Turismo

Alegria para todos: na Jamaica, a realidade e a música se encontram

Conheça o lugar onde os visitantes têm a oportunidade de vivenciar algumas das músicas do rei do reggae

Daniel Camargos
postado em 21/08/2015 19:01

No final da costa há uma praia pública onde a população pode se divertir e praticar saltos. Em Kingston está o mausoléu de Bob Marley


Em uma feira de rua, um jamaicano vende bananas e outro bate, com força, a faca em um peixe para tirar as escamas. Perto dali, um carro rebaixado e com som altíssimo fundindo o dub com uma letra semelhante ao rap está estacionado em uma esquina do Centro de Mobay, como todos se referem a Montego Bay. A porta do carro está aberta e um rapaz de boné e lenço amarrado no pescoço anuncia a festa Hawaiian Dreams 5. As cenas são bem distintas da realidade ordeira dos resorts próximos e podem sugerir o caos aos turistas mais receosos. Mas é dessa confusão de som, cheiros, cores e guetos que brota o substrato da cultura jamaicana, responsável por um dos ritmos musicais mais admirados no planeta: o reggae.
Em Mobay, a maior parte das praias está restrita aos hóspedes dos resorts. Existem ainda praias privadas, como a Doctor Cave, cuja entrada custa US$ 6. Já no final da costa, próximo ao limite do aeroporto, há uma faixa de areia sem dono e sem preço. Um dos poucos espaços em que é possível observar famílias de jamaicanos se divertindo na natureza que lhes pertence.


Se Mobay, com 100 mil habitantes, é a capital turística do país, a capital de fato, Kingston, com um terço dos quase 3 milhões de habitantes, não tem apelo turístico, mas guarda a casa e estúdio do lendário Bob Marley, na Hope Road Kingston, 6. A entrada custa US$ 20 e é possível ver as dependências da casa, o jardim onde o rasta gostava de jogar futebol, a árvore em que ele se sentava ao pé para fumar maconha e até o quarto onde ele dormia, com a decoração simples e com motivos que remetem à cultura rastafári.


Rei do reggae

Kingston foi tomada por uma onda de violência há quatro anos. Conta ainda com marcas de tiros nas paredes do Centro. Quem deseja conhecer a favela de Trenchtown, onde Bob Marley cresceu e que é citada em várias canções, como No woman no cry, deve procurar por um taáxi e evitar o transporte público.
Bob Marley morreu aos 36 anos, em 1981. Se estivesse vivo, teria completado 70 anos em fevereiro. A memória e, principalmente, a música da lenda do reggae seguem vivas em todo o mundo. Em Nine Mile, no condado de Saint Ann, onde ele nasceu, está o mausoléu do músico.


Conheça o lugar onde os visitantes têm a oportunidade de vivenciar algumas das músicas do rei do reggae


As canções de Bob Marley são uma boa maneira de compreender o país. Ele cantou sobre o amor, a alegria, os problemas e a desigualdade da ilha. Pra quem segue de Montego Bay, o acesso até o mausoléu inclui uma estrada estreita e sinuosa. É totalmente desaconselhável alugar um carro e encarar a via ; com mão de direção inglesa ; por conta própria. Deve-se contratar um passeio saindo do hotel, com motoristas habituados ao frenesi das estradas locais. Pela operadora AM Star DMC, o passeio de um dia custa US$ 99 por pessoa e inclui também a ida, com as entradas, ao Dunns Rivers Fall. No mausoléu, o destaque é o quarto onde está a sepultura de Bob Marley. Em volta do túmulo, estão objetos pessoais do cantor e símbolos que remetem a suas canções e à religião rastafári. À porta do mausoléu, vários jamaicanos vendem cigarros prontos de maconha, e os guias informam que fotos e vídeos são proibidos.


Desde abril, a maconha está descriminalizada. Cada jamaicano pode portar 57 gramas da erva e plantar até cinco pés. Vale destacar que descriminalização é diferente de legalização (como ocorre apenas no Uruguai). O uso da erva é permitido com finalidade pessoal, medicinal e religiosa ; é sagrada para os rastas ;, mas o comércio é proibido.


História
Cristóvão Colombo aportou na ilha em 1494 e a reivindicou para a Espanha. A Jamaica era habitada pelos indígenas taínos, que a chamavam de Xaymaca ; terra dos mananciais. Em 1665, os ingleses assumiram o controle da ilha. Com o extermínio da população nativa, eles usaram a mão de obra escrava, proveniente da África, para tornar a Jamaica um dos principais exportadores de açúcar do mundo. A escravidão foi abolida em 1838. Hoje, o país é uma democracia parlamentarista, tendo como monarca a rainha Elizabeth II, mas quem comanda o país é o governador-geral, Patrick Allen. A primeira-ministra é Portia Simpson-Miller.


Dicas

A maneira mais rápida de viajar para Montego Bay é via Panamá, com a companhia Copa Airlines. Montego Bay tem o maior aeroporto da Jamaica, o Sangster International Airport, com conexões diárias com o Aeroporto Internacional de Tocumen (PTY), na Cidade do Panamá. A Delta Airlines voa para Montego Bay partindo de Atlanta e Nova York; já a United Airlines voa para Montego Bay saindo de Houston e Nova York. Em ambos os casos, o turista deve ter o visto norte-americano.

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