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Boa alimentação e pré-natal reduzem complicações na hora do parto

Complicações na hora do parto podem ser provocadas por doenças e até por traumas. Boa alimentação, pré-natal cuidadoso e prevenção de infecções reduzem os riscos de problemas

André Baioff*
postado em 04/03/2018 07:00
As gestantes sabem bem como é o processo da gravidez. Tudo muda: o humor, o apetite acompanhado de desejos estranhos, os hormônios aflorados, os novos cuidados. Qualquer deslize pode prejudicar a criança. Não é diferente para os animais. As fêmeas também necessitam de atenções especiais e, muitas vezes, passam por maus bocados, de causas diversas, como doenças genéticas, infecciosas, pancadas, traumas e outras.
Para Ana Raquel de Araújo Ferreira, especialista em cirurgia de cães e gatos, o acompanhamento de animais no pré-natal é importante e a rotina deve ser de consultas mensais ao veterinário. Ela recomenda que, a partir dos 30 dias de gestação, se faça uma ultrassonografia abdominal para verificar a condição do feto e detectar possíveis malformações. Com 45 dias, é possível ver a quantidade de filhotes, tamanho e posição.
Na hora do parto, os animais também podem sofrer complicações, como hemorragia ou distocia ; quando o feto encontra dificuldade na hora de passar pela bacia e é preciso algum tipo de intervenção. ;As cadelas sofrem mais frequentemente de partos distócicos do que as gatas;, observa Ana Raquel. Esse problema ocorre mais entre elas, porque os cães têm tamanhos mais variados do que os gatos.
Algumas raças exigem mais atenção. ;Como os buldogues e boston terriers, justamente por possuírem fetos grandes, em relação ao canal do parto;, explica a veterinária. Ela alerta sobre as doenças que podem ocorrer durante a gestação e provocar abortos, partos prematuros e nascimento de fetos fracos e doentes. É o caso da brucelose, da toxoplasmose e da herpevirose.
Outro ponto importante é a alimentação. Um dos primeiros sintomas de que a fêmea está prenha, o apetite redobrado decorre das demandas metabólicas e energéticas, que aumentam por conta da formação fetal e da produção de leite. A ração precisa ser de boa qualidade, lembra Ana Raquel.
A médica veterinária Fernanda Marques, membro da Comissão de Animais de Companhia (Comac), reforça que é fundamental cuidar da alimentação. ;É indispensável, para evitar qualquer tipo de estresse, que se recorra ao veterinário, que pode prescrever suplementos para cada tipo de animal;, recomenda.

Artéria rompida

Uma moça de camisa e calça azul, abraçando e beijando um cavalo marrom.A advogada Mariana Felipe do Rosário, 28 anos, pratica hipismo desde a infância. Para ser a sua companheira de salto, comprou a égua Ballerina. Porém, após uma lesão, Ballerina ficou um longo tempo sem treinar. Mariana, então, decidiu investir em um sonho antigo: ter um potrinho.
Na pesquisa sobre a reprodução de cavalos, percebeu que quase nada sabia sobre o assunto e decidiu criar um perfil no Instagram, para compartilhar as descobertas. ;Li bastante sobre a reprodução equina, tive a ajuda de vários profissionais, e procurava sempre postar esses conhecimentos novos no Instagram;, relembra.
Da concepção até o nascimento do filhote de Ballerina, foram exatos 12 meses. Mariana estava em uma festa na casa de amigos quando recebeu uma ligação do haras. A notícia do nascimento de Mira, a potrinha, que chegou ao mundo saudável, veio acompanhada de uma enorme tristeza: Ballerina sofreu uma complicação no parto e não resistiu.
;Uma artéria do útero se rompeu durante o parto, uma ocorrência bastante improvável para uma égua nova como a Ballerina, de apenas 11 anos, mas fulminante;, conta Mariana. Com a falta de Ballerina, os cuidados com a potrinha recém-nascida precisaram ser redobrados, principalmente com a alimentação. Mas tudo ocorreu bem, e a vida de Mira pode ser acompanhada no perfil do Instagram.

Trauma na rua

Uma mulher branca com o vestido listrado de azul e branco está segundando um gato de cor bege e marrom na mão.A gatinha vira-lata Suzy, 1 ano, foi resgatada pela professora e secretária executiva Jackeline Monteiro Sousa, 36 anos, em uma igreja, próximo à sua casa. Tudo aconteceu depois que uma pessoa gritou, em seu portão, avisando que uma gatinha havia sido atacada. Jackeline correu, pegou Suzy já em trabalho de parto e levou para casa.
Suzy pariu três filhotes e ficou muito debilitada. No dia seguinte, Jackeline levou a gatinha ao médico veterinário, que detectou duas fraturas. Seria preciso passar por cirurgia. Sem condições de bancar os R$ 5 mil do tratamento, a professora recorreu às redes sociais, fez campanhas, bazar, tudo o que era possível para arrecadar o dinheiro.
E conseguiu. A gata precisou colocar pinos expostos e ficar assim durante três meses. ;Além disso, ela está castrada e à procura de um novo lar. Porém, deve ser uma adoção responsável, já que ela passou por muitos traumas na rua;, ressalta Jackeline.
Durante o período de lactação, Jackeline teve o cuidado de dar vitaminas e ração especial, indicadas pelo veterinário. Os gatinhos ficaram bem e saudáveis, e foram doados. ;Nós procuramos, agora, um lar para a Suzy. A cada dia ela fica mais carinhosa e dengosa. Merece ser feliz;, diz, esperançosa.

Quem quer ficar com Suzy?

Interessados em adotar a gatinha Suzy podem enviar e-mail para: jack_davi@hotmail.com

Para acompanhar a história de Mira,
a potrinha da égua Ballerina, siga o perfil no Instagram: @ballerinababymira

Cuidados essenciais

  • Manter os animais gestantes bem alimentados e livres de parasitas.
  • Mantê-los protegidos do frio e calor excessivos.
  • Sempre deixar água limpa e fresca à disposição.
  • À suspeita de gestação, procurar o veterinário para fazer o diagnóstico e o acompanhamento.

Saiba mais

  • Em média, a gestação dura de 56 a 72 dias, em gatas e cadelas.
  • Há relação inversa entre o tamanho da ninhada e o tempo de gestação, ou seja, quanto maior o número de filhotes, menor o tempo gestacional.
  • Cadelas mais jovens costumam ter ninhadas menores.
  • O alimento deve ser em menor quantidade e mais vezes ao dia, à medida que a gestação progride.

Fonte: Ana Raquel de Araújo Ferreira especialista em clínica e cirurgia de cães e gatos.


* Estagiário sob supervisão de Valéria de Velasco

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