Turismo

Colônia do Sacramento guarda na arquitetura traços portugueses e espanhóis

Eliane Moreira, Especial para o Correio
postado em 27/07/2011 14:07
Estrategicamente localizada às margens do Rio da Prata, Colônia do Sacramento, no Uruguai, já foi alvo de disputa entre nações. Espanha e Portugal revezaram-se no comando da cidade ; fundada pelos lusitanos em 1680 ;, em conflitos que só terminariam definitivamente um século depois, em 1777, quando os hispânicos finalmente a incorporaram ao seu domínio.

O conflito foi bom para Colônia. Do período de ocupação pelos dois povos, a cidade herdou ruas de pedra, casas de barro, fortificações, (quase) tudo muito bem preservado. Hoje, quem invade a cidade são os turistas. Distante 177km da capital uruguaia, e a apenas uma hora de barco da Argentina, Colônia vem se mostrando uma ótima opção de passeio bate-volta para quem viaja a Montevidéu ou a Buenos Aires.

Mas o charme e a gastronomia dessa cidade valem ao menos uma noite para quem tem mais tempo de folga. A rede hoteleira conta com opções variadas, de albergues a hotéis cinco estrelas. E a imensa riqueza histórica e arquitetônica rendeu a Colônia o título de patrimônio da humanidade, declarado pela Unesco em 1995.

O centro histórico concentra a maior parte das atrações. Por isso, assim que deixar um dos barcos vindos de Buenos Aires, não se renda às dezenas de vendedores oferecendo aluguel de todo tipo de veículo. A melhor forma de conhecer Colônia é caminhando, explorando cada praça e viela de sua parte mais antiga.

Muralha
Erguido à época da colonização portuguesa, o Portón de Campo dá boas-vindas aos visitantes no centro histórico. Inaugurado em 1745, servia de porta de entrada à cidade muralhada. Mantém pilares de pedra, muros e ponte conservados por restaurações.

Infelizmente, da Capela e do Convento de São Francisco só sobraram ruínas ; nem por isso menos importantes, por serem essas as edificações mais antigas de Colônia (a construção data de 1683). Após um incêndio destruir o convento, foi erguido um farol no lugar, de onde hoje os turistas têm uma vista panorâmica de toda a cidade.

Também de grande valor histórico, a Basílica do Santíssimo Sacramento, igreja matriz de Colônia, é a mais antiga do Uruguai. A obra começou em 1695, embora tenha sido reconstruída tantas vezes que perdeu muito de suas características originais.

Para dar conta de tanta história, os museus de Colônia mantêm acervos com peças originais e réplicas do período colonial. O Museu Espanhol narra o período do domínio hispânico. Já o Museu Casa Nacarello, ao lado do Museu Municipal, representa uma típica casa portuguesa da época da fundação da cidade. Há até um museu indígena, com objetos pertencentes às tribos que habitavam a região.

Para visitá-los, basta adquirir um ingresso único, que dá acesso a todos os museus, e escolher aqueles que interessarem. Ele pode ser comprado na porta desses locais.

Lampiões
Quem anda pelas ruas de Colônia tem a impressão de ter entrado em um túnel do tempo. Carros antigos, porém conservados, ainda circulam pelas ruas. Lampiões substituem postes. Casas de pedra e barro resistem à arquitetura moderna.

Especialmente na estreita Calle de los Suspiros, ou Rua dos Suspiros, em bom português. A rua, endereço atual de lojinhas e ateliês, é uma das poucas que mantêm o calçamento original e um dos cartões-postais mais famosos de Colônia. Há várias teorias sobre seu nome. Uma delas conta que os suspiros eram dos condenados à forca, executados ali.

Outra versão, mais ousada, diz que o lugar era refúgio de prostitutas, que suspiravam ao exercerem seu ofício com os marinheiros que aportavam na cidade, sedentos por diversão. Certeza mesmo, só se pode ter dos suspiros ouvidos hoje: são os turistas, admirados com a beleza de Colônia.

Se durante o período de ocupação estrangeira Colônia era invadida pelas antigas naus portuguesas e espanholas, hoje iates e barcos esportivos atracam aos portos da cidade. Em algumas épocas do ano, os píeres têm sua capacidade ultrapassada. Também pudera: dos portos se vê o por do sol mais bonito da cidade.

Delícias
Tapas, mariscos, paellas, pescados, parrilladas. As culinárias do Uruguai e do mundo estão presentes em Colônia. E o que não faltam são agradáveis restaurantes para degustá-las.

Um dos mais disputados pelos turistas é o excêntrico El Drugstore (Calle Vasconcellos, 179). Quadros e paredes coloridas, boa música e um cozinheiro que prepara os pratos na frente dos clientes fazem deste restaurante uma parada obrigatória, nem que seja só para fotos. Do lado de fora, além de mesas ao ar livre, pode-se fazer as refeições dentro de um carro antigo, adaptado para esse fim.

Além dos restaurantes que oferecem a comida típica do Uruguai, há também tradicionais pizzarias e casas de massa. Seja qual for a escolha, vale lembrar que o país produz vinhos de qualidade e as excelentes cervejas Patrícia e Norteña.

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