Turismo

Conheça cafés e restaurantes frequentados por grandes nomes da literatura

Muitos gigantes da literatura brasileira e da mundial, como o português Fernando Pessoa, faziam do restaurante uma espécie de escritório.

Geison Guedes - Especial para o Correio
postado em 08/11/2016 09:00

Muitos gigantes da literatura brasileira e da mundial, como o português Fernando Pessoa, faziam do restaurante uma espécie de escritório.

[SAIBAMAIS]

Entre os prazeres de viajar está a oportunidade de aproveitar o tempo para ler um bom livro. Para os amantes da literatura, uma boa dica para ir além do enredo e unir o útil ao agradável é programar um das refeições em um restaurante ou café que foi frequentado por grandes escritores, poetas, artistas em geral. Além de conhecer o local, é gostoso sentir o clima, viver a atmosfera, viajar na história. Geralmente é possível sentar à mesa e na mesma cadeira que grandes autores ocuparam. Quem sabe, fazer uma foto? O Turismo selecionou seis cidades que preservaram os locais preferidos desses gênios. Na próxima viagem, faça uma visita.

Martinho da Arcada, Lisboa ; Portugal

Muitos gigantes da literatura brasileira e da mundial, como o português Fernando Pessoa, faziam do restaurante uma espécie de escritório.

No Terreiro do Paço, na Praça do Comércio em Lisboa, o café abriu as portas em 1778, mas a inauguração oficial data de 7 de janeiro de 1782. A decoração é simples e o atendimento, sempre afetuoso, feito por funcionários com mais de 40 anos de casa. Ao longo de mais de dois séculos, diversas figuras frequentaram o Martinho. Uma delas se destacou: a de Fernando Pessoa. O poeta e escritor usava o restaurante para as tertúlias com os amigos e, principalmente, para escrever. Segundo contam os garçons, ele chegava cedo, almoçava, tomava um cafezinho e se deixava ficar até o sol cair, quando voltava para casa. Pessoa foi tão importante na história do Martinho da Arcada que a mesa que ele ocupava ganhou seu nome.
; Onde fica: Praça do Comércio 3, 1100-148, Lisboa

Le Procope, Paris ; França
O primeiro café literário do mundo nasceu na Paris de 1686. O Procope foi erguido numa antiga casa de banhos turca por um italiano radicado na capital francesa, onde funciona até hoje. Como fica próximo ao teatro Comédie-Française, virou o point de diversos artistas, jornalistas e intelectuais das mais variadas épocas. A importância do café é tão grande que Napoleão Bonaparte deixou o chapéu no local, como garantia de pagamento da conta por diversas vezes. Totalmente restaurada, a decoração é um dos destaques do Le Procope, que tem como lugar especial, no primeiro andar, a mesa que era ocupada por Voltaire, um dos maiores filósofos iluministas franceses do mundo. Além dele, Jean de La Fontaine, Rousseau, Balzac e Victor Hugo, entre outros, foram ilustres frequentadores.
; Onde fica: 13 Rue de l;Ancienne Comédie, 75006, Paris

Restaurante Botín, Madri ; Espanha

Muitos gigantes da literatura brasileira e da mundial, como o português Fernando Pessoa, faziam do restaurante uma espécie de escritório.

Na década de 1620, o chef francês Jean Botín se estabeleceu em Madri para trabalhar na corte. Em 1725, um sobrinho de Botín abriu uma pequena pousada, onde foi construído um forno a lenha que funciona até hoje. À época, os proprietários só poderiam aquecer o alimento que era levado pelos visitantes. Em 1987, o Guinness Book indica o Botín como o mais antigo restaurante do mundo. Sabe-se que um dos mais famosos artistas da Espanha, Goya, trabalhou ali como lavador de pratos. Além do pintor, era frequentado por intelectuais, entre eles o escritor americano Ernest Hemingway. Ele, inclusive, cita o local no livro Morte à tarde, lançado em 1932.
; Onde fica: Calle Cuchilleros, 17, 28005 Madri

Café Tortoni, Buenos Aires ; Argentina

Muitos gigantes da literatura brasileira e da mundial, como o português Fernando Pessoa, faziam do restaurante uma espécie de escritório.

As poucas informações sobre a inauguração do café apontam que, em 1858, um francês conhecido com Touan abriu um bar com o mesmo nome de um café em Paris, onde a elite cultural francesa se reunia. No fim do século 19, outro francês, Celestino Curutchet, comprou o local. Transformado em café, passou a ser frequentado por jornalistas, pintores, músicos e escritores argentinos que formavam o grupo Gente de Artes y Letras. Entre os clientes ilustres, Jorge Luis Borges, além de apreciar as iguarias da casa, ocupava o espaço para escrever. O Tortoni tem, numa mesa, a estátua do escritor ao lado do cantor Carlos Gardel e da escritora Alfonsina Storni.
; Onde fica: Av. de Mayo 825, 1084, Buenos Aires

Restaurante Colon, Salvador ; Bahia

Muitos gigantes da literatura brasileira e da mundial, como o português Fernando Pessoa, faziam do restaurante uma espécie de escritório.

Muito provavelmente, boa parte da inspiração do escritor Jorge Amado veio do restaurante Colon, ao descrever os pratos típicos da Bahia na sua obra. Inaugurado em 1914, o local, citado em O Sumiço da santa, de 1988, era o preferido de Amado ;[... ]O chefe de Danilo, o tabelião Wilson Guimarães Vieira, levava um grupo de convidados a um restaurante da Cidade Baixa, o Colon, onde se comia um mal-assado cujo o sabor oscilava entre o sublime e o divino;. Anos depois, o prato ganhou novo nome: filé mal-assado Jorge Amado, para homenagear o imortal. É uma carne curada no próprio molho por sete dias e servida com arroz e purê de batatas.
; Onde fica: Praça Condé dos Arcos, 3, Comércio, Salvador

Confeitaria Colombo ; Rio de Janeiro

Muitos gigantes da literatura brasileira e da mundial, como o português Fernando Pessoa, faziam do restaurante uma espécie de escritório.

Fundada por dois portugueses em 1894, a confeitaria homenageia o navegador Cristóvão Colombo. Hoje patrimônio cultural e artístico do Rio de Janeiro, mantém o estilo clássico ambientado na Belle Époque carioca. Como as casas francesas, a Colombo tem uma enorme lista de ilustres frequentadores. Escritores, artistas, músicos e políticos, a nata da elite cultural da cidade se reunia na confeitaria, como Olavo Bilac, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga e Machado de Assis.
; Onde fica: Rua Gonçalves Dias, 32, Centro, Rio de Janeiro

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