Tecnologia

Diretor do MIT defende o uso das ferramentas on-line nas empresas

postado em 15/10/2010 17:54

O escritor cearense José de Alencar falava de liberdade de imprensa quando disse, em 1855: ;Tempo virá em que (...) uma palavra que cair do bico da pena daí a uma hora correrá o universo por uma rede imensa de caminhos de ferro e de barco de vapor, falando por milhões de bocas, reproduzindo-se infinitamente como folhas de uma grande árvore.; Pouco mais de 150 anos depois, o sonho de José de Alencar é tão real que transformou a comunicação. Na era da internet, a voz corre rapidamente em sites, blogs e redes de relacionamentos, obrigando até as mais sérias instituições a se adaptarem ao novo cenário.

Uma tarefa não tão simples quanto parece. ;Trabalhar na era digital e se expor traz uma série de benefícios para as empresas, mas, para que isso funcione, os mais velhos precisam aprender com os mais novos;, afirma Andrew McAfee, diretor científico do Centro para Negócios Digitais do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).

[SAIBAMAIS]Andrew, que não tem nada a ver com o popular antivírus McAfee, estuda como a tecnologia mudou o mundo empresarial. Ele criou o conceito Enterprise 2.0, que demonstra a forma com que as corporações se aproveitam dos recursos da web dos dias de hoje. Com o Enterprise 2.0, empresas podem utilizar o Twitter, o Orkut, o Facebook e outras tantas ferramentas on-line para se aproximar de seus clientes e funcionários. Ou correm o risco de provocar um grande estrago.

Esse poder deve ficar ainda maior nos próximos anos, aposta o pesquisador do MIT. ;Os preços na área de tecnologia vêm caindo muito. Isso vale para computadores, memórias, drives. E o mais interessante é que uma série de recursos são gratuitos: os blogs, o YouTube, as redes sociais, até fazer um website simples sai quase de graça;, afirma Andrew. Por conta disso, o especialista acredita que pequenos empreendedores também podem se apropriar dessas ferramentas.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que recebeu uma palestra de Andrew em Brasília, pretende difundir as ideias do cientista norte-americano entre seus associados. A entidade já tem uma conta no Twitter, mas quer usar o microblog para ampliar a comunicação com pequenos empreendedores do país. ;Vamos estruturar essa rede para oferecer atendimento aos empresários e permitir que eles interajam uns com os outros através do microblog;, planeja José Claudio Santos, diretor administrativo e financeiro do Sebrae.

Para que isso dê certo em grande escala, porém, é importante que a população tenha acesso à internet de alta qualidade. ;Isso é essencial aos países em desenvolvimento;, opina Andrew McAfee. O pesquisador do MIT reconhece que a criação de infovias é desafiadora no país, devido à dimensão do território. Outro problema, afirma Andrew, é o alto preço das máquinas por aqui. ;Se eu tivesse ganhado a eleição que acabou de acontecer, a primeira coisa que eu faria seria retirar todo o imposto de importação sobre a tecnologia da informação;, diz.

Enquanto isso não acontece, empresas que podem trabalhar com as novas ferramentas o fazem, atentas ao potencial desse nicho. O McDonalds, por exemplo, só foi entrar no Twitter em maio deste ano, depois de meses de planejamento. Alessandra Ber, gerente de comunicação do McDonalds no Brasil, explica que a empresa organiza uma pauta semanal de assuntos que podem ser postados no Twitter. ;Para o nosso tipo de negócio, é uma ferramenta essencial, boa parte dos nossos clientes usa as redes sociais;, destaca.

Alto-falante digital

No início deste ano, o cineasta norte-americano Kevin Smith teve de sair de um avião da Southwest Airlines porque, segundo um comissário da empresa, seu sobrepeso colocaria o voo em risco. Kevin deixou a aeronave e postou o fato em seu Twitter, para mais de 1,5 milhão de seguidores. A companhia aérea tentou reverter a situação, também no microblog, mas já era tarde demais.

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