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Modalidade criada por professor de educação física brasiliense mistura fundamentos do futebol, vôlei, basquete e handebol e é garantia de diversão e de exercício intenso

Ailim Cabral
postado em 31/03/2016 16:30

Em 2005, uma ideia nasceu na cabeça de um adolescente de 17 anos acostumado a jogar diversos esportes diferentes. Em um "estalo", como definido por ele mesmo, o garoto imaginou como seria uma atividade que unisse regras e aspectos de todas as modalidades que estava acostumado a praticar, assim surgiu o futmanobol. O que começou como um sonho de menino, vai, este ano, fazer história. O criador da modalidade, Cristiano Hoppe Navarro, 28 anos, está montando um grupo de jogadores que vão para o Rio de Janeiro durante as Olimpíadas para continuar disseminando a modalidade. "Queremos profissionalizar cada vez mais, estamos à procura de patrocinadores e apoiadores para crescermos. Para mim, o futmanobol é um sonho tornado realidade, uma possibilidade criativa e um esporte completo", afirma o jovem.

A ideia de Cristiano saiu do papel em 2010. O praticante de futebol, futsal, vôlei, basquete e handebol, entre outros, era estagiário na Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília (UnB) e aproveitou a oportunidade para transformar sua ideia em algo real. "Um dia, eu perguntei a um professor se podia experimentar com uma das turmas e ele gostou", conta Cristiano.

Modalidade criada por professor de educação física brasiliense mistura fundamentos do futebol, vôlei, basquete e handebol e é garantia de diversão e de exercício intenso

No semestre seguinte, a Prática Desportiva Futmanobol passou a ser oferecida como disciplina na UnB. Vários alunos tiveram contato com o esporte que mistura fundamentos do futebol, vôlei, basquete e handebol. Cristiano fazia parte da Associação Atlética Acadêmica da UnB e sugeriu que a modalidade integrasse os jogos internos da universidade. "Durante duas edições, tivemos o futmanobol. Na segunda, o campeonato teve a participação de 10 times. A expectativa é que este ano a prática volte a integrar o evento", afirma Cristiano.

Hoje, o criador do futmanobol trabalha como técnico desportivo na Coordenação de Esporte e Lazer da Diretoria de Esporte Arte e Cultura do Decanato de Assuntos Comunitários da UnB e espera reinserir a modalidade na universidade. "Muito gente já jogou em Brasília, levei os fundamentos para várias escolas e faculdades da cidade e participando dos jogos internos da UnB conseguimos trazer esse caráter profissional, de campeonato", explica.

Quando teve a ideia, Cristiano pensava em um esporte que fosse completo e trabalhasse a maior quantidade possível de músculos e partes do corpo. "O símbolo do futmanobol é o Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, que traz a ideia de completude e integração", conta.

O pai do futmanobol pratica o esporte quase todo fim de semana e costuma estar acompanhado por um mesmo grupo de amigos, tão entusiastas do esporte quanto ele. O estudante Erick Jordan Alves Colares, 19 anos, conheceu a modalidade há cerca de um ano, por meio do próprio Cristiano e se empolgou. "Achei bem interessante, eu jogava futebol e gostei das novas possibilidades. É uma coisa nova, então você pode ir criando as próprias técnicas para jogar", afirma. A regra preferida de Erick é a possibilidade de usar as mãos.

Modalidade criada por professor de educação física brasiliense mistura fundamentos do futebol, vôlei, basquete e handebol e é garantia de diversão e de exercício intenso

Assim como Erick, o estudante Lucas Mariano Santos da Paz, 19 anos, é amigo de Cristiano e acabou sendo fisgado pelo futmanobol. "É o melhor esporte do mundo", diz, empolgado. Sempre que é marcada uma partida, Lucas tenta participar e aproveita para apresentar o esporte ao maior número de pessoas possível. Mesmo com o crescimento da modalidade em Brasília e do fato de os amigos terem apresentado a modalidade a diversos estrangeiros durante a Copa do Mundo, Lucas afirma ser o melhor do mundo. "Eu me autointitulo o melhor jogador de futmanobol do mundo. Não existem registros de ninguém melhor", brinca.

Lucas coloca o dinamismo como maior vantagem do esporte. Ficar ativo durante toda a partida e exercitar mais de um grupo muscular ao mesmo tempo são as características que mais atraem os atletas para a modalidade. "Já nadei, joguei futebol e vôlei. Eu curto o fato de poder incorporar minhas habilidades todas juntas, a cortada do vôlei, o drible do futebol e do handebol. Tem espaço para tudo isso nas jogadas", completa.

Completando o quarteto dos mais frequentes no esporte, está o servidor público Lucas de Brito Andrade, 27 anos. Familiarizado com o futmanobol há cerca de quatro anos, ele conta que achou "uma coisa meio louca no começo". Lucas buscava uma turma de futebol na UnB e viu que as vagas estavam esgotadas, passou os olhos pelo nome futmanobol e se interessou. "Era a primeira turma e apesar de achar estranho no começo, me identifiquei muito com essa mistura", lembra. Lucas acabou ficando amigo de Cristiano depois de conhecer o esporte.

Os adeptos do futmanobol estão crescendo em Brasília e depois de jogar ao lado do Museu Nacional durante a Copa do Mundo e apresentar o esporte aos gringos e turistas brasileiros, a ideia é continuar expandido a divulgação.

REGRAS

O ideal é que cada time tenha quatro integrantes. O objetivo do jogo é o gol e a partida é dividida em quatro tempos de 10 minutos.

Existem três regras principais

1 - Apesar de poder ser tocada com as mãos e braços, a bola não pode ser conduzida ou carregada, assim como no basquete.

2 - Para tocar a bola com as mãos, é necessário que ela esteja no ar. Quando estiver rente ao chão, só pode ser tocada com os pés.

3 - O jogador não pode dar mais de três toques consecutivos com a mão. Após três movimentos com as mãos, ele pode revezar com a cabeça, peito, pernas e pés antes de voltar a bola para as mãos.

Outras regras importantes

Não existem goleiros, todos os jogadores tem as mesmas possibilidades e podem tanto atacar o gol adversário quanto proteger o próprio.

Caso o jogador dê mais de três toques consecutivos com a mão, o time adversário cobra uma falta no lugar da infração.

A reposição de bola é feita com os pés e bola no chão ou com as mãos em dois toques, como um saque.

A bola só está fora de disputa quando encosta no chão no exterior da área delimitada ou quando são dados dois toques fora da área de jogo.

A modalidade, oferecida na Universidade de Brasília, é praticada por times com quatro integrantes: movimento para vários grupos musculares.

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