Turismo

Superintendente da Anac: "A liberalização dos serviços aéreos é tendência"

postado em 04/04/2011 17:32

Além de aumentar a possibilidade de acesso dos brasileiros a viagens internacionais ; embora ainda não haja estimativas de crescimento do tráfego aéreo ;, os acordos de céus abertos (open skies) assinados entre Brasil, Estados Unidos, União Europeia, México, Canadá e Rússia no último mês têm um aspecto em comum: o da implementação gradual.

[SAIBAMAIS]O documento assinado com os Estados Unidos, por exemplo, prevê várias etapas de ampliação do número de rotas até 2015, ano em que o limite deverá ser totalmente extinto. Esse movimento começa em outubro, quando será permitida a realização de 28 novos voos entre o Brasil e a terra do Tio Sam.

"Havia uma demanda antiga do governo dos EUA, dado que as frequências pelo lado americano já estavam todas esgotadas. E, claro, com isso, começa-se a ter um impacto prejudicial para o Brasil em termos de preços e de oferta de novos serviços", detalha Bruno Dalcolmo, superintendente de relações internacionais da Anac.

A progressividade tem o objetivo de permitir que as empresas brasileiras se adaptem às mudanças do marco regulatório e no ambiente de concorrência. Foi, inclusive, um pedido feito pelas companhias ; revela Dalcolmo ;, embora elas tenham condições de prosperar nessas novas condições. A prova disso está nos números mostrados a seguir, na segunda parte da entrevista ao Correio.

Para saber mais sobre os acordos de open skies e outros assinados pelo Brasil, acesse o site http://www2.anac.gov.br/anac/sri/acordosBilaterais.asp, que detalha os termos de cada um dos ajustes firmados entre a agência reguladora e os governos estrangeiros.

As companhias brasileiras têm fôlego para conquistar mercados novos? Ou as capacidades abertas pelos acordos de open skies devem ser preenchidas mais rapidamente pelas companhias estrangeiras?

As companhias brasileiras vêm demonstrando um vigor bastante grande no transporte aéreo internacional. E aí é interessante fazer uma divisão entre o que nós consideramos mercado regional e de longo curso.

No primeiro deles, 64% de todo o tráfego aéreo é feito em asas brasileiras. No que diz respeito aos mercados de longo curso ; especialmente Estados Unidos e União Europeia ;, a TAM, que é a única operadora brasileira nesses mercados, é, nos dois, a segunda maior transportadora. E está muito perto da principal transportadora. No mercado dos Estados Unidos, está muito próxima da American ; que é a principal empresa. A American hoje tem 32%, e a TAM, 30%. E, no caso da União Europeia, a TAP é a principal operadora, com 31%, e a TAM vem em seguida, com 24%.

Essas são condições de mercado criadas em um processo de flexibilização dos acordos, ou seja, com um nível de concorrência bastante grande. As empresas brasileiras estão plenamente cientes de que a liberalização dos acordos de serviços aéreos é uma tendência que já foi completamente implementada nos anos 1990 nos principais mercados mundiais. O que nós estamos fazendo é só ajustar o mercado brasileiro a essas novas necessidades e tendências. O mercado americano, por exemplo, é denso e complexo. Então, não pode ser tomado como um conjunto apenas.

Se nós avaliarmos as rotas com destino a Miami ou a Nova York ; duas das principais que ligam o Brasil não só aos EUA, mas ao mundo ;, a participação da TAM é inclusive mais expressiva. Na rota para Miami, a American tem o primeiro posto, com 47%, mas a TAM carrega 43% de todo o tráfego nos voos com destino a essa cidade. Mais impressionante é o desempenho no percurso Nova York: a TAM é a líder de mercado, com 52%; a American é a segunda, com 26%.

As brasileiras têm capacidade de concorrer e foi permitido um espaço de adaptação em prol da reorganização de malha, de frota, das rotas. Esse foi, inclusive, um pedido por parte delas para que houvesse uma progressividade e que não se fizesse um open skies imediato.

Já existe algum novo ajuste do tipo sendo costurado? Ou, por enquanto, esses acordos são o suficiente para a estrutura que temos agora?

O Brasil hoje tem 82 acordos bilaterais. Nós, no ano passado, aumentamos esse número em mais de 10% e a Anac ainda tem um número a ser negociado. Nos últimos dois anos, a agência renegociou 42 desses acordos. Dos 82, apenas 20 são no modelo open skies e têm liberdade completa em termos de acesso a mercados. Existe ainda um grande trabalho a ser feito. Mas que fique claro que os principais mercados foram flexibilizados: Estados Unidos e União Europeia. Com isso, grandes benefícios devem ser obtidos pelos passageiros nos próximos anos.

Um mercado que é fundamental para o turismo brasileiro é o Brasil ; Argentina. A agência vem tentando uma renegociação nos últimos anos, mas isso não vem sendo possível pelas dificuldades financeiras e operacionais que a Aerolineas Argentinas passou nos últimos anos. No entanto, há a expectativa e uma sinalização de que nós consigamos a renegociação em 2011. Nós gostaríamos muito que fosse um acordo open sky, mas depende do governo argentino.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação