda essa praça enorme aqui em frente;, enumera. ;E nem é tão longe assim. O pessoal tem, na verdade, preconceito e preguiça;, reclama. Ela conta que, muitas vezes, vão famílias inteiras cortar o cabelo com ela. Enquanto a mãe é atendida, o pai vai à padaria, ao açougue e até brinca com as crianças na praça.

Ela não se restringe a uma clientela só ; atende adultos e crianças, alternativos e madames ;, mas limita-se a apenas cortar. ;O interessante disso é que não tem clima de salão e aquela poluição sonora absurda de secadores de cabelo. Nós ouvimos é música boa.; Metódica, ela gosta mesmo é de trabalhar sozinha, sem ajudantes para lavar o cabelo. Quem corta com Isabella Ferrugem sai com o cabelo molhado e gosta dele assim mesmo.

A cabeleireira realmente conquista a confiança da clientela ; e novas indicações a cada dia. A estudante Bárbara Lopes, 22, mora no Sudoeste e começou a frequentar o salão há quase dois anos. Todas as suas amigas, moradoras das Asas Sul e Norte e do Lago Norte, tornaram-se clientes de Isabella. Há três meses, Bárbara cortou 45cm do cabelo que tanto estimava. Antes, ela não tinha coragem de ter o cabelo mais curto, mas, finalmente foi convencida pela cabeleireira. As madeixas tiveram um fim nobre. Foram doadas à Abrace. Mesmo hoje, apesar de já ter crescido um pouco, o cabelo não perdeu o corte e ainda é elogiado.

O clima é informal e Isabella cria uma relação de amizade com cada cliente. Bárbara se despede com um ;até sexta;, quando pretende assistir Isabella tocar, já que a cabeleireira também é DJ. Muitos dos clientes já se conhecem, afinal um indica o outro. Se não se conhecem, o ambiente aconchegante do salão faz com que se conheçam. Bárbara, por exemplo, ofereceu uma carona ao cliente anterior ; até então desconhecido ; que andaria cerca de 1km até a estação de metrô mais próxima.

Leia a reportagem completa na edição n; 445 da Revista do Correio.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação