Turismo

Os alpes latinos e as opções de lazer em todas as estações do ano

Navegar na imensidão das águas glaciais dos 25 lagos, descobrir o calor de uma caminhada pelas montanhas ou deslizar nas trilhas de esqui são algumas das opções para quem quer conhecer a Cordilheira dos Andes

postado em 01/04/2015 19:40

A estrutura da cidade tem se modificado para oferecer aos turistas opções de divertimento e descanso tanto no frio do inverno quanto nas demais estações
Aos pés da Cordilheira dos Andes, São Carlos de Bariloche é chamada de Alpes do Hemisfério Sul. A cidade é famosa pelas pistas de esqui, chocolaterias e bistrôs, aos moldes da cadeia montanhosa no centro da Europa. A altitude e o clima temperado fazem com que a região, ao sul da Argentina, tenha forte temporada de inverno, de julho a outubro, com direito a uma espessa camada de neve nas ruas e nos picos.


No entanto, o turismo local tem se diversificado, nos últimos anos, e é possível conhecer as belezas da Patagônia Norte também no verão. Assim, o clima romântico dá espaço à aventura, em um convite a conhecer os pontos mais desafiadores da cidade, geralmente restritos aos esquiadores profissionais no inverno. Do solo ao céu, sobram motivos para se admirar com a beleza da amplidão.
O turista aproveita o clima ameno para conhecer pontos turísticos que surgem quando a neve descongela
A cidade fica a mil metros acima do nível do mar, mas é rica em recursos hídricos. A Bariloche do verão tem temperaturas amenas e sol intenso. De dia, a máxima chega a 25;C, mas as noites e as madrugadas nos fazem descobrir por que a cidade é comparada aos Alpes ; quando a noite cai, os termômetros chegam a marcar 7;C.


O ponto de partida para onde quer que se vá por lá é o Lago Nahuel Huapi. Formado pelo degelo das montanhas, ele tem 550km; de área e mais de 400m de profundidade. É o maior lago do mundo dentro de uma área de preservação, nesse caso, o Parque Nacional que lhe dá nome. Ao todo, são mais de 700 mil hectares de bosques, cerros e lagos. A água é apropriada ao consumo humano, mas a retirada é bastante controlada em razão de toda a região estar dentro do parque.
Além das delícias da Confeitaria Giratória, no pico do Cerro Otto, é possível ver a cidade em 360º sentado à mesa
Energia


A área de preservação foi criada em 1934, mais de três décadas depois do início da ocupação humana, a partir de 1902. A origem remota da população é o povo Mapuche, de que deriva também o nome da cidade. Bariloche significa, em uma tradução apenas aproximada da língua nativa, ;gente que come gente;. Antiga área de guerreiros, a expressão não designa canibalismo propriamente dito, mas o hábito que os povos vencedores tinham de absorver a cultura dos vencidos, como uma espécie de fagocitose.


Passados séculos das primeiras ocupações, parte da comunidade atual descende de alemães, que chegaram ao local a partir da 2; Guerra Mundial. À época, Juan Perón, então presidente da Argentina, estava interessado em investir em energia nuclear para ampliar a matriz da Argentina e, por isso, abriu as portas do país aos germanos, que tinham conhecimento amplo da tecnologia. Além de técnicos e físicos, essa parceria trouxe nazistas, que se esconderam da Justiça nas montanhas.


Três perguntas para
Prefeita de Bariloche, Maria Martini


Qual a importância do turista brasileiro para Bariloche?
Eles são os que mais visitam a cidade. A maioria ainda prefere a temporada de inverno, para conhecer a neve e brincar. Para se ter uma ideia, na temporada passada, recebemos 35 mil visitantes brasileiros. Ele vêm das grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, em famílias e em casais, porque Bariloche é tranquila e romântica. Estamos preparando, para este ano, uma programação intensa e que atenda a todos os públicos. Também pretendemos reforçar a campanha de divulgação para atrairmos mais brasileiros e que não venham só no inverno, mas durante todo o ano.


A atual situação econômica do Brasil não pode atrapalhar os planos?
Acreditamos que a crise da alta do dólar, no Brasil, é uma vantagem para nós. Uma vez que o turista vai preferir não gastar em moeda americana, nós ganhamos a preferência por causa da valorização do real em relação ao peso argentino. Além disso, em Bariloche há uma facilidade, que é o fato de o real ser amplamente aceito em nosso comércio. Por fim, Bariloche é um destino de curta duração, o que colabora para o turista que não tem férias no período de inverno e só dispõe de alguns dias para viajar. Uma semana é o tempo adequado para passar na cidade.


Quais os desafios de desenvolver o turismo em uma área de preservação, como o Parque Nacional Nahuel Huapi?
É realmente muito difícil conciliar a cidade que avança com a preservação dos parques. Por isso, temos uma legislação que estabele locais de preservação total, áreas intermediárias e áreas urbanas. Bariloche também tem um mapa de bosques para assegurar a conservação. Neles, a retirada de vegetação é extremamente controlada e, na maior parte dos casos, proibida. Temos também a questão da manutenção do Lago Nahuel Huapi. Em uma faixa de 15m, da linha d;água até a orla, é proibido construir e ocupar. Como as invasões são uma ameaça constante, temos uma fiscalização rígida para coibir esses atos. Por causa de todos esses dispositivos, não é risco para a natureza que o turismo cresça.

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