Tecnologia

Para trabalhar com o universo 3D, o mercado exige experiência e formação

Em Brasília, cresce o número de cursos técnicos e graduações no segmento

postado em 26/10/2011 22:14
Em Brasília, cresce o número de cursos técnicos e graduações no segmento

Imagine uma bela cifra saltando aos seus olhos. Essa é a realidade dos desbravadores da tecnologia em três dimensões, no Brasil e no exterior. Quem começa a trabalhar na área ganha cerca de R$ 3 mil. Isso, sem deixar de citar casos de sucesso, como o do carioca Krishnamurti Martins Costa. Formado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB), ele investiu nos trabalhos com 3D, mudou-se para os Estados Unidos, e hoje faz animações para o cinema. Entre os sucessos, estão Transformers, Barnyard e Rango.

Mas não é necessário ir muito longe para progredir na carreira. Algumas empresas de games já se instalaram no país, como Blizzard e Ubisoft, e começam a abrir espaço para o mercado de profissionais em 3D. E as áreas com oportunidade de trabalho são infinitas. Jogos, design, arquitetura, moda, entretenimento, engenharia, cinema, automobilismo, aviação, indústrias de brinquedos e até medicina dependem de especialistas em terceira dimensão.

O professor do curso de jogos digitais do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), Felipe Ferreira Costa, 30 anos, observa o crescimento do mercado de trabalho voltado para a tecnologia. Ele revela que cada empresa adota um critério na hora de contratar. ;Hoje, o que pesa é o portfólio. Se a pessoa sabe mexer na ferramenta, ele consegue emprego. Algumas empresas exigem que ele seja graduado em artes plásticas ou em artes digitais. Outras, pedem experiência no mercado;, afirma.

O professor declara que o mercado ainda é recente e, por isso, ser assalariado é um privilégio de empresas que já se firmaram no ramo. ;O mais comum é trabalhar como freelancer (profissional autônomo). Geralmente, quando tem um projeto de 3D, a empresa procura pelo portfólio que mais se encaixa no perfil e contrata por um tempo e salário definidos.; Mas quando o assunto é estágio, o funil do mercado fica mais apertado. O professor justifica as raras oportunidades com a falta de pessoas profissionalizadas.

Capacitação
A tecnologia 3D é o foco de 21% dos alunos de cursos de jogos eletrônicos, segundo estudo de 2008 da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames). Há três anos, o DF representava 3% dos cursos oferecidos no país. Atualmente, Brasília já acompanha o ritmo de crescimento em terceira dimensão. Três faculdades e, no mínimo, quatro cursos técnicos oferecem especialização na área. ;As pessoas estão se profissionalizando muito mais e os cursos que surgem em Brasília abrangem as oportunidades de trabalho;, observa Felipe.

O estudante de ensino médio Leon Fonseca, 18 anos, é aluno de um curso técnico de ilustração e já sabe onde vai aplicar o conhecimento em 3D: no design de moda. ;No meu curso todo mundo quer trabalhar com games. Eu prefiro planificação em 3D para o design de roupas. Posso ver como fica a peça em 360;;, explica. Ele está no terceiro módulo, de um total de sete, e já sonha com o retorno financeiro. ;Ouvi várias vezes a história de uma pessoa que fez o curso, abriu uma empresa na Europa e está ganhando R$ 30 mil por mês.;

Na faculdade, o perfil dos alunos é diverso: vai de jovens em primeira graduação a adultos prestes a investir na paixão e largar o emprego tradicional. O bancário William Gomes, 33 anos, é formado em programação e agora pode realizar o sonho antigo de fazer uma pós em jogos digitais. ;É uma mistura de paixão por jogos com a vontade de seguir uma área que eu sempre quis;, revela. ;Mas tenho que pensar bem antes de partir para uma nova aventura. Por enquanto, é mais hobby e diversão;, avalia.

No caso do colega de classe Kenniston Arraes Bonfim, 32 anos, a pós o ajuda a se atualizar no mercado de trabalho. Ele é um dos fundadores e atual sócio da empresa de desenvolvimento de jogos Dynamic Light Studios, instalada em Brasília. ;Com a especialização, espero ter um crescimento maior da empresa. Busco mais atualização de mercado do que técnica, que já domino;, afirma.

Para Felipe Wogel, aluno da gradução em jogos digitais, o Brasil investe mais em técnicos na área do que em profissionais formados. ;Ainda não é uma realidade aqui. Quase nenhuma universidade pública tem cursos de 3D.; O jovem de 22 anos trabalha como freelancer em arte 3D há 5 anos e já alcançou independência financeira. ;Foram surgindo trabalhos, me estabilizei bem e resolvi investir no estudo. Pago a faculdade com os meus recursos e não dependo da família;, declara. Felipe também se envolveu com um projeto de estúdio de jogos na faculdade. A ideia ainda não saiu do papel, mas promete aquecer a oportunidade de estágio e experiência para estudantes, assim como as que surgem nas empresas juniores pela Universidade de Brasília. ;A partir do momento em que os alunos forem se destacando nas matérias serão chamados para estagiar ou trabalhar no estúdio. E será diferencial, porque estarão envolvidos em uma fábrica encubadora de projetos;.

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