A 404 e a 405 Norte foram quadras construídas logo no início da cidade. Quando seu Ichikichi estacionava o caminhão para vender suas verduras, não tinha nem a SAB na quadra (os supermercados estatais da época). O japonês que mal falava português nunca imaginaria que o genro Rogério e a filha Marico, que viriam a assumir a sua mercearia, o La Palma, estariam hoje abastecendo os gourmets da cidade e até o Palácio da Alvorada.
Rogério Netto é tipo o embaixador da comercial da 404 Norte, conhece todo mundo, frequenta os restaurantes e sabe das fofocas da rua. Sempre atravessa a rua para almoçar o pratinho feito da Ritinha, dona da Sorbê, famosa pelos sorvetes artesanais com frutos do cerrado, do outro lado da via. O PF é só para quem chega cedo ou faz reserva.
Depois que Rita Medeiros montou a Sorbê, que ostenta um lindo painel do Athos Bulcão, atraiu para a 405 Norte o restaurante Naturetto e a Galeria Almeida Prado, local para achar móveis retrô e obras de artistas da cidade e nacionais. Há pouco, chegou a Fulanitas de Tal, da Eunice Pinheiro, com seus sapatos superbacanas e diferentes.
A quadra conta com lojas muito diversificadas: o primeiro endereço da Monjolo, adega, salão infantil, loja mística e de candomblé, botecos, material de construção, supermercado, farmácia, brechó e costureira, muito diferente das outras comerciais, que têm uma tendência em agrupar tipos de comércio.
O Fabio, da Galeria Almeida Prado, tem recomendado a Moqueca do Chefe, que acaba de abrir na 404 Norte, pelos pratos baianos ou pela cervejinha com bolinho de bacalhau.
Uma tradição na rua é o Ki filé, do cearense Raimundo Nonato, com sua feijoada e seu lendário parmegiana. Do outro lado da rua, bonecas do Fulô do Sertão, sentadas em cadeiras, assistem ao vaivém da rua.
A Eunice e o pessoal dos blocos C e D têm organizado a Feira Criativa 4zero5norte em alguns fins de semana. E, assim, a cada hora rola uma história.