Tecnologia

Híbrido de smartphone e videogame da Sony Ericsson ainda precisa evoluir

postado em 03/01/2012 08:25

Desde o início da década passada, os fabricantes de celular quebram a cabeça para juntar celular e videogame em um só aparelho. A ideia parece óbvia, mas sua execução não é tão simples quanto parece ; o fracassado N-Gage, da Nokia, é o maior exemplo. O consenso sempre foi de que a Sony é a empresa mais preparada para fazer essa junção dar certo, por sua forte presença no mercado de games, inclusive entre os portáteis. Para analistas e fãs, o surgimento de um celular PlayStation era apenas questão de tempo. Ele finalmente chegou, no segundo semestre de 2011 no Brasil, sob o nome de Xperia Play.


Por fora, o Play é tudo o que se podia esperar dessa fusão. Debaixo da tela de 4 polegadas está o seu grande trunfo: um controle igual ao dos portáteis da Sony, com direcionais, os famosos botões da marca PlayStation e dois discos sensíveis ao toque, que fazem a vez dos direcionais. O aparelho é muito similar em formato e tamanho ao PSPgo.


Mas o design adequado para games tem seu preço. Por causa do controle, o Play é um celular mais parrudo que praticamente todos os seus concorrentes. Seus 1,6cm de espessura são quase o dobro de outros smartphones de ponta, como o Galaxy S2 da Samsung ou o próprio Xperia Arc da Sony Ericsson. Embora o tamanho não atrapalhe o manuseio do aparelho, ele pode causar desconforto no bolso de uma calça, por exemplo.


Vale a pena notar o esforço feito para que o aparelho dure. Deslizar a tela para mostrar os controles não requer força alguma, e a parte de cima sempre fica muito firme, dando a impressão de que o aparelho não vai quebrar com facilidade, apesar de sua aparência frágil. Os botões também são bem construídos, apesar de os discos touchscreen e os botões da lateral do aparelho, que simulam o L e o R do PSP, sejam sensíveis demais.


Por outro lado, também é evidente ver onde a Sony Ericsson escolheu cortar custos do aparelho: no acabamento. Enquanto a parte dos botões tem bons materiais, seu exterior, principamente a tampa da parte de trás, são feitas de plásticos de qualidade comparável a de antigos celulares tijolão ; algo inadmissível para um smartphone que custa tão caro aqui no Brasil, R$ 1.399.


Os jogos do Xperia Play se dividem em duas categorias. A primeira é de jogos adaptados para o controle do aparelho, além dos que já funcionam em outros celulares Android, utilizando tela touchscreen e acelerômetro. A Sony Ericsson fez questão de encurtar o caminho para a jogatina, deixando que você acesse o menu de games ao deslizar o celular para fazer aparecer o controle.

O aparelho testado pelo Correio veio com quatro games na memória: Bruce Lee, Fifa 10, Star battalion HD e The sims 3. Todos se comportaram mais como títulos de console do que como jogos que você normalmente vê em celulares, com carregamentos mais demorados e gráficos mais elaborados. No entanto, nenhum deles tinha a fluidez que se encontra em jogos de dispositivos iOS, como Infinity blade II. O brilho da tela também pode atrapalhar um pouco se você estiver jogando em um local muito iluminado.

Games
O segundo tipo de games do Play é o de títulos antigos do primeiro PlayStation, que rodam por um emulador. O aplicativo funciona muito bem, com opções de escolher memory cards, trocar discos, e voltam para o ponto que você parou se receber uma ligação no meio da partida. O maior problema, no entanto, está no número de jogos disponíveis. O celular vem com um embutido na memória, Crash bandicoot, e mais dois podem ser comprados no Brasil: Cool boarders 2 e Syphon filter. O número deve aumentar, mas o fato de ainda não se pode jogar clássicos do console como Metal gear solid ou Gran turismo 2.


Com os controles embutidos no aparelho, e de forma extraoficial, o Play tem tudo para seguir o caminho de seu primo PSP e se tornar um excelente aparelho para rodar emuladores de consoles antigos, como um Super Nintendo ou Mega Drive ; isto, claro, se o Google permitir que esses aplicativos fiquem no Market.


Como celular, o Play não deixa a desejar entre outros com sua faixa de preço. Ele roda a versão 2.3 (Gingerbread) do Android, e segue a mesma disposição de tela e aplicativos que os outros celulares da linha Xperia. Nesse ponto, os atributos que poderiam ser melhores são a câmera, de 5MP, e os aplicativos personalizados da Sony Ericsson, como o confuso ; e sugador de memória ; Timescape.


O Xperia Play é a melhor tentativa de unir consoles e smartphones no mercado, mas ao mesmo tempo isso o deixa em uma encruzilhada. Ele ainda não tem a biblioteca e a qualidade dos games que se encontram no iPhone e no iPad, e não desfruta do mesmo potencial e títulos já disponíveis em portáteis como o PSP, o Vita e o 3DS. A situação do aparelho ainda pode evouir à medida que ele receber mais jogos, mas, se você gosta de games e celulares, a melhor solução ainda é ter um de cada.

Especificações

; 3G, Wi-fi e Bluetooth, câmera de 5.1 megapixels
; Processador Snapdragon MSM8255 1GHz
; Tela de 4; (480 x 854 pixels)
; Android 2.3 (Gingerbread)
; Memória interna: 1GB (expansível até 32GB)
; Dimensões: 11,9 x 6,2 x 1,6 cm
; Peso: 175g
; Preço sugerido: R$ 1.399

Temperatura média: 6

Controle embutido é o grande trunfo do smartphone, mas ainda precisa de bons jogos para decolar

Comando
É robusto, os botões funcionam bem e parece ter durabilidade

Tela
Grande e com boa resolução, mas poderia ter mais luminosidade

Acabamento
Os pedaços de plástico dão uma aparência frágil ao celular

Jogos
O celular precisa de mais títulos, especialmente do primeiro PlayStation

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