Tecnologia

Embarcações com os mais avançados e luxuosos equipamentos tomam conta das águas brasileiras

Até no Lago Paranoá é possível encontrar exemplos de barcos e jet skis com o que há de melhor no segmento

Igor Silveira
postado em 05/03/2010 07:00
Preocupada com a chuva que caía sobre a capital federal, na terça-feira, a reportagem do Correio ligou para confirmar o encontro com o empresário Mauro Silva, 46 anos, em sua lancha ancorada em um píer no Setor de Clubes Sul. ;Pode vir, com toda a tranquilidade. Tenho os equipamentos necessários até para a navegação em alto-mar;, garantiu. O Distrito Federal tem, atualmente, a terceira maior frota náutica do país ; atrás somente do Rio de Janeiro e de São Paulo. A quantidade de embarcações modernas, equipadas com parafernalhas altamente tecnológicas, é grande. Nos fins de semana, o Lago Paranoá se transforma em uma passarela para desfiles de barcos, lanchas e jet skis. Silva faz parte de um grande grupo que aposta no lazer e nas belezas naturais propiciadas pelas águas do lago.

Por coincidência, a chuva deu uma trégua no momento em que a lancha de Mauro Silva foi ligada. As condições climáticas eram informadas no painel de controle da embarcação de 29 pés e capacidade para 10 pessoas. Mais. Uma tela mostrava quando um cardume estava próximo e indicava a quantos metros os peixes estavam. A profundidade e as características do solo no fundo do lago também eram divulgadas. A magia high tech não parou por aí. Com sistemas de radar e GPS integrados, o comandante da lancha era avisado quando outra embarcação se aproximava, além de receber todas as coordenadas geográficas. Isso sem falar em todo o conforto oferecido, como televisão e sistema de som.

;Comprei a minha primeira lancha há 10 anos e, desde então, não consigo mais ficar sem passear no lago por mais de um mês. É o meu vício;, brinca Silva. ;Eu tenho muito prazer em cuidar da embarcação e é por isso que invisto em bons equipamentos. Tecnologia não é só uma questão de conforto. É fundamental para que eu e minha família possamos usar a lancha com toda a segurança. Dessa maneira, a diversão é plena e nem vemos o tempo passar;, completa. Com motor V8 6.2, a lancha tem 350 cavalos de potência e atinge 45 milhas por hora (72km/h).

Preços altos

Especialistas consultados pelo Correio revelaram que um modelo igual ao utilizado pelo empresário é avaliado em cerca de R$ 300 mil. A infinidade de equipamentos desenvolvidos para a indústria náutica e toda a tecnologia empregada na construções de barcos, lanchas e jet skis, porém, podem custar verdadeiras fortunas aos consumidores. A começar pela estrutura dessas embarcações. Alguns fábricas de jet ski se utilizam da nanotecnologia nas fibras que formam o casco. O resultado é um equipamento mais leve e resistente. O mesmo objetivo é alcançado em barcos e lanchas com diferentes métodos de infusão e aplicações de bolsas de vácuo na construção.

A variedade na parte de eletrônicos é ainda maior que na estrutural. Os sistemas integrados de sonda, radar e GPS fornecem ao marinheiro o controle total do barco. Os equipamentos mais modernos trazem esses recursos em uma tela de LCD com 19 polegadas. Os potentes processadores fazem a varredura na superfície e no fundo do local. As antigas cartas náuticas impressas em papel foram substituídas por modernos programas com imagens em três dimensões e informações mais precisas. A compra e a instalação dessas ferramentas custam algo em torno de R$ 50 mil.

Caro? Antonio Alonso, editor da revista eletrônica Náutica, especializada no assunto, diz que, nesse meio, dinheiro não costuma ser problema. ;Esse é um mercado muito dinâmico, onde há novidades o tempo inteiro. As pessoas percorrem as feiras náuticas atrás do que há de melhor no segmento. Os donos de barcos grandes, que custam alguns milhões de dólares, compram todos os lançamentos. O investimento, então, é muito grande porque o proprietário não vai colocar em risco os tripulantes e uma embarcação desse nível por causa da falta de equipamentos modernos;, explica.

Luxo e conforto

O interior dessas embarcações não deixa nada a desejar para suntuosas suítes de hotéis luxuosos. As cabines impressionam pelo tamanho e pelo conforto. Por meio de controles remotos, por exemplo, o usuário pode ajudar a temperatura da cabine, o tipo de iluminação do barco e a música ambiente que vão compor o clima. As janelas também podem ser automáticas e as camas ajustadas em posições estratégicas para uma visão privilegiada. Para garantir a segurança da tripulação, o acesso às cabines só é liberado por meio de impressões digitais pré-cadastradas.

A tecnologia no mercado náutico é tão desenvolvida que é possível manter o controle das embarcações mesmo longe delas. Atualmente, há um sistema disponível que fornece todas as informações de barcos e lanchas pela internet em qualquer lugar do mundo onde o usuário esteja. É possível saber desde o acionamento do motor ao ajuste do ar-condicionado. Para uma boa manutenção do barco, é necessário que o mesmo seja colocado na água, pelo menos, uma vez por semana, de acordo com especialistas. Geralmente, esse processo é realizado por um funcionário do cais. Para evitar que essas práticas se transformem em passeios realizados por desconhecidos, há um aparelho que projeta uma cerca elétrica virtual, que dispara um alarme para o dono caso a embarcação ultrapasse os limites determinados. Todo esse monitoramento sai em torno de R$ 600 por mês, mais um investimento de R$ 5 mil para a compra dos equipamentos.

;O mercado náutico no Brasil poderia estar bem melhor que o desenhado no quadro atual. Mesmo assim, conseguimos disputar com marcas internacionais. Ainda não temos, por exemplo, muitos motores nacionais de qualidade. A maioria vem importada de outros países. Embora haja uma certa dificuldade nessa área, há um crescimento na procura por novas embarcações e produtos que garantem conforto e segurança durante a navegação;, destaca Márcio Dattori, diretor técnico do Boat Show, um dos principais eventos de produtos náuticos do país.

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