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Programas avaliam desempenho de escolas e impõem metas em Goiás

Há prazos para solução dos problemas. Nada fica sem resposta Notícia Gráfico

postado em 17/12/2017 15:20 / atualizado em 14/10/2020 13:49
Desenho colorido de um estudante em péUma das estratégias adotadas pela Secretaria de Educação de Goiás para melhorar o ensino no estado foi criar condições para que boas práticas de estudo dos alunos fossem compartilhadas. “Desenvolvemos uma ferramenta chamada Avaliação Dirigida por Amostra (Ada), que passou a ser uma espécie de censo da educação. Diferentemente dos sistemas de larga escala, como o Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb) e o Sistema de Avaliação Educacional do Estado de Goiás (Saego), a nova análise é feita bimestralmente em cada escola, com avaliação de português, matemática e ciências. Em 2018, vamos trabalhar também com ciências humanas”, diz a secretária  estadual de Educação,  Raquel Teixeira.

A secretária é enfática ao avaliar que a revolução pela qual passa o sistema de educação de Goiás está sendo possível graças à excelente equipe de produção pedagógica que compõe o quadro da secretaria. “O grupo (de avaliação) tem sete dias para dar retorno às demandas, apresentar propostas e fazer sugestões aos professores que queiram trabalhar em sala de aula as dificuldades detectadas”, afirma. Ela explica que a Ada é um instrumento para verificar o nível de proficiência dos estudantes do quarto ano do ensino fundamental ao terceiro do ensino médio. “Uma vez definido o currículo, todas as atividades são inspiradas por essa meta”, conta.

Na opinião da secretária, o Brasil tem um sistema de avaliação sofisticado. Mas é preciso ter mecanismos para  fazer diagnósticos locais precisos. Assim, pode-se transformar os dados obtidos em efetivas políticas públicas de formação de professor, material pedagógico e avaliação de aluno. Outro diagnóstico de acompanhamento e de mensuração de desempenho do nível de ensino no estado é o Goiás 360, um painel com informações estatísticas e estratégicas, em tempo real.

Saiba Mais

“Em 2015, chamei minha equipe de Tecnologia da Informação (TI) e disse que a secretaria não teria tempo para ficar gerando relatório. Pedi um programa para me dar os resultados imediatos”, esclarece Raquel. O Goiás 360 conta com todas as informações de professores, alunos, nota, modulação, problemas de bullying, violência. Segundo a secretaria, com todo o arsenal de informações, o estado pode, inclusive, prever a evasão de alunos. “Temos hoje mecanismos muito importantes de diagnóstico, tanto a Ada quanto  o Goiás 360”. Para a secretária, o remédio é mais importante do que qualquer termômetro. “Se não tivermos o termômetro bem ajustado, a dose do remédio pode vir errada”, enfatiza.

Exercícios para estudar

Nessa vertente, um dos primeiros remédios que a secretaria aplicou foi o conjunto de cadernos Aprender%2b. Segundo Raquel Teixeira, essas publicações não substituem os livros didáticos. “É um caderno de atividades, de impressão barata, que trabalha temas específicos, as aprendizagens esperadas, as expectativas de aprendizagem”, explica.  Os cadernos apresentam um conjunto de exercícios de língua portuguesa, ciências e matemática, com tarefas que vão aumentado gradualmente em dificuldade. “Sabemos que o conhecimento e a aprendizagem são cumulativos. Às vezes, o aluno não aprende uma determinada matéria porque não entendeu o pré-requisito anterior”, reconhece. Para a secretária, a produção dos cadernos é uma grande contribuição para os alunos terem sucesso em avaliações como as do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Os cadernos, porém, não são obrigatórios. De qualquer forma, ressalta a secretária, houve 70% de adesão espontânea dos professores ao Aprender . “Um dos problemas do Brasil é que tudo corre muito solto. Cada escola faz o que quer, cada estado faz o que quer. Em Goiás, estamos estruturando e inspirando os alunos a aprenderem”, completa. Ela acrescenta que outro projeto inspirador é formado pelas Caravanas do Aprender, que já percorreram  52 mil quilômetros em 246 municípios. “A educação no país sempre foi problemática porque nunca foi prioridade. Nem do governo, nem da sociedade. Esse projeto busca, justamente, reverter esse quadro.”

Raquel é enfática ao dizer que o objetivo das Caravanas do Aprender é chegar às escolas falando que a educação é o mais importante na vida das pessoas. “Criamos um clima de conscientização dos professores e dos alunos, mostrando a importância de estarem nas salas de aula. Fazemos aulões com várias ações ao mesmo tempo. Nos pátios das escolas, levamos equipes que jogam xadrez.. Cada vez que a caravana chega a uma cidade,  espalha aulas por toda a cidade, seja em clubes, auditórios ou nas próprias escolas”, enumera.

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Quilombolas também são atendidos

Outro trabalho desenvolvido em Goiás é a Tutoria Educacional, com um tutor para cada cinco escolas. A secretária explica que cada escola é visitada uma vez por semana e, no caso, o tutor tem que entender todos os programas e projetos desenvolvidos. “Ele chega à escola e faz uma observação geral, com interferências da natureza que for necessária, naquilo que perceber que não está funcionando bem”, detalha Raquel. 

Ela conta que trabalha com comunidades quilombolas. “Nossa proposta é ajudar na educação desse grupo”, frisa Raquel. E na saúde. Tanto que 18.890 mil crianças já foram atendidas no Hospital do Câncer, no Sarah Kubitschek e nos grandes hospitais públicos. “Temos, inclusive, dissertações de mestrado, mostrando que a própria recuperação da saúde acontece de forma mais rápida quando as crianças têm a oportunidade de estudar. Em vez de ficarem abandonadas, têm uma equipe de professores que oferece atividades educacionais. Com isso, as crianças não perdem tempo e não ficam para trás”, afirma.

Em meio a todos os avanços, a secretária não poupa críticas aos professores que não levam a sério o ofício de educar. "Há duas semanas, tive o desprazer de ouvir de uma diretora de uma escola particular de Goiânia que vir ou não vir à escola no mês de dezembro é uma opção dos pais, porque nada mais será ensinado. Isso é o retrato de uma cultura que desvaloriza o processo de conhecimento", pontua. A secretária também observa que conhece casos de mães em dúvidas se levam seus filhos para a Disney durante o período de aula. 

Lidando com as emoções 

A secretária de Educação de Goiás, Raquel Teixeira, bota o dedo na ferida quando o assunto abrange questões emocionais. Segundo ela, está sendo desenvolvido no estado o projeto-piloto Diálogos socioemocionais. "Se tenho que trabalhar uma competência como amabilidade, tenho que fazer florescer empatia, respeito e confiança no aluno”, diz. Ela ressalta que "o bullying só pega quando o alvo veste a camisa", mas admite que a escola convive com vários tipos de dramas. Por isso, criou uma superintendência de segurança escolar que inclui apoio de psicólogos e psiquiatras para prevenção de drogas e suicídio. "Há poucos dias, estive com um menino que se automutilava. E perguntei o motivo daquilo. Ele me respondeu:  'É uma dor tão grande que sinto que me corto para ver se a dor sai no sangue'."

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