Amanda Ferreira - Especial para o Correio
postado em 24/10/2017 16:30
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A última semana do mês rosa começou especial para os funcionários do Desiderata Hair Institute, que, em parceria com o Correio e com o Hospital do Câncer Anchieta realizou, nesta terça-feira (24/10), um mutirão para doação de cabelos. As selecionadas que passaram pelo salão tiveram a oportunidade de renovar o corte e reutilizar o que seria descartado ; as mechas cortadas, com cerca de 15cm, serão doadas para a Rede Feminina de Combate ao Câncer, que, em alguns dias, encaminhará perucas prontinhas ao Hospital de Base.
No salão, o clima era de animação. A sensação, para muitas mulheres, era de dever cumprido. Mais de 10 mulheres passaram pelas tesouras, secadores e espelhos iluminados. No sofá da sala de espera, não havia mais espaço para ninguém e, muito menos, para desânimo. Todas saíam de cabelos cortados, certificado na mão e esperança renovada. Para o cabeleireiro e proprietário do salão, Marcelo Di Mari, a iniciativa é a garantia de que outras pessoas serão ajudadas e terão a autoestima revitalizada. ;É uma causa nobre e estamos superdispostos a ajudar. Sempre fazemos ações semelhantes e, agora, ver outras pessoas e locais se mobilizando é muito bom;, disse. O Desiderata Hair abriu especialmente para receber o Correio e as doadoras.
A empregada doméstica Almerinda dos Santos, 53 anos, influenciada pela amiga e chefe, não perdeu a oportunidade de praticar o ato de solidariedade. Logo cedo, já esperava para ser atendida. Chegou com os cabelos abaixo do ombro e saiu com um corte chanel e um sorriso no rosto. ;Estava com vontade de doar há algum tempo. Então, parei de cortar o cabelo e comecei a cuidar. É um dia de beleza que, na verdade, ajuda mais o outro do que a mim. É muito gratificante;, afirmou. A iniciativa deu espaço a todos os tipos e cores de cabelo, até mesmo os que já haviam passado por algum processo químico. Durante o corte, os cabelos eram molhados e as mechas presas a um elástico.
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;Nós, que lidamos diretamente com pacientes oncológicos, sabemos como é complicado o processo do tratamento, desde o diagnóstico, a insegurança do desconhecido e as consequências, como a queda dos cabelos;, conta o diretor executivo do Hospital do Câncer Anchieta, Murilo Buso. Segundo ele, a questão doação é uma forma de evidenciar o altruísmo e a compaixão de desconhecidos para com pacientes que lutam contra o câncer. ;Vivemos em uma sociedade cada vez mais distante. O objetivo da ação é aproximar e estimular outras pessoas a fazerem o mesmo.;
As amigas Carolina Marques, 33, e Nair da Rosa, 60, também marcaram presença na iniciativa. Nair conta que já é doadora e engajada na causa. Assim, ações como essas são quase rotina. ;A Carol recebeu um convite no trabalho. Ela me chamou e viemos doar;, disse. Já Carolina não conseguia esconder os sorrisos. ;É bom saber que estamos proporcionando felicidade para alguém;, afirmou.
Para todos, o ato de solidariedade proporcionou uma alegria inimaginável. Para a gerente de marketing do Correio, Cristiane Maruyama, o evento foi uma oportunidade de mobilizar e inspirar outras pessoas a praticarem ações como essa, que podem ocorrer mesmo fora do mês de outubro. ;É uma solidariedade fácil. Queremos compartilhar experiências e ajudar outras pessoas. É um convite;, enfatiza.
60 mil mulheres
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama atinge, em média, 60 mil mulheres todos os anos. E, a cada ano, mulheres mais jovens. Porém, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores as chances de cura. A entidade informa que, quando descoberto no início, há 95% de probabilidade de recuperação total.
Além da luta para vencer a doença, o tratamento que provoca a queda dos cabelos contribui para afetar o lado psicológico das mulheres ; fato que, de acordo com especialistas, interfere diretamente no processo de cura da doença. Em Brasília, a Rede Feminina de Combate ao Câncer produz perucas para doar a pacientes em tratamento contra a doença.