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"Prefiro ser peixe grande em um aquário menor"

Em um rápido bate-papo com a Revista, a atriz Juliana Paes fala sobre planos profissionais, política, filhos e conta por que desistiu de investir em uma carreira internacional

Sibele Negromonte
postado em 24/08/2014 08:00

Em um rápido bate-papo com a Revista, a atriz Juliana Paes fala sobre planos profissionais, política, filhos e conta por que desistiu de investir em uma carreira internacionalEla chega um pouco atrasada para o café da manhã programado com jornalistas. Mas, linda, vestindo calça jeans rasgada, blazer, salto altíssimo, bolsa Prada e, sobretudo, esbanjando simpatia, a atriz Juliana Paes não dá asas ao mau humor. Brinca com todos, tira fotos e, profissional, vai logo ao ponto do encontro: o lançamento de um perfume com o seu nome. Enquanto devora um prato de frutas, ouve da alimentadora de sua fanpage que já tem 2,5 milhões de seguidores. Espanta-se, afinal, confessa, não costuma postar diariamente. Nem sempre, garante, seus dias são tão interessantes que mereçam registros. "Acho uma loucura essa história de postar o que você come. Quem vai se interessar por isso? O que tem isso de relevante?", brinca. Para, em seguida, fazer uma promessa de ficar mais atenta, principalmente com os fãs, e estar mais presente nas redes sociais.

Com o cabelo mais curto, Juliana logo explica que doou as madeixas. A atriz lançou uma campanha, no salão de beleza que mantém com a mãe, para que as clientes doem os fios cortados para a confecção de perucas, que serão entregues a mulheres em tratamento de câncer de mama. Também conta que, na noite anterior, depois de fotografar para uma revista, participou da campanha #IceBucketChallenge ; na qual famosos de todo o mundo são desafiados a tomar um banho de gelo em prol dos pacientes de esclerose lateral amiotrófica. Entrou na "brincadeira" toda produzida mesmo, "se não, não tinha coragem". "Agora, acho que deveria começar uma segunda campanha: a dos cheques. Tem que deixar de oba-oba e provar que as doações vão mesmo chegar à causa."

Em um rápido bate-papo reservado com a Revista, Juliana Paes se mostrou assim, engajada com as causas sociais e preocupada com o futuro do país ; um dos raros momentos em que tira o sorrisão do rosto e fala, pausadamente, em tom sério. Quando o assunto são os dois filhos, Pedro, 3 anos, e Antônio, 1, os olhos se iluminam. Como a maioria das mulheres, sente-se culpada por não estar mais presente do que gostaria. "Não consigo colocar uma malha, um tênis e dizer: ;Tchau, filhos, vou para a academia!’ Não dá. Sentir a culpa, eu vou sentir sempre. Como vou conviver com ela é que são outros quinhentos", admite.

Vencedora do Kikito de ouro de melhor atriz, no Festival de Cinema de Gramado, por seu papel como Morena no filme A despedida, Juliana garante que não mede esforços para conseguir bons papéis, que lhe instigue. Procura, ao máximo, desvincular-se do estereótipo de mulher sexy para provar que é mais que um corpo bonito. Recém-saída da novela Meu pedacinho de chão, em que interpretou Catarina, a atriz já tem dois trabalhos engatados à vista: o remake do programa Globo de Ouro, ao lado do ator Márcio Garcia, para o Canal Viva, com gravações previstas para setembro, e a minissérie Dois irmãos, de Luiz Fernando Carvalho, que vai ao ar em janeiro e se passa em Manaus.

Carreira internacional
"Para cavar e conseguir coisas em Hollywood, você tem que estar lá. Tem que fazer lobby, ir nos testes, conhecer os diretores. Não adianta ficar mandando DVDs. Quando saiu a revista People com a eleição das 100 pessoas mais bonitas do mundo, foi uma surpresa para mim, mas eu estava na lista. Eu tenho um grande amigo que mora nos EUA e conhece um agente de atores e ele perguntou se eu não queria ir lá para ele me conhecer. Aproveitei um final de novela e fui. E ele gostou de mim, adorou o meu perfil e tal, mas pediu para eu ficar lá. E eu não podia. Aí eu abri mão mesmo. Falei assim: ;Na boa, no dia que pintar alguma coisa, você me avisa;. Até teve um convite para fazer uma participação no Desperate houwives, mas eu já estava comprometida com uma novela aqui; Pra ser peixe pequeno em um aquário grande, eu prefiro ser peixe grande em um aquário menor."

Sensualidade
"O lado sexy e sensual é o mais óbvio, o que as pessoas veem primeiro. Acho que eu consegui, com o passar dos anos, com muito trabalho, dedicação e estudo, mostrar que eu sei fazer outras coisas; que, além dos atributos físicos, eu tenho atributos artísticos, psicológica, artística e sensivelmente relevantes. O mundo da arte, da composição de personagens é um mundo de sutilezas. Você precisa do papel em suas mãos para poder dizer a que veio, e isso só o tempo diz, só o tempo mostra o nosso talento, só as chances de fazer dão conta de mostrar o que você pode fazer."

Política
"Nesses dias, a gente está de luto, a gente estava apostando muito no Eduardo (Campos). Acho que ele era um nome muito promissor. Não sei se votaria nele; Talvez sim. Mas, até por contrato com a TV Globo, nós não podemos nos manifestar publicamente sobre política. As minhas crenças políticas ficam bem no âmbito privado, minha família, meus amigos sabem, mas publicamente não posso levantar bandeira."

Desafio para o próximo governante
"O Brasil precisa de educação. O Brasil precisa trabalhar o futuro do Brasil. As crianças é que são a chave do sucesso. É formar da base. A gente tem que ter dignidade, saúde, saneamento básico; tudo isso são direitos inerentes. Mas a educação é o que realmente pode transformar uma nação. Até os 7 anos, você forma o caráter de um indivíduo, e a gente precisa de indivíduos de bom caráter, de boa índole. O Brasil tem um longo caminho para percorrer. Às vezes, fico achando que o Brasil fica muito preocupado com bolsa-família. É importante alimentar? Claro que é. Uma criança bem nutrida é uma criança que vai estudar. Mas não adianta a gente dar comida e não alimentar a cabeça. "

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