Tecnologia

Fracassa projeto de satélite sino-brasileiro de monitoramento ambiental

Este devia ser o quarto satélite sino-brasileiro de observação terrestre (CBERS, na sigla em inglês), depois que o terceiro ficou inoperante em 2010

Agência France-Presse
postado em 09/12/2013 17:04
Um satélite de monitoramento ambiental lançado nesta segunda-feira (9/12) a partir de uma base chinesa não conseguiu entrar em órbita devido a uma falha no foguete, informou Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (Inpe).

"Às 11h26 de Pequim (01h26, horário de Brasília), desta segunda-feira (9/12), o satélite CBERS-3, desenvolvido conjuntamente por Brasil e China, foi lançado (...) Porém, houve uma falha de funcionamento do veículo lançador durante o voo e, consequentemente, o satélite não foi posicionado na órbita prevista", explicou o Inpe em um comunicado.

"Avaliações preliminares sugerem que o CBERS-3 teria retornado ao planeta", acrescentou o Inpe. O satélite foi lançado da base de Taiyuan, 760 km a sudoeste de Pequim.

"O foguete apresentou problemas durante o voo e o satélite não conseguiu entrar em órbita", informou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua, citando fontes militares. O Inpe informou que "engenheiros chineses responsáveis pela construção do veículo lançador estão avaliando as causas do problema e o possível ponto de queda" do satélite.

Este devia ser o quarto satélite sino-brasileiro de observação terrestre (CBERS, na sigla em inglês), depois que o terceiro ficou inoperante em 2010. Esses satélites são uma ferramenta-chave que o Brasil usa para controlar o desmatamento da Amazônia e também para administrar a produção agropecuária.

O programa CBERS nasceu de um acordo firmado entre Brasil e China em 1988, que levou ao lançamento do primeiro satélite em 1999, do segundo em 2003 e do terceiro, em 2007. Nos anteriores, o Brasil tinha participado com 30% dos componentes do satélite e, desta vez, ficou com 50%.

O instituto brasileiro informou, ainda, que Brasil e China acertaram "iniciar imediatamente discussões técnicas com vistas à antecipação da montagem e do lançamento do CBERS-4".

Uma reunião extraordinária do comitê conjunto sino-brasileiro, que terá a participação do ministro da Ciência e Tecnologia Marco, Antonio Raupp, foi convocada para esta terça-feira, segundo a pasta.

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O novo CBERS apresentava entre suas novidades uma avançada câmara que permitiria produzir imagens de alta resolução de toda a Amazônia a cada cinco dias. O satélite continha câmeras com muito maior resolução e amplitude de campo para oferecer imagens de todo o território de Brasil e China.

Tradicionalmente, o programa CBERS oferecia gratuitamente as imagens a países e instituições interessados. O programa espacial do Brasil, que tem a base de Alcântara, no Maranhão, sofreu um grande revés em 2003, quando uma explosão matou 21 especialistas que montavam o foguete lançador de satélites brasileiro VSL-1.

O Brasil tenta há anos produzir seu próprio lançador. Além da cooperação com a China, o Brasil mantém outro importante acordo espacial com a Ucrânia, em um estilo de cooperação sul-sul para o desenvolvimento espacial entre países emergentes.

A China lançou neste mês um foguete que transporta um veículo de exploração controlado à distância com a finalidade de fazê-lo pousar na Lua, algo que só Estados Unidos e Rússia conseguiram até agora.

China e Brasil contam com uma empresa conjunta de satélites desde 1996 para ajudar os brasileiros a monitorar suas florestas, oceanos e sua produção agrícola, e que também tem objetivos comerciais.

Dois satélites da série foram lançados em 1999 e 2003 a bordo de foguetes Longa Marcha de fabricação chinesa.

A China lançou sua primeira missão com um robô à lua na semana passada, na última etapa de um ambicioso programa espacial que é visto como um símbolo de seu crescente status global. O robô, conhecido como Yutu, ou Jade Rabbit -- deve pousar na lua em meados de dezembro. O país pretende estabelecer uma estação espacial permanente até 2020 e, eventualmente, enviar um ser humano à Lua.

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