Turismo

Museu do Homem Americano conta história dos habitantes pré-históricos

postado em 30/03/2011 15:44

A múmia de uma criança chama a atenção: museu também apresenta o segundo crânio mais antigo do paísHá quanto tempo o ser humano habita a América do Sul? Segundo a corrente mais aceita no meio científico, o povoamento dessa parcela no globo terrestre começou pela América do Norte, quando os asiáticos atravessaram o Estreito de Bering. A travessia teria ocorrido durante o último período de glaciação, há cerca de 15 mil anos. Mas quem visitar o Museu do Homem Americano, em São Raimundo Nonato, pode se surpreender com a teoria de que a nossa espécie teria chegado há 100 mil anos ao continente pelo sul, vindo da África, pelo Oceano Atlântico.

A tese se baseia nas descobertas da arqueóloga franco-brasileira Ni;de Guidon, 77 anos, presidente da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e responsável pela criação do Parque da Serra da Capivara. Depois de gerar polêmica internacional, continua em debate. Tudo começou na década de 1970, quando a pesquisadora chegou à região. Ni;de e sua equipe encontraram duas fogueiras estruturadas, feitas por homens, com datações de 50 mil e 22 mil anos, respectivamente. Há também uma pintura rupestre, na Toca da Bastiana, com datação de 34 mil anos.

Apesar de parte da comunidade científica considerar esses artefatos provas frágeis para definir a presença humana no local, quando se percorrem os corredores do museu e se vê tudo o que já foi encontrado na região da Serra da Capivara durante 36 anos de escavação, é fácil se perguntar ;Por que não?;. Nele, é possível ver de perto ferramentas líticas (de pedras polidas) do homem pré-histórico, urnas funerárias, cerâmicas e colares indígenas feitos de ossos.

Espaço reúne as descobertas de Niède Guidon e sua equipe ao longo de 36 anos de escavaçõesUma das atrações principais é o crânio de Zuzu, o segundo mais antigo do Brasil, com idade estimada em 11.060 anos. Em primeiro lugar na lista, está o de Luzia, de 12 mil anos, encontrada em Minas Gerais. Não foi possível definir o sexo de Zuzu. Sabe-se apenas que tinha características negroides, diferente dos crânios mais comuns e recentes, com feições asiáticas. A peça dá fôlego à tese de que os primeiros habitantes da América teriam vindo da África.

High tech
O Museu do Homem Americano é um dos mais modernos do país, com diversas opções para quem não gosta de monotonia. Há um vasto acervo audiovisual, que permite ver Ni;de Guidon e sua equipe durante as primeiras escavações no sítio arqueológico Boqueirão da Pedra Furada.

[SAIBAMAIS]Para quem não se anima a aventurar-se pelas dezenas de trilhas do parque ; onde estão as pinturas rupestres ;, o museu oferece um tour virtual. Com a ajuda de um aplicativo que mais parece um videogame, é possível percorrer todo o parque por meio de uma tela de TV. Outra ferramenta possibilita participar de uma escavação digital. O visitante passa sobre a tela um pincel idêntico ao usado pelos arqueólogos em campo. Aos poucos, a figura da terra vai desaparecendo e dá lugar a alguma descoberta.

Grande parte das gravuras está reunida em uma exposição dividida em grupos de acordo com o que representam. Em uma tela de 8m por 4m, os desenhos pré-históricos ganham movimento e uma trilha sonora. Sentar-se em frente ao telão e observar, por meio das pinturas rupestres, a saga humana no interior do Piauí é uma experiência hipnótica.

Carbono 14
A idade dos artefatos é definida pelo método carbono 14, que mede a radioatividade desse elemento em sedimentos orgânicos, ossos e conchas, entre outros materiais. Quanto menor o teor radioativo, mais antigo o objeto pesquisado.

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