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A busca por uma alimentação mais saudável aumenta o mercado fit em Brasília

Mais do que focar em quantas calorias vai ao prato,as pessoas buscam uma alimentação saudável. O mercado amplia as opções e oferece desde sobremesa magra à refeição congelada e balanceada,além de cursos para quem quer preparar a própria comida fit

Juliana Contaifer
postado em 11/09/2016 08:00 / atualizado em 19/10/2020 17:26
Mais do que focar em quantas calorias vai ao prato,as pessoas buscam uma alimentação saudável. O mercado amplia as opções e oferece desde sobremesa magra à refeição congelada e balanceada,além de cursos para quem quer preparar a própria comida fit
É conhecido que o brasiliense gosta, e muito, de praticar atividades físicas. As quadras de esportes, sempre lotadas; as academias cheias; as calçadas, que se tornaram pistas de corredores de rua; as ciclovias frequentadas pelas bicicletas, e o já tradicional sup (stand up paddle) no Lago Paranoá garantem que há vida ao ar livre, fora de casa, e que a gente do quadradinho tem vocação para ser mais leve. Aliado a esse desejo de ser saudável, a alimentação vem se transformando. Se, até pouco tempo atrás, sinônimo de comer bem era consumir um prato cheio de manteiga, com muita sustança, e praticidade significava ingerir refeições industrializadas e congeladas cheias de sódio, hoje o cenário é outro.

Não é preciso ir a um restaurante vegetariano para comer bem e, muito menos, deixar para trás o sabor característico da comida benfeita em nome da saúde. O mercado de refeições fit e funcionais toma conta da alimentação brasiliense a olhos vistos. Basta perceber a quantidade de novos estabelecimentos especializados em comida leve, os mercados que vendem frutas secas a granel, farinhas de arroz ou de aveia, leite de amêndoas, castanhas. Aumentou também a quantidade de colegas que adotaram, de vez, as marmitas na hora do almoço e os cozinheiros de primeira viagem que, inspirados nos programas de culinária, e em muitas páginas na internet que sugerem versões mais leves de pratos clássicos, organizam jantares para apresentar opções gostosas e sem peso aos amigos.

Variando a dieta e optando por uma alimentação mais amiga da saúde, nem o corre-corre da vida cotidiana é desculpa para comer mal. Existem serviços de entrega semanal de cestas cheias de orgânicos para abastecer a cozinha. Se não há tempo, é possível encomendar comida congelada balanceada que chega à porta de casa. Se bate vontade de doce, são muitas as opções saudáveis, com menos ou nenhum açúcar, e pouco carboidrato. Em Brasília, só come besteira quem quer.
 
Diretamente para sua casa

Um dos jeitos mais fáceis de se alimentar bem, sem se preocupar com as receitas (e com as panelas sujas) é o serviço de delivery de marmitas congeladas. A cada semana, chega à porta de casa um tanto de porções prontinhas, pensadas de acordo com o cliente, com a ajuda de uma nutricionista, com pesos e quantidades exatos. Basta colocar o potinho no micro-ondas e voilá! Refeição saudável e gourmet pronta.

A família de Luciana Camargo, 32 anos, sempre foi envolvida com cardápios balanceados. Alguns irmãos são vegetarianos, e o pai fazia questão de garantir, nas refeições, mais legumes e verduras do que a cidade de Unaí, onde moravam, tinha para oferecer. Assim, mandava trazer tudo de Brasília. Luciana começou a fazer faculdade de direito, de design de interiores, mas, no fundo, sempre foi cozinheira. E a influência do pai nunca deixou seus pratos.

"Comecei fazendo sopa e dieta para as minhas amigas. Eu tinha um namorado personal trainer e fazia a comida dele também. Tinha receio de cozinhar para fora, mas fui pesquisando a comida congelada. Hoje, se tornou a minha paixão. É o que eu faço com mais amor", conta. Em abril deste ano, quando decidiu mesmo abrir o Cozinha Fit Food, a cozinheira fez parceria com uma nutricionista, que a ajuda a equilibrar os pratos e as quantidades, e pediu ajuda a dois chefs de cozinha de Unaí para aprender a congelar refeições.

"Para não sair da refeição saudável, e também não entrar na rotina chata da mandioca com peito de frango e de comer sempre a mesma coisa, uso várias ervas. É um tipo de comida fitness gourmet. Estou sempre inventando", explica Luciana. Nos pratos, pouquíssimo sal — o tempero fica por conta das ervas —, e a maior parte dos ingredientes é preparada pela cozinheira.

Ela conta que tinha certeza de que o público das marmitas seria exclusivamente de "bombados de academia". Justamente contrário aconteceu. Luciana começou a receber ligações de senhoras e senhores que procuram praticidade aliada à alimentação saudável. Alguns fazem dieta, outros, mais jovens, nem querem emagrecer e sequer fazem exercício físico, mas procuram mudar a rotina e o estilo de vida. "Esse mercado se abriu muito. As pessoas estão se conscientizando de que o prazer imediato da comida traz malefícios a longo prazo. Estão percebendo que precisam mudar a alimentação para ter uma vida melhor", conta. E Luciana faz questão de entregar as marmitas. Vai, conversa, pede retorno. "Não quero que desistam, fico no pé mesmo!"

A cozinha do apartamento dela ficou pequena, por isso, o negócio agora está se mudando para uma loja. Mas a comida continua caseira. O molho de tomate, por exemplo, é uma receita que Luciana fazia para o filho, que se recusava a comer verdura. Colocava vários legumes no liquidificador e batia para que ele não percebesse. O suco de frutas misturadas surgiu como "suco amor de mãe", para que Iago, 6 anos, não soubesse o que tinha dentro e provasse. E o negócio trouxe uma alimentação mais balanceada, inclusive para o pequeno. "O paladar dele foi mudando e agora adora provar as receitas novas. Diz que é para ter certeza que os clientes vão gostar. A nossa alimentação e a nossa rotina mudaram muito depois que comecei com as marmitas."
 
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