Tecnologia

Projeção holográfica sai da ficção e começa a se incorporar à vida cotidiana

Evento na área de publicidade promovido pela agência júnior da UnB é o primeiro a apresentar a técnica de imagens em três dimensões em Brasília

postado em 26/03/2010 07:00
Evento na área de publicidade promovido pela agência júnior da UnB é o primeiro a apresentar a técnica de imagens em três dimensões em BrasíliaPode parecer uma cena do filme Guerra nas Estrelas, mas é a mais pura realidade. A projeção holográfica saiu do cinema de ficção científica e invadiu a realidade. A técnica, que projeta imagens em três dimensões sem a necessidade de telões, promete ser o futuro da comunicação a longa distância em palestras e videoconferências. Apesar de reconhecer suas vantagens, quem provou afirma: nada substitui a realidade.

Diferentemente do 3D tradicional, na projeção holográfica não é preciso utilizar óculos. A imagem é projetada como se estivesse no ar, ao contrário dos cinemas, onde ela aparece em um telão. De acordo com Luiz Alberto Knopp, da Angrakxus Marketing e Eventos, uma das duas empresas que detêm esse tipo de tecnologia no país, a grande vantagem da holografia é que ela pode combinar elementos reais e virtuais. ;É possível colocar uma pessoa no palco, interagindo com outra em projeção holográfica. Ou combinar pessoas e elementos gráficos em uma mesma apresentação;, explica.

O segredo da tecnologia está em uma película especial, que é colocada no palco. ;O público não consegue vê-la; assim, é criada a ilusão de que a imagem está sendo projetada no ar;, conta Luiz Alberto Knopp. A imagem é capturada por projetores de alta definição e projetada em uma espécie de acrílico espelhado. Essa tela de acrílico, que fica escondida do público, rebate a imagem para a película transparente do palco, que apresenta a imagem em 3D (veja arte).

O uso da tecnologia vai além de palestras e conferências. Por apresentar uma imagem em terceira dimensão em proporções reais, a técnica vem sendo bastante utilizada para, por exemplo, apresentar novos produtos. ;Se uma fabricante de automóveis vai apresentar seu novo modelo, é complicado levar um carro inteiro para o palco, uma solução é criar uma animação do carro e projetá-la em holografia;, explica Luiz. ;Há casos em que cantores a utilizam em seus shows para combinar a sua apresentação com elementos gráficos, como fizeram Madonna e a banda de animação Gorillaz no Grammy de 2005;, completa.

A técnica, apesar de avançada, não é privilégio apenas de grandes estrelas da música ou de empresas multinacionais. O público brasiliense já pôde conferir ao vivo a novidade. No 5; Almanaque da Criação, evento promovido pela Doisnovemeia, agência júnior do curso de publicidade da Universidade de Brasília (UnB), as palestras foram feitas ao vivo em um auditório e transmitidas simultaneamente em projeção holográfica para outro. ;Nós tínhamos uma

limitação de espaço. Não cabia todo mundo no auditório que conseguimos. Então, começamos a pensar em uma solução para podermos ampliar o nosso evento;, explica o vice-presidente da agência, Lupércio Leão.

A opção pelo uso da holografia surgiu como uma alternativa à vídeoconferência. ;Nós achamos que não ia ser legal simplesmente botar um datashow e transmitir a palestra para outra sala; é algo que as pessoas estão acostumadas, seria chato;, comenta. ;A ideia de holografia surgiu meio que de brincadeira, por causa dos filmes. Foi aí que nos descobrimos que essa tecnologia que parecia coisa de ficção científica existia na vida real, e se adaptou muito bem às nossas necessidades;, avalia Lupércio. A última palestra do evento é hoje, às 19h, no auditório Ullysses Guimarães, cedido pela Unip (913 Sul).

A reação do público
Imagem em 3D do palestrante era transmitida para uma segunda sala, como se ele estivesse presente nos dois ambientes: o futuro da videoconferênciaAntes de o primeiro dia de palestras começar, o público estava ansioso para conhecer a novidade. Os estudantes Poliana Figueiredo, 21 anos, Rodrigo Fernandes, 20, e Rafael Silva, 19, foram alguns do que experimentaram pela primeira vez a nova técnica. ;Não sei como vai ser, mas espero que seja uma coisa legal;, comentou Poliana. Os jovens tinham uma alternativa caso a tecnologia decepcionasse. ;Se a qualidade for ruim, eu vou para o outro auditório assistir a apresentação real;, contou Rodrigo.

Ao fim da apresentação a expectativa foi superada. ;Eu gostei muito, realmente tem uma sensação de 3D, a imagem tem profundidade;, opinou Rafael Silva. Já a opinião do amigo trouxe algumas ressalvas. ;Eu gostei, mas não substitui a realidade, falta calor humano, mas acho que essa é uma boa opção para quando não existe a possibilidade de ter a pessoa fisicamente aqui;, afirmou. ;Foi interessante, porque quando o público de onde o palestrante estava aplaudia, todo mundo aqui na sala da projeção ficava na dúvida se aplaudia ou não, afinal, ele não estava ali de verdade;, completou Poliana.

Para Lupércio Leão, da Doisnovemeia, a dúvida já era esperada, principalmente por se tratar da primeira apresentação holográfica da capital. ;É normal não saber como agir, mas é isso que é interessante, ver as pessoas descobrindo uma nova forma de interagir e como se adaptar a ela. O palestrante também teve que aprender a lidar com a nova forma de se comunicar, ele não podia por exemplo, andar pelo palco, senão quem estava na sala holográfica não poderia vê-lo;, completa.

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