Turismo

Cidades como Bergen ganham espaço no coração dos brasileiros

Cresceu em 22% o número de visitantes que saem do Brasil em busca de uma experiência diferente, no país que é considerado um dos melhores do mundo em qualidade de vida

postado em 16/09/2015 20:28

Cresceu em 22% o número de visitantes que saem do Brasil em busca de uma experiência diferente, no país que é considerado um dos melhores do mundo em qualidade de vida
Bergen, porta de entrada para o fiorde Sognefjord, é uma grata surpresa norueguesa. ;Aquela pessoa que conversou com você no verão não irá nem lhe cumprimentar no inverno;, brinca Salvador Scofano, de 60 anos. Em busca de qualidade de vida, há 16 anos, ele trocou o Rio de Janeiro pela segunda maior cidade da Noruega. Guia turístico, ele conta que, quando as temperaturas estão altas, os noruegueses saem de casa, invadem as ruas e esbanjam sorrisos, o que não ocorre no inverno. É também na alta temporada que cerca de 2 milhões de turistas desembarcam no país, sendo que apenas 10% deles são brasileiros. ;Agora que o Brasil está descobrindo a Noruega.;

[SAIBAMAIS]De acordo com dados da Innovation Norway, a taxa de ocupação na rede hoteleira do país pelos brasileiros cresceu em 22,6%, quando comparado o período de janeiro a maio deste ano com o mesmo período de 2014. E, geralmente, os turistas do Brasil são aqueles que já viajaram por outros lugares europeus e querem se surpreender com algo que foge dos roteiros tradicionais. Bergen, cidade universitária com 250 mil habitantes, chega a receber 1 milhão de turistas na alta temporada. É recomendável fazer reserva em hotéis com, pelo menos, três meses de antecedência.

A grande atração dali é Bryggen, um quarteirão que fica bem ao lado do porto da cidade, e é repleto de casinhas coloridas que hoje integram a lista de patrimônios mundiais da Unesco. Mas é por entre as vielas que Bergen conta o seu passado. Com estruturas de madeiras, algumas até mesmo inclinadas, esses imóveis à beira do porto pertenceram à Liga Hanseática, aliança de cidades mercantis que estabeleceu monopólio comercial sobre quase todo o Norte da Europa e o Báltico, no século 14. ;Aqui é uma zona de aterro, e o solo cede 0,5 centímetro por ano. Na Idade Média, essa liga Hansiática de comerciantes alemães vendia peixes secos e sem sal, pescados pelos vikings, que os colocavam para secar ao ar livre. Com isso, os peixes perdiam cerca de 70% do peso e, como ficavam desidratados, podiam ser armazenados por vários meses. Foi aí que a Noruega cresceu economicamente;, conta o guia.

O Funicular Floibanen leva os turistas para passear no alto do Monte Floyen
Floyen
Por ali, os alemães permaneceram por 400 anos. E, até 1969, quando o petróleo ainda não tinha sido descoberto, o sonho dos jovens noruegueses era serem caçadores de baleias. Isso porque, na época, a atividade rendia muito dinheiro, e o óleo da baleia era usado como combustível. Atualmente, o país tem uma cota para a caça e é possível, inclusive, comer a carne do animal no mercado dos peixes, bem no Centro de Bergen, destino certo para um bom almoço à beira do porto. Depois dele, não deixe de ir ao Funicular Floibanen, que leva o turista até o Monte Floyen, de onde dá para ver a cidade de forma panorâmica e única. O melhor é subir por volta das 18h, jantar no restaurante lá em cima e acompanhar o pôr do sol às 21h30 ao sabor de um bom vinho.

;Mesmo depois de o país enriquecer com a descoberta do petróleo, ele manteve seu perfil de estado social e educação de boa qualidade. O salário-mínimo é hoje algo em torno de 15 mil coroas norueguesas, ou R$ 7 mil, e quem o recebe tem assistência social do governo e não paga Imposto de Renda. Um médico que ganha R$ 34 mil, por exemplo, paga 50% em imposto. Por isso, na nossa população, não tem a diferença de renda tão gritante como no Brasil e, além do mais, aqui as coisas são organizadas.;


Museu Alesund
Foi em 1904, que um grande incêndio destruiu a cidade em um período de 12 horas. A tragédia transformou em cinzas mais de 900 construções que eram feitas de madeira, e deixou cerca de 10 mil pessoas desabrigadas. Ela foi erguida dos escombros por um grupo de arquitetos e teve seu estilo arquitetônico influenciado pelo art nouveau. O trabalho durou três anos e hoje é patrimônio da Unesco com seus prédios pequenos e coloridos. A história é contada no Museu Alesund, que mostra como era a vida por lá, antes e depois do grande incêndio.

No país do bacalhau

Da cidade de Alesund, sai 95% do produto que chega às nossas mesas: tradição e sabor
Afinal, onde está o tão famoso bacalhau da Noruega? Por toda a parte. Mas é da cidade de Alesund que vêm 95% do pescado que chega ao Brasil. A cidade, marcada por um grande incêndio e erguida dos escombros, é a que mais reflete o modo de vida estreitamente ligado ao mar da Noruega. Foi da pesca que surgiu e se consolidou como o maior centro exportador de pescados e derivados de todo o país escandinavo. E, disso, a cidade, com os seus 45 mil habitantes, se orgulha.

A cidade fica a 45 minutos de avião de Oslo. E, além de oferecer deliciosos pratos de bacalhau, é uma montanha de surpresas para atrações incomuns. Uma delas é a Academia do Bacalhau que ensina o visitante a preparar o próprio bacalhau em diversas receitas. Geralmente, eles fazem uma apresentação sobre os diferentes tipos do peixe, e, depois, desafiam os turistas. A noite é divertida e o visual da academia, de frente para o mar, deixa a atividade ainda mais especial. Também é possível pescar o bacalhau no mar, durante passeios feitos por barcos que ficam no porto de Alesund. Outra visita que vale a pena é ao aquário da cidade, o Atlanterhavsparken, que está localizado em meio a trilhas, monumentos e pontos de pesca. Foi inaugurado em 1998, pelos reis da Noruega, e se tornou símbolo de conquista para a nação.

Para se ter uma ideia de como é toda a cidade, o ideal é chegar até o observatório de Aksla. Partindo do Centro, dá para subir os 418 degraus até o mirante, que permite uma vista privilegiada do alto. É possível ir de carro. Lá de cima, pode-se ver o fiorde Borgund. Vá até o restaurante Fjellstua, que fica dentro do prédio do mirante, e peça smorrebrod, o sanduíche aberto supertípico da Escandinávia, que pode ser com carne ou salmão. O importante é admirar a vista arrebatadora de lá de cima.

Dicas

Quando ir
A dica é visitar o país entre março e setembro, aproveitando a primavera e o verão noruegueses. Mas lembre-se: o que é calor para eles, pode ser frio para nós. Então, é sempre bom carregar roupas quentes, casacos e capas na mala já que, um dia ensolarado pode acabar em chuva na Noruega. E vice-versa. O verão começa do fim de junho e vai até o início de agosto, período em que são registradas as temperaturas mais altas, ; chegando a 30 graus, e os dias são longos e ensolarados. Ao Norte do país, o clima não é tão quente, muitas vezes, atinge uma máxima de 25 graus.

Wi-fi
Em pontos turísticos, nos trens e nos hotéis, há internet de graça.

Frozen
Arandelle, o reino congelado da animação Frozen, da Disney, foi inspirado na Noruega. Apesar de o filme ter sido baseado no conto A rainha de gelo, do dinamarquês Hans Christian Andersen ; o mesmo criador de A pequena sereia, foi na Noruega que os animadores se inspiraram para criar o universo em que vivem as irmãs Elsa e Anna. A jornada para buscar o mundo mágico do filme começa por Bergen, a segunda maior cidade da Noruega, no Sudoeste do país. As coloridas fachadas de madeira das casas foram a área que inspirou os animadores da Disney a criarem boa parte da arquitetura que aparece nas ruas do vilarejo de Arendelle.

Trolls
Os trolls marcam uma presença importante no folclore norueguês. Por causa de sua aparência assustadora, o que nos faz lembrar os duendes, gerações e gerações de crianças norueguesas cresceram temendo essas estranhas criaturas. Mas não significa que todos sejam maldosos. Os trolls são seres sobrenaturais, que vivem nas florestas, montanhas e cavernas, e em pequenas comunidades familiares. Eles têm uma boa habilidade para construir instrumentos de pedra e metal. No filme Frozen, eles são bonzinhos. Como há bonecos deles em todas as lojas de suvenir, é uma boa lembrança para levar. Os valores variam entre R$ 40 e R$ 200.

Prepare-se
A moeda usada é a coroa norueguesa (NOK), que está valendo mais do que o dobro do Real. E é melhor preparar o bolso: uma garrafa de água mineral custa em torno de 36 coroas norueguesas, algo em torno de R$ 18. Mas, como em outros países europeus, a água da torneira é potável. A dica é levar uma garrafinha para encher na própria torneira do hotel. Em geral, as coisas têm um preço mais alto para nós, brasileiros. E não adianta reclamar e nem tentar negociar. Um maço de cigarros ou uma cerveja, por exemplo, custam em torno de 70/80 coroas norueguesas. O melhor é trocar dólar ou euro ainda no aeroporto, já que, em muitos lugares, não são aceitas outras moedas.

Entrada no país
Todos os que viajam para a Noruega precisam de passaporte válido. Os brasileiros não precisam de visto, porém, a Noruega exige o seguro de saúde com validade para todo o período da viagem. O seguro vai garantir ao visitante a cobertura de tratamento médico se algo ocorrer durante a sua estadia por lá.

Idioma
O norueguês é o idioma oficial. Porém, a maioria dos habitantes fala inglês.

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