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Redes sociais, a nova arma no combate aos maus-tratos contra animais

Na Costa Rica, a imagem de um tucano com seu magnífico bico destroçado a golpes por um grupo de rapazes também chocou a população depois de se tornar viral em um país considerado um paraíso ecológico

Agência France-Presse
postado em 15/02/2015 11:18
As recentes imagens de um empresário torturando dois buldogues franceses em um vídeo gravado pela namorada do agressor que desconfiou do comportamento estranho de seus cachorros tomou conta e despertou revolta dos brasileiros nas redes sociais, que se transformou em uma nova arma no combate aos maus-tratos de animais.

Na Costa Rica, a imagem de um tucano com seu magnífico bico destroçado a golpes por um grupo de rapazes também chocou a população depois de se tornar viral em um país considerado um paraíso ecológico. Honduras viveu em janeiro um caso parecido, quando um grupo de jovens explodiu um cachorro de rua com fogos de artifício e difundiu o vídeo de sua "brincadeira".

[SAIBAMAIS]Em outro episódio recente, um homem no Peru amarrou um cachorro do vizinho em seu carro e o arrastou pelas ruas em represália por ter mordido seus filhos. Graves mais-tratos contra animais são cada vez mais denunciados nas redes sociais e pessoas comuns ou grupos de defesa dos direitos dos animais exigem a criminalização e a punição para esses agressores.

No entanto, boa parte desses casos ficam impunes, pois na maioria dos países latino-americanos não existem leis - ou leis realmente significativas - contra os autores de tais abusos. Os animais dependem apenas da defesa de protetores particulares ou ONGs que sonham em um dia contar com o nível de atuação e os recursos financeiros tão comuns nos países desenvolvidos.

No entanto, esta situação pode começar a mudar graças ao poder das redes sociais, afirma Cynthia Dent, diretora executiva da seção latino-americana da ONG internacional de defesa dos animais Humane Society.

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"Twitter e Facebook nos expõem a um conhecimento maior de casos de crueldade animal em toda a América Latina. Enquanto antes sabíamos apenas quando a imprensa relatava um caso, agora temos pessoas indignadas que aproveitam a mídia social para destacar esses casos de brutalidade e se unir contra eles", explica Dent à AFP, na sede regional da organização em San José.

E, à medida que os protestos transcendem as redes e vão para as ruas, é gerada uma pressão cidadã que força os legisladores a atuar, acrescenta. "A visibilidade que as redes dão à crueldade contra os animais pressiona a elaboração de leis", afirma ainda. Segundo ela, plataformas como Twitter e Facebook acabam unindo pessoas que se sensibilizam com este problema e exigem de seus políticos leis mais severas para punir a agressão contra os animais.

A letra da lei

No Brasil e em países como México e Uruguai, a agressão de animais é tipificada como delito e punida com multas e prisões, mas a opinião pública denuncia que as leis são brandas e que os agressores raramente são castigados. A legislação da maioria dos países apenas aplica multas pelas agressões. "A lei está nas letras, mas não nos fatos", afirma Leonora Esquivel, presidente da ONG Anima Naturalis México.

O Peru apresenta um dos casos mais estranhos, onde a agressão a um animal é caracterizada como "falta contra os bons costumes". Em outros países, como a Costa Rica, ao mesmo tempo em que os ativistas lutam para que o Congresso aprove uma lei mais dura, alguns deputados tentam modificar o texto para não afetar, por exemplo, as touradas, tradicionais em muitos países da região.

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