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A idade do pai faz diferença na saúde mental das crianças

O neurologista Ricardo Teixeira aponta pesquisa que mostra que filhos podem ter mais dificuldade na escola se o pai for mais velho

postado em 10/03/2014 11:44

O neurologista Ricardo Teixeira aponta pesquisa que mostra que filhos podem ter mais dificuldade na escola se o pai for mais velho

Por Ricardo Teixeira

Pais com idades mais avançadas têm filhos com maior chance de apresentar dificuldades na escola e até mesmo de sofrer de mais condições psiquiátricas. Essa é a conclusão de uma pesquisa liderada por pesquisadores da Universidade de Indiana nos EUA e Instituto Karolinska na Suécia. O estudo foi publicado na última semana pelo periódico especializado em psiquiatria do Jornal Americano de Medicina (JAMA).

A pesquisa avaliou todos os nascimentos na Suécia entre os anos de 1973 e 2001, num total de mais de quase três milhões de crianças. Quando comparada a uma criança nascida de um pai de 24 anos, aquela cujo pai tem 45 anos tem uma chance duas vezes maior de apresentar surtos psicóticos, 2.5 vezes maior de apresentar abuso de substâncias psicoativas e comportamento suicida, uma chance 3.5 maior de ser autista, 13 vezes maior de sofrer de transtorno de déficit de atenção / hiperatividade e 25 vezes maior de ter transtorno bipolar. Os problemas acadêmicos também foram mais frequentes entre os filhos de pais mais velhos e incluía repetência e baixos escores de QI. O efeito foi maior quando os pais eram mais velhos, mas não foi identificada uma idade de corte a partir da qual pode se esperar maior risco.

O efeito da idade mais avançada da mãe sobre a saúde dos filhos já é tema bastante estudado. No caso dos pais, os estudos anteriores mostravam algumas contradições. Reconhece-se que o tamanho da amostra e a metodologia usada
nesse estudo fazem com que o levemos mais em consideração do que os anteriores.

Os homens continuam a produzir ovos novos durante toda a vida, diferente as mulheres que nascem com todos seus óvulos. À medida que o homem envelhece, aumenta sua exposição a toxinas que por sua vez causa mutações no DNA dos espermatozoides. Já temos evidências consistentes de que o esperma de homens mais velhos têm mais dessas mutações
genéticas.

* Dr Ricardo é doutor em neurologia pela Unicamp e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília.

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