Turismo

Quente como uma coberta: entre arte, cervejas e esportes

Muitos artistas locais são estimulados a trabalhar em Detroit, aquecendo o mercado de galerias. Pubs tradicionais servem cervejas artesanais. Para quem curte beisebol, essa é a terra dos Tigers

Marcus Celestino
postado em 26/02/2015 17:25
Muitos artistas locais são estimulados a trabalhar em Detroit, aquecendo o mercado de galerias. Pubs  tradicionais servem cervejas artesanais. Para quem curte beisebol, essa é a terra dos Tigers
Desbravar Detroit é uma missão para os fortes, para os que suportam o frio do ;Grande Norte;. Sinto-me como um Irmão da Patrulha da Noite, protegendo a muralha nas Crônicas de gelo e fogo, de George RR. Martin, perambulando pelas ruas. E é uma sensação ótima. Caminhar às margens do rio que dá nome à cidade (conector entre os lagos Saint Clair, o Oeste, e Erie, a Leste), o Detroit River, é apreciar uma vista espetacular do Canadá (para entrar no país deve-se pagar uma taxa de US$ 100 para o visto provisório), que está logo à frente. Aliás, é só atravessar os 2,3kmda Ambassador Bridge e chegar a Windsor, conhecida pela alcunha de Cidade das Rosas, localizada mais ao sul do território canadense.

Se não quiser aproveitar a vista ; e chegar um pouco mais rápido ;, há a opção de atravessar a fronteira pelo Detroit-Windsor Tunnel. Um dos maiores cassinos da terra de Terrance and Phillip ; personagens de South park, icônica e polêmica série criada por Trey Parker e Matt Stone ; está no município e enverga um nome tradicionalíssimo. O Caesars Windsor atrai muitos detroitianos cansados de gastar um dinheirinho no igualmente luxuoso MotorCity Casino Hotel, ou seja, se você é um jogador, meu amigo, terá opções.

Fãs dos Red Wings lotam o estádio de beisebol e promovem os tailgates, churrascões a céu aberto
Arte bruta
Além da jogatina, dos carangos e da música, Detroit tem bem mais. Muitos artistas locais são encorajados a trabalharem na cidade e região. São pintores, escultores e grafiteiros diversos que espalham sua arte pela capital e adjacências. A Grand River Avenue, por exemplo, tornou-se uma galeria a céu aberto, com grafites espalhados por várias edificações, abandonadas ou não. O tema das obras geralmente remete à cidade ou ao estado de Michigan e há certa resistência com relação a artistas advindos de outras cidades.

Ainda há um movimento com a abertura de espaços específicos para as artes. A Re:View, galeria voltada para obras contemporâneas, é comandada pela brasileira Simone de Sousa e é dos destinos mais quentes na gélida Motown quando tratamos dos trending topics na seara artística. O espaço de Simone fica no Cultural Center da cidade, em Midtown, e inúmeros artistas, locais ou não, expõem por lá. Os valores das obras variam, mas para quem gosta de gastar umas patacas numa peça moderna, mais descolada, é uma excelente opção.

Natural de Brasília, Simone mora em Detroit desde 1998 e vivenciou as fases dourada, decadente e, agora, de reconstrução da cidade. ;Achei que Detroit nunca teria um ;come back;, mas felizmente vemos muita gente vindo para cá nesses dias. Os irmãos Campana (designers brasileiros mundialmente conhecidos) estão querendo abrir alguma coisa aqui também;, destaca a empreendedora.

A brasiliense Simone de Sousa abriu uma galeria de arte contemporânea e espera crescer
Tamanha proximidade com o Canadá francês faz com que inúmeros logradouros de Detroit carreguem um nome nada americanizado. Belle Isle, por exemplo, é um deles. A belíssima ilha-parque é uma opção interessantíssima para ótimas caminhadas e piqueniques no verão. No inverno, porém, considero a experiência bem mais divertida.

O visitante pode fazer uma caminhada tal qual na estação mais ensolarada, especialmente pertinho do Livingstone Lightouse. Todavia, o ski cross country é muito mais bacana de ser praticado e você se esquece completamente de que está numa metrópole, e passa a achar que encontra-se em algum ponto da Europa desafiando (e apreciando) a natureza. Ainda há um zoológico com enfoque no ecossistema dos Grandes Lagos, um santuário de pássaros, o lindíssimo Aquarium, e o Great Lakes Museum. Belle Isle, de fato, é belíssima e vale a pena.

Os esportes e a noite
A arena da equipe de futebol americano da cidade é bem interessante e localiza-se em frente ao campo dos Tigers, o time de baseball que representa a Motown. Destaque para os ;tailgates;, churrascões em frente ao Ford Field nos dias de jogos dos tigres. Além disso, caso seja um aficionado por hóquei, os tradicionais Red Wings atuam na Joe Louis Arena. A casa dos igualmente tradicionalíssimos Pistons, a realeza do basquete detroitiano, fica um pouco mais longe, em Auburn Hills. No Lakes Crossing Outlets, repleto de lojas de alta estirpe e com preços definitivamente ;camaradas;.

Apesar da temperatura baixa, nos bares a diversão e o calor são garantidos - porém fecham às 2h
Para completar, o inverno da Motown oferece-lhe gama generosa de bares e pubs para se apreciar uma boa cerveja e bater um bom papo. Vale a pena alugar um carro e ir até a cidade, que fica a cerca de meia hora da capital. No meio do caminho você pode parar para umas comprinhas no Great The Old Shillelagh, na Monroe Avenue, em Greektown uma das mais tradicionais casas da cidade. Em Downtown, há o The Anchor Bar e o Grand Trunk. Agora, se sua cervejinha predileta é uma boa artesanal, vá ao Motor City Brewing Works, em Midtown. Lá nasceu uma das melhores artesanais dos Estados Unidos, a Ghettoblaster.

Todos esses ótimos estabelecimentos, assim como outros espalhados pela cidade, só têm um pequeno porém: fecham em torno das 2h. Tudo bem, sem problemas. Compre umas ;brejas;, leve para o hotel, coloque aquele R e mantenha Motown em sua mente. Ela pode ser fria, mas é quente como uma boa coberta costurada pela vovó. Detroit é uma matriarca.


Quem leva
De Brasília, as melhores opções são os voos em parceria Gol e Delta, American Airlines ou American Airlines/ US Airways. Como não existe um voo direto para a Motown, conexões são realizadas em São Paulo e Miami. Em alguns casos, as aeronaves ainda fazem uma parada extra em Charlotte.

Onde ficar
; Detroit Marriot at the Renaissance Center ; 400 Renaissance Drive: Muito bem localizado, o suntuoso e gigantesco prédio multiuso da General Motors ainda propicia ao hóspede vista espetacular do Detroit River e do Canadá.

; Atheneum Suite Hotel ; 1000 Brush Street: Pertinho da agitada vida noturna de Greektown, com seus bares e locais para jogatina, o Atheneum ainda tem como trunfo estar próximo dos estádios das equipes desportivas da Motor City.

; MGM Grand Detroit Hotel ; 1777 3rd Street: Com traços de Vegas, o MGM Grand conta, além do cassino, com spa, bares, lounges e com a badaladíssima V Nightclub.

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