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A obra da santa

No primeiro episódio desta série de reportagens, uma visita ao ateliê da escultora que, ao criar imagens religiosas, ajudou a revitalizar o povoado de Olhos d'Água

Gustavo Falleiros
postado em 05/07/2015 08:00

No primeiro episódio desta série de reportagens, uma visita ao ateliê da escultora que, ao criar imagens religiosas, ajudou a revitalizar o povoado de Olhos d'Água No primeiro episódio desta série de reportagens, uma visita ao ateliê da escultora que, ao criar imagens religiosas, ajudou a revitalizar o povoado de Olhos d'Água
A resistência da pequena Olhos d;Água, a 100km de Brasília, parece obra divina. Vai saber... O certo é que a santa que trouxe fama à vila goiana é obra de Fatinha. Um trabalho de teimosia da imaginação; de insistência em ver na palha do milho coisas que ninguém via. Para ela, era questão de tratar bem a fibra, de plantar os milhos certos, de cruzar os tipos de grãos para chegar às cores sonhadas.

Nessa busca, o acaso fez sua parte. "Na época em que comecei, eu não queria fazer boneco: eu queria fazer obra de arte com a fibra da bananeira e a palha do milho. Queria ser reconhecida e fazer um bom trabalho, sabe? Comecei a desenvolver esses movimentos sacros na palha. O dia em que eu consegui fazer a primeira Virgem com essa leveza, eu me lembro até hoje, eram 4 da manhã... Eu queria explodir de alegria. Olhei: ;Nossa, eu consegui;."
No primeiro episódio desta série de reportagens, uma visita ao ateliê da escultora que, ao criar imagens religiosas, ajudou a revitalizar o povoado de Olhos d'Água
O destino, o grande fazedor, foi encaminhando a moça. Primeiro, Fátima Dutra trocou a tecelagem pelas esculturas com materiais do cerrado. Foi "descoberta" pelo Sebrae e entrou na roda-viva das feiras nacionais de artesanato. O ofício individual deu lugar a um ateliê com oito funcionários, para enfrentar a demanda. Seguem-se 10 anos de labuta, durante os quais o povoado foi ganhando visibilidade, até se tornar um polo de arte popular. Em 2011, Fatinha e a santa recebem das mãos da apresentadora Ana Maria Braga o prêmio Acorda menina. Está no YouTube, olha só: http://migre.me/qzCtJ .

Hoje, a imaginação da artesã se divide entre os enfeites natalinos, já encomendados, e o plano de criar uma série muito especial de bonecas em homenagem às mulheres brasileiras. A ideia ainda está muito funda em sua cabeça, vai precisar cavucar bastante, porque a vontade é de fazer uma obra-prima. Nossa Senhora ajude.
No primeiro episódio desta série de reportagens, uma visita ao ateliê da escultora que, ao criar imagens religiosas, ajudou a revitalizar o povoado de Olhos d'Água
ASSISTA AO VÍDEO
No perfil da Revista no YouTube, Fatinha conta como usa tela de galinheiro, folhas secas, cabaças e fibra de bananeira em suas obras: http://youtu.be/jGzL7r2AyPM

Agradecimento:Edelvais Jeker

No primeiro episódio desta série de reportagens, uma visita ao ateliê da escultora que, ao criar imagens religiosas, ajudou a revitalizar o povoado de Olhos d'Água
Fatinha, 55 anos

Tipologia
Bonecas em palha de milho, fibra de bananeira, cabaça e flores do cerrado.

Localização
Olhos d;Água (GO)
Contato
(62) 3322-6197

fibrasefios.fatinha@gmail.com

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